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Miss Lene Pereira

METODOLOGIA E PRÁTICAS: O PAPEL DO PROFESSOR NO ENSINO DE HISTÓRIA
Miss Lene Pereira da Costa
Prof. Esp. História e Geografia-INTA

Na sociedade atual a função social da escola é a formação dos indivíduos para o exercício da cidadania e a garantia de uma educação integral que comtemple o ser humano como um todo, neste sentido a prática pedagógica e o professor são essenciais na construção do conhecimento.
Ensinar história é perseguir metas e objetivos previamente definidos dentro do contexto educacional, é uma busca incansável pela quebra do paradigma do método tradicional do ensino da disciplina, é uma tarefa desafiadora frente a burocratização do ensino e da conjuntura social que se apresenta cotidianamente.  Enquanto ciência a história tem a função de inserir o indivíduo na sociedade, contribuindo para o desenvolvimento critico dos cidadãos de modo a serem protagonistas da transformação da realidade a qual vivencia, interagindo nos aspectos políticos, sociais e culturais do meio que o cerca. Nesse processo o professor é o principal elo de ligação entre os educandos e a construção do conhecimento e tem como missão primordial desconstruir o conceito de ciência decorativa ou de matéria decoreba que há muito tempo rotulam a disciplina de história. Para isso, se faz necessário a inserção de novas práticas metodológicas que além de despertar o interesse do aluno pela história, promova a construção do saber histórico.
Quando tratamos sobre o a disciplina de história as recordações das aulas enfadonhas, da memorização de datas e fatos históricos permeiam nossa mente e logo, surge a figura de um professor tradicionalista que adentra a sala de aula com atividades que quase sempre consistem em extensos resumos dos conteúdos abordados, sabe-se que essa metodologia não surte efeito no aprendizado, pois o aluno absorve o conteúdo num determinado momento e em  pouco tempo o substitui por outros assuntos, visto que, ele apenas decorou e não produziu, não  aprimorou o conhecimento e por muitas vezes sequer compreendeu o conteúdo. O Método tradicional é uma herança do século XIX quando se buscava construir a identidade cultural das nações baseadas na moral e no civismo, muito embora a inserção das novas metodologias ainda não seja utilizada por alguns educadores. Outro método adotado no século XX sobretudo, nas escolas brasileiras foi o Anarquismo que consiste no ensino de história através da supervalorização dos movimentos de classes, das lutas sociais em detrimento da história política pela qual os fatos ocorreram, a estratégia de ensino dessa modalidade tinha como base o estimulo a reflexão crítica.
A metodologia moderna de ensinar história tem como base as teorias cognitivas de Piaget e Vygotsky e a concepção de que no ensino de história é fundamental a análise dos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais por meio de diversas abordagens que facilitem a compreensão dos fatos. Sabe-se que o aluno só consegue aprender quando lhes é dada a oportunidade de estabelecer um relacionamento entre os fatos, um confronto entre os diferentes pontos de vistas e quando têm acesso a diversas fontes de pesquisas. Desse modo os alunos passarão a ter uma visão crítica e a percepção de que não existe uma história verdadeira e única. 
O ensino e a aprendizagem de História, se alicerçam no trabalho do professor, que deve ter o intuito de introduzir o aluno na leitura das diversas formas de informação, com a visão histórica dos fatos bem como dos agentes históricos. Neste sentido, o professor de História ocupa posição central na análise dessa conjuntura e na possibilidade de construir situações concretas de superação através da prática pedagógica por ele desenvolvida no interior do espaço escolar. 
[...] o professor de história, com sua maneira própria de ser, pensar, ser, agir e ensinar, transforma seu conjunto de complexos saberes em conhecimentos efetivamente ensináveis, faz com que o aluno não apenas compreenda, mas assimile, incorpore e reflita sobre esses ensinamentos de variadas formas. É uma reinvenção permanente (FONSECA, 2003, p. 71).
A interação entre o educando e educador nas aulas de história é essencial para o aprendizado e para a construção do saber histórico, Ribeiro (2016 ) concorda com essa ideia, no entanto defende como as aulas expositivas como método eficaz para o conhecimento histórico ,para ele “o bom ensino depende acima de tudo da arte  da palavra do professor .”(RIBEIRO, 2016, p.16 ).Nesta perspectiva  o método expositivo deve ser sempre a primeira atividade que o professor deve realizar para fazer uma predição do conteúdo com isso, os educandos vão formulando conceitos que serão expostos promovendo um diálogo entre ambos e além disso, esse exercício estimula a concentração dos alunos para as atividades subsequentes,  onde os alunos  estarão aptos e disposto para ler,escrever,responder questionários ou mesmo explorar uma fonte ou documento históricos.
