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Wiliana Maiara



NOVAS ABORDAGENS PARA O ENSINO DE HISTÓRIA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS
Wiliana Maiara do Nascimento
UFRN

Introdução
Quando tratamos do Ensino de História num contexto geral, sabemos que estamos debatendo de um assunto bem complexo. Focando principalmente no contexto brasileiro indaga-se sobre o que ensinar em uma sociedade que frequentemente passa por mudanças culturais na qual existem valores e percepções sociais diferentes. Estes são motivos pelos quais não existe um consenso entre os historiadores para a organização permanente de um currículo. A história que se escreve nos dias atuais, relaciona-se com o contexto cultural-social em que foi produzida. Desta forma o historiador dialoga com o mundo em que vive, com problemas e desafios e esse diálogo será o fator que influenciará a forma de como ele irá reconstruir e interpretar o passado.
O conhecimento histórico é perspectivista, pois ele também é histórico e o lugar ocupado pelo historiador também se altera ao longo do tempo. Nem sempre se faz a história do mesmo jeito, e ela serviu a diferentes funções no decorrer do tempo. O historiador não pode escamotear o lugar histórico e social de onde fala, e o lugar institucional onde o saber histórico se produz. (ALBUQUERQUE, 2007, p.61).
A maneira de ensinar atualmente levando em consideração as várias mudanças ocorridas nos campos econômicos, políticos e sociais desde fins do século XX comandados por linhas de pesquisas universitárias atentam para o desafio em especifico da História sobre a adoção de uma nova linha prática educativa em seu ensino baseada na ideia de que os sujeitos não são agentes passivos, mas sujeitos, críticos e auto reflexivos entendendo que atuam de maneira ativa na produção do conhecimento histórico. Problematizar de ambas as partes (professor/aluno) se faz necessário, pois estabelece um diálogo teórico entre o presente e o passado e não reproduz conhecimentos equivocados sobre fatos que ocorreram em outras sociedades e em outras épocas. É importante o professor saber que:
quanto mais o aluno sentir a história como algo próximo dele, mais terá vontade de interagir com ela, não como uma coisa externa, distante, mas como uma prática que ele se sentirá qualificado e inclinado a exercer. (KARNAL, 2008, p. 28).
Com isso a contestação de novas contribuições de novos modelos didáticos-metodológicos para o ensino de Ensino de História vem tomando proporções cada vez maiores tendo em vista a possibilidade de mudar o cenário pelo desinteresse da área, partindo atrás de uma renovação através das transformações que toda a sociedade vem passando com a disseminação da globalização das telecomunicações, na qual está conquistado dados e informações que precisem ser transformados em conhecimento com a ajuda e auxilio  sobretudo do sistema educacional em geral.

O ensino de história e escolhas metodológicas
Nos dias atuais faz-se necessário sempre renovar quaisquer que sejam as metodologias de ensino, enfocando uma qualidade de ensino que ajude na formação intelectual do aluno de modo que se possa alcançar e ampliar capacidades de observar, descrever, identificar semelhanças e diferenças entre acontecimentos atuais e mais distantes no tempo. Repensar o Ensino de História propõe analisar novas metodologias de ensino que enfoquem a pratica social do dia a dia da instituição educativa. Deste modo, a organização de uma boa aula, o relacionamento de ambos os professores, sistemas que avaliam o aluno por completo se tornam uma forma metodológica de ensino que possivelmente será repensada sempre para dinamizar a ação docente deixando de lado o papel do professor visto como um mero reprodutor do que tem em suas mãos, dando qualidade ao que se produz.
É imprescindível, portanto, que as escolhas metodológicas do professor de história possibilitem mudanças, nas quais possam oxigenar o ensino de história dando aos seus alunos melhor entendimento e ações que possibilitem desenvolver uma melhor compreensão do mundo em que se vive, atentando para disseminação da cidadania e compreensão das relações novas de trabalho refletindo sempre na produção do conhecimento histórico.

