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Leyde Dayana

O USO DO TEATRO NAS AULAS DE HISTÓRIA: UMA PRÁXIS A SER DISCUTIDA
Leyde Dayana Athayde Silva de Lyra
UEPB

O presente trabalho versará sobre o uso do teatro nas aulas de História, para isso usaremos como arcabouço teórico as ideias de Japiassu, Magalhães, Amaral e Silva  que usam suas teorias com o intuito de modificar as construções metodológicas vigentes a fim de que o aluno consiga uma melhor interação entre a disciplina, a ação pedagógica e a escola, pois o rompimento do “classicismo” das aulas, estimulará o aluno a vivenciar de forma mais  ampla o processo de ensino aprendizagem, o que fará com que  se aumente os índices de interesse e melhoria no desempenho, visto que atualmente temos um ensino de história metódico no qual grande parte dos professores ainda encontram dificuldades em ampliar sua práxis dentro da construção da história.
Dessa forma o uso do teatro trará consigo  uma multiplicidade discursiva que não estará voltadas somente para a disciplina, mas sim para o seu cotidiano trazendo consigo a ludicidade como forma de aprendizagem, que automaticamente articulará toda a classe  e trazendo consigo uma quebra no regimento da aula, pois em cada aluno existe um ator pronto para quebrar o clássico e para trazer a tona, o uso do imaginário, a sensibilização da plateia, o drama, a construção entre a teoria e prática, tudo isso faz com o professor tente resgatar o eu interior de cada um quebrando um modelo estereotipado e inserindo assim uma nova práxis, na qual ele intercalará não só a História, mas a maioria das ciências humanas,fazendo assim que haja uma quebra do discurso “batido” de que a história “é a ciência do passado”, passando assim a fomentar o discurso das continuidades e permanências históricas.
Explorar o conhecimento do corpo através de movimentos variados estimula aimaginação transportando para outros mundos e possibilitando vivenciar outras experiências e realidades. Além disso, abordam outros conhecimentos que são relevantes para a vida pessoal e construção de cidadania, na encenação de uma peça de teatro o professor pode estar trabalhando assuntos como: higiene, alimentação, violência, sexualidade, valores morais e éticos. (SILVA, 2011, p.20)
Sendo assim o Teatro na sala valorizará não somente a relação aluno –professor, mas sim estimulará toda uma construção social por parte do aluno no seu ambiente fora da escola, desta forma a fala de Silva supracitada destaca a  importância de se construir um cidadão, pois a cidadania é a base de construção do processo educacional, assim ao integrar vários elementos o professor poderá intertextualizar o processo de ensino aprendizagem e amplificar o mesmo ao quebrar as barreiras da sala de aula e trazer para dentro dela, elementos modificadores além do conteúdo, pois ao desenvolver as competências e habilidades de cada aluno, o professor automaticamente o estará estimulando para uma construção de uma identidade social.
O teatro em si é uma expressão que existe desde os primórdios, mas que nunca foi levada em consideração como metodologia pela rigidez e pelo padrão existente de como se via o processo de educação, à partir dos anos 90, percebemos uma abertura no horizonte dos processos metodológicos, influenciado pelas ideias colocadas pela Escola dos Annales no qual tudo é história e que a mesma pode se desintegrar para ser construída, ou seja, a micro história, a inserção do pensamento da micro história trouxe consigo a ideia de ampliar as fontes históricas, dessa forma tanto o teatro, como música, o cinema, os cordéis, passaram a ser visto como fontes, mas não como metodologia, algo que está sendo modificado com o passar dos anos.
“É uma arte ambígua, está entre o ser o não-ser: entre o céu e a terra; entre homensmortais e as almas do seus antepassados; é fenomênico e ao mesmo tempo é energia divina; está entre a realidade e a fantasia. Essas contradições permeiam-se ao longo de sua história. No oriente ligado ao teatro sacro, é uma arte tradicional muito conceituada. No ocidente, mais ligado ao povo e à crença, é, talvez, por isso mesmo, considerado uma arte medíocre. (AMARAL, 1996, p.76)
Talvez pela suposta mediocridade é que o teatro demorou a ser visto como instrumento educacional, pois o mesmo ficou legado ao entretenimento, mas o teatro enquanto fonte de aprendizagem traz inúmeras possibilidades de se integrar, nesse sentido o professor deverá fazer um planejamento capaz de estimular o aluno a dar voz a sua vertente cênica e ao mesmo tempo integra-lo o conteúdo estudado, valorizando assim a escola.