A formação da consciência histórica deve inicialmente situar historicamente o indivíduo de modo a possibilitar a compreensão das transformações sociais e de sua dimensão individual e coletiva. O saber escolar deve articular-se com o saber histórico afim de provocar a reflexão crítica do aluno sobre as coisas, os acontecimentos e as relações sociais, situando-o na vida social e formando uma postura de cidadania, emancipação e libertação.
Os conceitos básicos para o desenvolvimento do raciocínio histórico consistem na construção das noções do tempo histórico, da ordenação cronológica e da simultaneidade nas relações sociais as quais intercaladas resultam numa melhor compreensão dos fatos. É fundamental considerar as reformulações do ensino da disciplina principalmente as ocorridas nos  últimos tempos com a inserção de novas fontes e com o advento da tecnologia .Do ponto de vista metodológico o ensino em todas as esferas escolares deve levar em consideração os conhecimentos prévios dos alunos sobre determinados conceitos e a partir dessas considerações acrescentar outros elementos e dados que fundamentem uma maior consistência e ampliação do conhecimento já existente .Os conhecimentos prévios que os alunos tem sobre os fatos históricos são saberes desconexos, fragmentados e muitas vezes vazios teoricamente,nesse caso a função do professor é oferecer condições necessárias para que o educando supere a visão fragmentada  e desconexa de uma determinada realidade e iniciem a construção do conhecimento sistematizado, a partir de leituras, discussões e análises da realidade em questão .
Outro ponto elementar no ensino da disciplina de História é cuidar para que os conteúdos estejam em conexão com as fontes utilizadas e não remetam os alunos ao anacronismo, ou seja, induza os educandos ao erro cronológico, percebendo nos documentos fatos e acontecimentos de outros períodos históricos aquém do conteúdo em questão, isso é muito comum tanto no campo histográfico quanto no pedagógico, na sala de aula é costumeiro quando o professor considera os conhecimentos prévios dos alunos sobre os conteúdos de história  algum aluno tecer comentários ou mesmo fazer indagações relativas a diferentes períodos que não estão em pauta no momento ainda assim, se professor estiver dotado de métodos pedagógicos  adequados pode transformar esses episódios em ricos momentos de aprendizados, uma vez que ,a partir dos comentários pode-se estabelecer um diálogo  que servirá como um premissa do conteúdo que irá ser inserido posteriormente.
Nestes termos as fontes e documentos históricos ocupam lugar de destaque no ensino o trabalho com as fontes traz consigo inúmeros benefícios tanto para o aprendizado em história quanto para a ruptura do paradigma da disciplina, no entanto é essencial que o professor esteja aberto a adesão a novas metodologias e esteja disposto a lidar com as novas perspectivas do conhecimento histórico. Conforme Fonseca (2008) a incorporação de ferramentas tais como cinema, TV, fotografias, publicações literárias e da imprensa ou mesmo as fontes orais tornam as aulas mais dinâmicas porque proporcionam o confronto e o debate entre diferentes visões e o aprofundamento do saber histórico. 
Em pleno século XXI onde os avanços tecnológicos são constantes e a grande maioria das unidades escolares dispõem de diversos recursos didáticos, é inadmissível um professor ministrar aulas da disciplina utilizando apenas o conteúdo exposto nos livros didáticos que por muitas vezes são vazios de explicações e a construção do conhecimento requer a compreensão do contexto histórico a qual os fatos aconteceram, outro ponto importante no ensino é a problematização dos acontecimentos os alunos precisam compreender quais as motivações, objetivos e o desfecho dos movimentos históricos .
As mudanças nos conceitos da disciplina emergem modificações enérgicas nas práticas pedagógicas desde a formação inicial do professor e prossiga durante o percurso da função docente. O ensino temático proposto pelos PCN’s requer sensibilidade, postura crítica, reflexão permanente da ação docente e do cotidiano escolar, pois a profissão docente exige acima de tudo humildade e altivez para rever saberes e práticas no sentido de estabelecer novos métodos e desse modo contribuir para formação da consciência histórica.

