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REFLEXÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA
Nícollas Voss Reis
Prof. Esp. História e Geografia UNICESUMAR


Atualmente vivemos em uma sociedade cercada pelo que chamamos de “Tecnologias de Informação e Comunicação”, ou, simplesmente “TIC”. Notebooks, Celulares, Tablets, Smartphones, etc., são inúmeros os aparelhos que nos conectam diariamente com a rede mundial de computadores (internet). Nesse ponto, percebemos algumas dificuldades das instituições públicas de educação básica brasileira em acompanharem a velocidade dessas transformações socio-tecnológicas que ocorrem para além dos portões escolares. Nossos alunos estão imergidos nesse processo de avanços, e, ao que parece, muitos professores ainda tem dificuldade em utilizar as TIC como instrumento facilitador no processo de ensino-aprendizagem. A falta de treinamento oferecida aos profissionais de ensino pelos órgãos gestores torna a tecnologia para a grande maioria dos docentes algo complexo. 
A valia do estudo apresentado está em delinear caminhos para enfrentarmos as dificuldades encontradas na utilização das TIC em sala de aula. Acreditamos que tal ferramenta tornou-se, durante a ultima década, imprescindível no processo de ensino-aprendizagem pois nossos alunos convivem com as mesmas diariamente.
Convenhamos que desde os tempos mais primórdios os seres humanos buscam ferramentas e mecanismos para adaptar o meio ambiente em que vivemos propiciando sucessivas revoluções tecnológicas, que vêm facilitando o cotidiano de nossa espécie. Podemos citar vários exemplos desde da Pré-História, como o domínio do fogo e a invenção da roda, onde os humanos revolucionaram seu modo de viver provocando enormes mudanças nas estruturas sócio-culturais. Outros exemplos podem ser dimensionados como as revoluções agrícolas, industriais e tecnológicas ocorridas em séculos passados que facilitam nosso dia-a-dia, mas, o ponto que nos importa é: como essas  tecnologias atuais influenciam em nosso cotidiano?
Tal síntese esdrúxula não tem pretensão de equacionar ou minimizar o processo histórico das revoluções tecnológicas, apenas o utilizamos para entender como são importantes tais mudanças, já que, conforme Castells (2005, p. 17)  “a sociedade é que dá forma à tecnologia de acordo com suas necessidades, valores e interesses”, ou seja, vivemos hoje em uma sociedade da tecnologia e da informação estratificada em nosso cotidiano.
Atualmente o conjunto dessas ferramentas tecnológicas (via hardware ou software)  são denominados “TIC” e podem ser entendidos como “uma nova forma na organização da economia e da sociedade. Inovam as formas de relações sociais, ampliam nossa memória e garantem novas possibilidades de bem-estar”. (FERNANDES, 2012, p. 24).
Sendo assim, a integração das TIC nas escolas se torna “fundamental porque estas técnicas já estão presentes na vida de todas as crianças e adolescentes e funcionam (...) como agentes de socialização, concorrendo com a escola e a família.” (BÉVORT; BELLONI, 2009, p. 1084).
Portanto, acreditamos que tais tecnologias são essenciais para compor as ferramentas utilizadas por educadores em todos os níveis de ensino, quebrando alguns paradigmas escolares de décadas passadas, aproximando os alunos das escolas. Não podemos ser alheios as (r)evoluções sócio-tecnológicas, e, a escola não deve se prender em uma doma anacrônica onde os docentes vêem a tecnologia como inimiga, não como aliada.
Como dito, estamos vivenciando um processo de revolução tecnológica global “assim, o processo educacional e as mudanças sociais sofrem influências visíveis e tangíveis na construção e evolução da sociedade.” (SANTINELLO, 2013, p. 38). Ou seja, a educação está inerente a todo esse movimento.
Neste contexto, nossos alunos estão sendo bombardeados de informações pelas mídias digitais onde passam grande parte do tempo. Portanto, acredita-se que cabe ao professor atualizar-se e interar-se com os novos meios de comunicação, afim de aproximar e orientar os discentes sobre os conteúdos que circulam na rede. Miranda (2007, p. 45) afirma que “se o professor dominar estas novas ferramentas poderá apoiar os alunos a explorar as potencialidades destes novos sistemas”.