As novas formas de ver o teatro na escola analisam a possibilidade de considerar as riquezas culturais, onde os envolvidos possam colocar seus conhecimentos prévios e também possam dar vazão aos sentimentos, emoções, reflexões e a imaginação  pois através do teatro todas as possiblidades são possíveis, todos os será que poderia ter sido diferente podem ser feitos, porque através do teatro temos uma mudança discursiva, que implica em conceitos bem historiográficos como : tempo, lugar e fatos, nesse sentido por ser uma arte de linguagem universal, o mesmo pode ser compreendida em qualquer lugar do mundo. linguagem universal, pode ser entendida em todos os lugares, de maneiras distintas e particulares, um momento de aprendizado físico, intelectual e psicológico, de forma que permita que o aluno compreenda e exerça dramatização como uma ponte que permite uma ligação significativa entre dentro e fora, fantasia e realidade, objetividade e subjetividade.
“desenvolve as condições básicas para que o aluno relacione a sua ação com a reflexão, seu sentimento com seupensamento, a teoria com a prática, a escola com a vida, por meio da experiência, da reflexão e da consequente transformação na busca do aprender a aprender num processo sem fim.” (DUARTE,2003,p.270)
Nesse contexto é essencial a figura do professor, pois o mesmo irá guiar, dosar, instruir, instigar, desafiar e dirigir o aluno de forma  a inserir o máximo o aluno o universo a ser trabalhado, sendo assim é essencial que o aluno compreenda que naquele momento o mesmo está sendo aprendiz e professor, pois está diretamente influenciando, os discursos e os conhecimentos de todos a sua volta, por isso naquele momento seu professor irá se tornar ser diretor, aquele que irá perceber o momento correto de intervir na situação, pois as vezes a verve dramática, não deixa quem está no palco perceber esse detalhe.
[...] no plano individual, o desenvolvimento de suas capacidades expressivas e artísticas, e no plano coletivo...o exercício das relações de cooperação, diálogo, respeito mútuo, reflexão sobre como agir com os colegas, flexibilidade de aceitação das diferenças e aquisição de sua autonomia como resultado do poder agir e pensar sem coerção. (PCN, 2000, p.84).
É no teatro que todas as artes se reúnem para compor outra arte. Artes como a cultura corporal, o ritmo, o equilíbrio, as palavras, assim podemos dizer que o teatro é a arte da coletividade, pois integra todos os fatores, ele traz dentro de si todas as essências, consigo colocar dentro de si todas as ideais, as opiniões, justamente por isso deve ser tomado cuidado para que o mesmo não seja direcionado  como um discurso meramente político, mas sim para que o mesmo seja visto como uma discurso reflexivo sobre as nuances da sociedade.
É de suma importância compreender o teatro não como forma legada ao entretenimento, mas sim a uma fonte educacional, que deve ser usada para a construção de uma sociedade voltada para a reflexão, assim é essencial que o professor saiba usar essa ferramenta de forma a integrar a sala de aula, a escola, a sociedade e o conteúdo por ele trabalhado, pois assim o mesmo terá uma consonância em fomentar construções de identidade que englobem vários fatores e não somente um deles.
Assim segundo Magalhães, 2004 ,p.60  [...] transformar a cultura da escola pressupõe repensar questões de identidade profissional, de papéis de professores e de alunos e de conceitos de ensino-aprendizagem e de linguagem em sua relação com o contexto sócio-cultural mais amplo, de forma a que a escola em si saia de sua zona de conforto e ouse usar outras metodologias de integração, para isso não basta só dizer que modificou “a cara da escola”, não é só o discursos que tem que mudar e sim as mentalidades, é isso só acontecerá quando tivermos uma escola que trabalhe a base do ser que é o argumentar, o representar o refletir  e direcionar todos esses focos para uma só coisa o ato de educar, enquanto não tivermos a integração do teatro nas escolas, teremos a mesmice que afasta os alunos da mesma, assim os autores supracitados, são importantes no sentido que analisam justamente a escola como ela é e como a mesma pode ser mediante a inserção do teatro.