Referências Bibliográficas
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e métodos4ª Ed.São Paulo: Cortez editora,2005.
BRASIL,MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.Parâmetros Curriculares Nacionais: História e Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.65 p
FONSECA,Selva Guimarães.Didáticas e Práticas do Ensino de História: Experiências,Reflexões e Aprendizados. Campinas -SP:Papirus,2003.
______.Caminhos da História Ensinada.Campinas-SP: Papirus,1993.
RIBEIRO,Gabriel Mithá.O Ensino de História.[S.l]:Fundação Francisco Manuel dos Santos –FFMS,2016.

10 comentários:

  1. Boa noite, adorei esta parte: “, pois a profissão docente exige acima de tudo humildade e altivez para rever saberes e práticas no sentido de estabelecer novos métodos e desse modo contribuir para formação da consciência histórica.” Estou em fase de estagio, porém consigo observar o quanto a HUMILDADE é importante na questão da docência... se não consigo trazer o aluno para o meu mundo, preciso entrar no mundo dele, muitas vezes usando até mesmo da linguagem informal de alguns alunos para conseguir sua atenção, o uso de gírias e até mesmo palavrões ,pois pelo menos ao meu ver consegue garantir a concentração do aluno, em sua opinião estes tipos de formas de ensino são validas? ou seja, sair um pouco da questão formal e adentrar uma forma de ensino mais informal porém objetiva é algo certo a se fazer? Obrigado.
    Diógenes Ribeiro da Silva

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  2. Olá Diógenes o desafio de ensinar História nos dias atuais é imenso em virtude da nomenclatura de disciplina decoreba e de memorização de datas que se estabeleceu ao longo dos tempos acerca da disciplina de História e em decorrência da função que o ensino ocupa na sociedade atual que é a formação crítica/reflexiva dos educandos para que no futuro eles tornem-se cidadãos capazes de agir e interagir nas questões sociais desenvolvendo ações que provoquem mudanças na realidade social vivenciada,sair um pouco do ensino formal aderindo a informalidade é sem dúvida um modo eficaz de aprendizado principalmente quando se trata do ensino de História ,muitas vezes explicar um determinado conteúdo utilizando um acontecimento informal facilita a compreensão do fato histórico em sí ,o importante é que o professor estabeleça a conexão do exemplo informal com o conhecimento formal ,ou seja contextualize ,um método bastante proveitoso no ensino de História é explorar um conteúdo a partir da realidade do aluno ,pois assim os alunos sentem-se inseridos no processo de ensino e motivam-se a ir em busca de conhecimentos além dos adquiridos em sala de aula e é desse modo que deve se dá a construção do conhecimento histórico.O professor deve está atento para com seus procedimentos metodológicos,porém devemos ter consciência que nenhum método será capaz de abranger os alunos de maneira geral ,uma que lidamos que as salas de aulas são heterogêneas e não homogêneas,no entanto ao lídar com a indisciplina o professor deve buscar de todas as formas conseguir trazer o aluno para sí ,mesmo que para isso seja necessário adentrar no mundo dele ,muitas vezes o que o professor está ensinando não vai de encontro ao anseio do aluno e este para expor seu descontentamento fica disperso,inquieto chegando até a atrapalhar a aula ,essas atitudes as vezes é para chamar atenção do professor para a metodologia que está utilizando.Rever a metodologia adequando-a de modo a atender o maior número de aluno possível é uma dos pontos elementares no ensino e na questão da indisciplina uma tentativa viável é a aproximação professor/aluno de modo a construírem uma relação de amizade e assim facilitar o aprendizado.Obrigado pelas indagações.Espero ter respondido a contento.

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    1. sim, muito obrigado pela resposta, ajudou bastante professora, abraços. o/

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  3. Boa tarde, visando o desenvolvimento do raciocínio histórico, para além da utilização de outras fontes históricas em sala de aula, tais como as citadas no texto "cinema, TV, fotografias, publicações literárias e da imprensa ou mesmo as fontes orais", gostaria de saber a sua opinião sobre o papel do ensino de história em espaços não formais.
    Priscila Lopes d'Avila Borges

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  4. Priscila partindo do princípio que o aprendizado histórico não ocorre apenas nos espaços de educação formal e que os conteúdos históricos são resultantes das atividades humanas ao longo dos tempos os espaços não formais como por exemplo museus,prédios públicos entre outras fontes e objetos históricos são imprescindíveis para a aprendizagem em história ,pois estes conservam inúmeros traços da história da humanidade muitas vezes desconhecidos ,além disso o ensino da disciplina em espaços informais tem a função de proporcionar o aluno o contato com a realidade fazendo que ele sinta-se como sujeito do processo histórico e considerando que tudo é História e tudo tem História no ensino da disciplina o professor pode utilizar-se de diversos espaços que disponha de situações ,materiais ou objetos que possibilitem a contextualização dos conteúdos facilitando assim o trabalho docente bem como a aprendizagem dos alunos .O contato real proporcionado pelos espaços informais contribuem bastante para a formação critica/reflexiva e para a formulação do pensamento histórico.Obrigado pelos questionamentos.