Contudo, ao que parece, o ensino de História ficou atrelado durante anos a uma prática considerada tradicional. Podemos observar conforme os estudos de Ferreira (1999, p. 140), que até o final da década de 1990, a disciplina de História nas escolas demonstrava-se atrasada quanto à utilização de TIC no processo de ensino-aprendizagem. “O ensino de História ainda é predominantemente factual, trabalhando com tendências narrativas e positivistas, tornando-se dessa forma, para os alunos um ensino desinteressante, confuso, anacrônico, burocratizado e repetitivo.”
Nesta conjuntura, Ferreira (1999, p. 146) explana que “neste sentido, é necessário, portanto, que os professores de História passem a compreender que os processos de inovação, derivados do emprego dos recursos tecnológicos, servirão para oxigenar a prática docente.” E é nesse ponto que devemos nos debruçar.
Sendo assim, diante de tais desafios apresentados, com quais ferramentas das TIC podemos nos amparar para despertar e aproximar nossos alunos do conteúdo programático de História?
Neste ponto, apontaremos brevemente algumas ferramentas que podem ser utilizados no processo de ensino-aprendizagem para enriquecer a interatividade entre professor, aluno e conteúdo.
Primeiramente para tornarmos as aulas mais interativas e quebrarmos com a prática do “quadro negro e giz”, faz-se necessário incorporar tais TIC no dia-a-dia escolar, sendo assim, aconselhamos a utilização de dois softwares interessantes para dinamizar os conteúdos, o PowerPoint e o Prezi.  O PowerPoint é uma ferramenta encontrada no pacote do Windows Office (Microsoft) e consiste basicamente em apresentações dinâmicas de slides podendo-se utilizar diferentes línguas de comunicação para a aplicação dos conteúdos como: sons, imagens, textos e vídeos que podem ser animados ao seu critério.
O Prezi tem sua versão gratuita disponível em www.prezi.com, e da mesma forma que o PowerPoint, disponibiliza de forma dinâmica ferramentas para apresentações de slides. Contudo, o Prezi é mais “moderno” e suas animações e zooms tornam-no mais atrativo aos jovens.
Com os conteúdos organizados em apresentações de slides animados precisamos de ferramentas interativas que possibilitem o armazenamento e compartilhamento de nossos arquivos em nuvens que podem ser acessadas de qualquer dispositivo com acesso a internet.
Para tal armazenamento em nuvens recomendamos a utilização de duas ferramentas gratuitas, o Dropbox e o Google Drive. O primeiro é uma ferramenta disponível no site www.dropbox.com, que após a criação de uma conta para acesso, em poucos minutos você poderá fazer upload de seus arquivos seguramente em uma nuvem e acessá-la de qualquer dispositivo com internet, deixando seus arquivos de aulas mais sincronizados com dispositivos móveis. O segundo funciona da mesma forma que o Dropbox (em arquivos de upload seguro em nuvens), mas necessita uma conta no Gmail (www.gmail.com). Após criar a conta, de forma bem simples e dinâmica, o Google Drive possibilita compartilhar suas pastas e arquivos com os alunos criando um espaço virtual de acesso aos conteúdos, ou seja, o aluno de seus dispositivo eletrônico, consegue acessar arquivos compartilhados em sua nuvem, como slides, imagens, músicas, filmes, etc. 
Conforme Ferreira (1999, p. 152) “A informática possibilita hoje (...) uma oportunidade de abrir novos caminhos para além da estrutura física de sala de aula convencional.” Nesse ponto, já imaginou em uma aula de Antiguidade do Egito fazer uma “tour” pelas pirâmides de Gizé sem sair da escola? Pois isso é possível!
O Google Earth é uma ferramenta gratuita que necessita de download (disponível em www.google.com/earth), e quebra as barreiras fronteiriças da educação. Sendo assim, professores e alunos podem viajar virtualmente para qualquer lugar do mundo e explorá-lo em 3D.
Outras formas de interação professores/alunos podem ser aprimoradas através de paginas da web como as redes sociais (facebook.com, twitter.com, youtube.com, blogs e etc.) que são bem mais populares do que as ferramentas já citadas, e são de fácil utilização e acesso gratuito.