A história e as novas tecnologias da informação e comunicação
As Novas Tecnologias da Informação e Comunicação – NTIC’s desde as mais tradicionais como o jornal, até as mais recentes como a internet voltou-se para o mundo educacional com o objetivo de enriquecer e ampliar a veiculação de informações estimulando o aluno no processo de ensino-aprendizagem. Nesse contexto,
Tudo é educativo. Todos educam. A sociedade é uma grande agencia "educadora.” A partir destes pressupostos e em nome do espírito educativo de cada um, a educação escolar vê-se invadida por milhões de mestres educadores, planejadores educacionais, instrumentos pedagógicos e linguagens computacionais com propostas educativas. Por isso é primordial que a sociedade participe dos debates sobre informática aplicada à educação. (ALMEIDA, 2012, p. 73).
No caso das NTIC’s aplicadas no Ensino de História, observa-se que novos caminhos se abrem, pois, elas possibilitam que os alunos saiam da “mesmice” de quase sempre as aulas estarem voltadas ao uso de materiais impressos, podendo desenvolver junto a elas habilidades no envio e ou recebimento de atividades eletrônicas, pesquisas de materiais complementares, filmes, documentários que dinamizam ainda mais a aula. Por fim, da parte vista do professor as NTIC’s auxiliam no momento que este professor responde a atividade realizando o famoso “feedback” que muitas vezes por inúmeras razões não acontece no ambiente físico da sala de aula ou percebe o interesse do aluno por outros tipos de materiais.

Considerações finais
O preciso pensar num Ensino de História que de qualquer maneira seja construído e não reproduzido. É preciso abolir o ensino baseado na memorização e estimular os alunos a se tornarem críticos e ativos é essencial e só será possível com um Ensino de História prazeroso que faça sentido para o desenvolvimento de ambos.
Compreende-se enfim, que o Ensino de História não parte de uma construção individual, mas composta por sujeitos que constroem sentidos e que precisam se sentir inseridos dentro de um processo histórico, é preciso que o professor assuma um papel instigador e faça a diferença, que deem vez às vozes que foram sufocadas, as experiências das pessoas que foram consideradas inválidas durante certo período histórico deletando a chance   de haver um ensino alicerçado no tradicional, mas que se expanda um sistema de ensino, no seu processo pedagógico, que leve em conta mais ‘o interesse’ do educandos e a partir dai dar ao aluno condições de participar do processo do fazer, do construir a História. É nesse sentido que se propõe uma prática reflexiva sobre o Ensino de História, na qual devemos ter em mente que estamos inseridos num processo de globalização que se volta para o objetivo de uma educação que seja produtora, que satisfaça as expectativas de uma sociedade cada vez mais consumista pronta a obter os melhores.

Referências
KARNAL, Leandro. História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2008.
ALBUQUERQUE Junior, Durval Muniz de. História: a arte de inventar o passado, Bauru, SP: Udusc,2007.

ALMEIDA, Fernando Jose de. Educação e informática: os computadores na escola, 5. Ed., São Paulo, Cortez 2012.

8 comentários:

  1. LUIZ CARLOS COUTO MOTTA3 de abril de 2017 às 11:50

    Wiliana no seu texto, dica-se de passagem gostei muito, NOVAS ABORDAGENS PARA O ENSINO DE HISTÓRIA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS tratou de uma temática corrente no meio acadêmico - O ensino de História nas escolas.
    Na tua opinião o uso de documento oficiais em pesquisas na sala de aula que efeitos teriam aos alunos ? E de que maneira o professor poderia explorar esta fonte ?

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    1. Saudações Luiz Carlos!
      No caso especifico do uso de documentos oficiais em pesquisas em sala de aula, acredito que se conseguido este tipo de fonte para uma aula sobretudo para educação básica para desde já despertar o "gosto" dos alunos pela História, tendo em vista a dificuldade de se conseguir um, só traria benefícios para os alunos no sentido de:
      1º Ir além do livro didático deixando a aula mais dinâmica e atrativa;
      2º Dar a fonte oficial lugar central, permitindo o aluno compreender a dimensão construtiva do saber histórico;
      3º Despertar o aluno para pesquisas;
      A primórdio o professor poderia pedir para que os alunos analisem as fontes históricas como um historiador profissional, propondo assim uma aproximação com o trabalho do profissional para aguçar sua curiosidade, criatividade e capacidade de reflexão e análise.