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  5. Boa noite, adorei o texto, meu questionamento surgiu na seguinte parte: "ensino em todas as esferas escolares deve levar em consideração os conhecimentos prévios dos alunos sobre determinados conceitos e a partir dessas considerações acrescentar outros elementos e dados que fundamentem uma maior consistência e ampliação do conhecimento já existente ."
    Minha dúvida é como lidar com uma situação em que parte da turma ou toda ela não possui os conceitos ou conhecimentos prévios esperados sem que eles se sintam excluidos ou diminuídos?

    Andreza Lima de Oliveira

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    1. Andreza nesse caso é importante atentarmos para o fato de lidarmos com turmas heterogêneas ,no entanto com relação aos conhecimentos prévios muito embora nem todos os alunos tenham algum saber com relação ao conteúdo explorado é um elemento essencial a ser considerado ,pois a partir do que eles já sabem fica mais fácil você desenvolver seu plano de trabalho, com relação aos alunos que não tenham tido um contato prévio com o assunto ,para que você consiga inseri-los no debate é importante utilizar métodos pedagógicos acessíveis a esse público ,porém uma dos métodos que considero bastante eficaz nesse quesito é a contextualização .Exemplo :o aluno pode até não conhecer a história do Brasil mas certamente conhecerá algum aspecto presente na História do lugar onde habita que permita e possibilite adentrar a História do Brasil de modo que ele compreenda. Espero ter contruído para esclarecer seus questionamentos bem como para o exercício da sua profissão.
      Miss Lene Pereira da Costa

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    2. Andreza espero ter contribuído para esclarecer seus questionamentos ,bem como para o exercício da sua profissão.

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  6. Olá, Excelente texto! Gostaria de saber como trabalhar com alunos que passaram recentemente por colegas que tem conceitos ultrapassados e não se atualizam.

    Também gostaria de saber quais métodos poderia me recomendar pois já cheguei a usar a viagem a locais históricos da cidade e filmes, porém sinto que ainda falta algo.

    Obrigado pela atenção.
    Ass. Rodrigo Almeida Carvalho - Manaus/AM

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  7. MISS LENE PEREIRA DA COSTA7 de abril de 2017 às 12:46

    Rodrigo você tocou exatamente num ponto que eu estou vivenciando agora com turmas do 2º e 3º ano do Ensino Médio infelizmente os professores da disciplina de História dos anos anteriores utilizam o ensino tradicional e a única material didático utilizado é o livro do aluno
    ,fiquei estarrecida quando nos primeiros contatos com a turma falávamos sobre historigrafia e senti a necessidade de perguntar a turma o que eles entendiam por HISTORIOGRAFIA ,e mim veio a seguinte resposta: "professora é a junção de História com a Geografia",como agir diante de tal situação pois não poderia afirmar que estava errado o conceito pois minha ética profissional não permitia denegrir a imagem de um colega tendo em vistas que os aluno relataram que o professor que os acompanhou do 6º ao 9º ano havia passado esse
    conceito, o passo seguinte foi desfazer essa ideia deles então formulei um seminário sobre os tipos de paisagem presente no nosso município onde utilizei diversas imagens de prédios,construções antigas rochas ,pontos turisticos entre outros para a partir daí fazer a diferenciação escrita da História (historiografia) junção de história e Geografia (contextualização ).Outra situação complicada foi com relação aos métodos que mim propus usar no ensino os alunos tomaram um susto quando falei pra eles que queria que eles elaborassem um seminário sobre a Revolução Industrial ,pois não sabiam o que era um seminário,enfim são tantas as situações que nos deparamos na sala de aula fruto de um ensino retrógrado por parte de alguns colegas ,porém não podemos desistir temos que ser persistentes ,em dois meses de experiencia com as turmas citadas já percebo uma melhor aceitação das metodologias que utilizo e também melhoria na participação dos debates em sala e no aprendizado.Com relação ao seu questionamento o mais adequado é que você realize uma sondagem caso ainda não tenha realizado sobre o que os alunos gostam de fazer,suas necessidades ,seus anseios com relação a vivencia escolar para a partir de então você poder adequar seus métodos pedagógicos ,lembre-se o aluno aprende quando o que é ensinado vai de encontro com seus anseios. Agradeço pelos questionamentos e espero ter contribuído para sua experiencia profissional .

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