Referências
BÉVORT, Evelyne; BELLONI, Maria Luiza. Mídia-educação: conceitos, histórico e perspectivas. CEDES, vol. 30, no. 109, Campinas: SP, UNICAMP, 2009. p. 1081-1102.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Editora Paz e Terra, 8ª edição, 2005.
FERREIRA, Carlos A. L. Ensino de História e a incorporação das novas Tecnologias da Informação e Comunicação: uma reflexão. Revista de História Regional vol. 4 (2), Ponta Grossa: PR, UEPG, 1999. p.139-157.
FERNANDES, Sidineia Caetano de Alcântara. As Tecnologias de Informação e Comunicação no ensino aprendizagem de história: possibilidades no ensino fundamental e médio. Dissertação de Mestrado. Universidade Católica Dom Bosco. Campo Grande: MS, 2012.
MIRANDA, Guilhermina Lobato. Limites e possibilidades das TIC na educação. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, no. 3, 2007. pp. 41-50.
SANTINELLO, Jaime. Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) aplicada a formação do gestor escolar. Guarapuava: PR, UNICENTRO, 2013.


4 comentários:

  1. Olá Nicolas,
    Parabéns pelo trabalho. Sem dúvida as TICs tem se tornado ferramentas importantes como aliadas do ensino, me parece, em todos os níveis. Mas fica a questão, que já foi levantada por diversos autores (como Gadotti, em 2000, ou Coll e Monereo, em 2011) de que abordagem de ensino essas tecnologias terão. Sabemos que a adoção das TICs mediada por uma metodologia tradicional só faz reforçar as práticas tradicionais e defasadas de ensino, enquanto uma abordagem inovadora depende da disponibilidade da parte dos atores envolvidos repensarem suas práticas (o que as TICs por si só não garantem). Então como resolver esse paradoxo? Como garantir a efetividade das TICs como ferramentas da inovação no ambiente de ensino, e não apenas de reprodução de velhas práticas?
    Abraço e bom debate.

    Israel da Silva Aquino
    Mestrado História - UFRGS

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  2. Interessante pensar nas TICs (ou TDICs: Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação) inseridas na Educação, na medida em que vivemos um contexto marcado pela Cultura Digital ou Sociedade da Informação, conforme Castells. Seria possível pensar nas TIC para além de seu uso como recurso? Como seria o desafio de colocar o estudante como protagonista/usuário/autor na relação ensino-aprendizagem?
    Vanessa Maria Rodrigues Viacava

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  3. Interessante pensar nas TICs (ou TDICs: Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação) inseridas na Educação, na medida em que vivemos um contexto marcado pela Cultura Digital ou Sociedade da Informação, conforme Castells. Seria possível pensar nas TIC para além de seu uso como recurso? Como seria o desafio de colocar o estudante como protagonista/usuário/autor na relação ensino-aprendizagem?
    Vanessa Maria Rodrigues Viacava

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  4. Olá, a utilização das tecnologias de informação e comunicação tornou-se, atualmente, uma questão fundamental e imprescindível no ensino de História. Contudo, sabemos que se elas não forem bem trabalhadas no cotidiano escolar, podem acabar se tornando apenas estratégias para preencher ausências de professores ou como recursos para tornar as aulas menos enfadonhas. Como você vê essa questão?

    Gabriela Alves Monteiro.

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