      Att,
      Wiliana Maiara do Nascimento

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  2. O texto suscita boas reflexões acerca da metodologia a ser abordada em sala de aula, sobretudo, porque a História sempre foi estigmatizada como uma disciplina decorativa e que portanto, não mereceria uma dedicação na aprendizagem, assim como Português e Matemática. Preocupa-nos a forma como o profissional de História deve se portar frente aos desafios da sala de aula. Na sua opinião, qual ou quais metodologias devem ser trabalhadas em sala para dinamizar as aulas e torna-las mais atrativas, desmistificando a ideia de disciplina decoreba, sobretudo, em tempos de Escola Sem Partido e Reforma do Ensino Médio que por seu caráter ideológico que visa a extinção da disciplina. Digo extinção, porque a partir do momento em que você tira da grade obrigatória e com a visão que muitos alunos têm hoje de estudar História para quê?, fatalmente cairá nos ostracismo, corroborando até na formação dos profissionais de História, pois sem alunos, não há professor.

    Aureanne Silva de Oliveira

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    1. Olá Aureanne!
      Desde já é necessário repensar de imediato formas de ministrar as aulas, pois a qualidade de ensino que os professores em geral desejam alcançar para com seus alunos só é conseguida quando o aluno entende e aproveita os temas mediados em sala de aula.
      O papel do professor no atual contexto escola é o de mediador do conhecimento. Eles (as) precisam estar atentos as metodologias criar oportunidades para que seus alunos pensem por si, para que aconteça a discussão das idéias,
      proporcionando momentos de rever idéias, desconstruir opinião e sobretudo de se tornarem Cidadãos. Pois nosso papel mais desafiador como historiadores quer queira ou não as pessoas que colocaram a Reforma do ensino médio em vigor e as que apoiam ela, será sempre formar cidadãos que pensem por si só, sejam críticos, o que parece incomodar muita gente.
      Diante mão, exemplifico alguma metodologias que possam ajudar:
      - Como sempre digo um dos maiores desafios não só para professores de História como um geral é conseguir realizar um trabalho atrativo, colaborativo em que os alunos possam sair da "mesmice" de uma aula inteira usando o livro didático. Dar valor a meios variados: filmes, atividades de campo, vestimentas do passado, entrevista, etc;
      - Manter diálogo com os alunos possibilitando o diagnóstico e orientação de suas ideais em vários momentos da aprendizagem;
      - Provocar debates para que eles exponham opiniões observando o diálogo entre eles;
      - Estimula-lós a buscarem soluções alternativas para um problema;
      - Incentivar a inclusão;
      - Analisar conhecimentos prévios;
      dentre outros mais.

      Att,
      Wiliana Maiara do Nascimento

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  3. Boa tarde Wiliana,
    Gostei muito do seu texto. Concordo que é necessário haver uma mudança nas práticas educativas, na utilização de diferentes fontes e de metodologias, especialmente no ensino da História. Mas gostaria de saber sua opinião sobre a grade curricular das graduações em História que não contemplam práticas de ensino mais atualizadas como as TIC’s, utilização de imagens e demais fontes no ensino da História. Porque esse desacordo entre a formação do professor e as necessidades/exigências que uma sala de aula solicita ao professor? Parabéns pela reflexão.
    Um abraço
    Cyanna Fochesatto.

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    1. Querida Cyanna,
      Primeiramente obrigada pelo elogio.
      Concordo com você quando pensamos que deveria haver sim maior destaque em grades curriculares a conteúdos ligados as TIC's por exemplo, pois como bons profissionais que nos tornaremos será de extrema importância sempre rever nossas metodologias a fim de alcançarmos objetivos profissionais e pessoais. Não sei no seu caso, porém no meu os professores tem essas preocupação de nos manter a par de questões voltadas a estes assuntos.
      Já em um caso que não contemple e os professores deixam um pouco de lado esse assunto, seria interessante os alunos proporem em uma disciplina voltada para educação ou até mesmo voltada para a História dependendo do caso, que se tratem assuntos referentes aos em questão. Também existe professores que muito estudaram o ensino tradicional e as novas práticas do ensino de história e estejam ansiosos por utilizar novo métodos e se vêem inseridos num contexto que a escola ainda prezar por somente utilizar o livro didático não lhe dando alternativas. Finalizo destacando que em uma sala de aula exige-se muito do professor, ele tem que assumir um papel significante no ensino/aprendizagem de seus alunos, deve buscar sempre metodologias que potencializem seu trabalho para assim colher bons frutos.

      Att,
      Wiliana Maiara do Nascimento

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