Referências bibliográficas
AMARAL, Ana Maria. Teatro de formas animadas: Máscaras, bonecos, objetos. 3ª Ed. Editora Universidade de São Paulo, 1996.
JAPIASSU, R. Metodologia do Ensino de Teatro. Campinas: Papirus2001.
MAGALHÃES JÚNIOR, Raymundo. Teatro I - Volume 6. Biblioteca educação é cultura. RJ,1980.
MAGALHÃES, M.C. C. (org.). A formação do professor como um profissional crítico: linguagem e reflexão. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.
SILVA, Maria de Nazaré Marques da. Teatro de fantoches: Uma atividade cênica como estratégia para aprendizagem no ensino infantil. Instituto de Artes, Universidade de Brasília, Acre, 2011.


6 comentários:

  1. Boa tarde. Primeiramente parabéns pela temática abordada. Sou professor de História e gostaria de obter algumas dicas de como poderíamos efetivamente utilizar o teatro numa abordagem interdisciplinar no contexto escolar. Obrigado.

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  2. Olá Leyde,

    O teatro é uma ferramenta incrível para a discussão das temáticas históricas. Desenvolver uma peça teatral passa por uma ampla pesquisa e discussão teórica, que combinada com a criatividade, pode-se transformar numa representação que cative muito mais do que uma aula expositiva-dialogada.

    Na sua opinião, quais os limites da linguagem teatral para o ensino de História?

    Maicon Roberto Poli de Aguiar.

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  3. Boa noite.

    Assim como você vê o teatro como forma de por em prática os conhecimentos históricos pretendidos, certa vez trabalhei com jogos quando era bolsista do Pibid.

    Essas formas de trabalhar a disciplina de História em sala de aula, você considera que ainda sofrem recusas por muitos professores mesmo sabendo que estas são instrumentos facilitadores?

    Rodolpho Luiz Almeida Vieira.

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  4. Bom dia,

    Instigante o tema. Tive a oportunidade cursar uma disciplina, não do curso de História, mas de Literatura, em que mais que apresentarmos uma obra teatral, era necessário o estudo da obra, seus contextos históricos e os elementos que permeavam. Do ponto de vista da aprendizagem o saldo foi extremamente positivo e acima de tudo prazeroso. A questão é que a referida disciplina estava localizada num curso de graduação, havia ferramentas para sua execução e tempo disponível para a empreitada. Como pensar na utilização do teatro para ensino de História na Escola com seu molde engessado?

    VITOR FEITOSA RICARDO

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  5. Boa tarde,
    Bem, acredito eu, que o uso do teatro dentro da sala de aula tem muito a contribuir para o aprendizado dos(as) alunos(as). Acredito também, que o professor(a) deve sempre utilizar em suas aulas novas didáticas para que os(as) aluno(as) se interesse por aprender e principalmente interajam com a aula. Mas existem alguns alunos(as) que não compreendem os recursos como parte da matéria, então gostaria de saber se você se deparou com casos assim ao aplicar essa didática, e se ainda não aplicou, sugestões de como o professor deve agir.

    Bruna Brandel Meleck

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  6. Leyde, parabéns pela temática. Sendo apaixonada pelo teatro assim como pelo Ensino de História, sou suspeita para falar, mas achei sensacional sua proposta e acredito muito nesta ideia. Para você, qual o maior desafio em transformar o teatro, dentro da sala de aula, não apenas em fonte de entretenimento, como você mesma colocou, mas em "fonte educacional"?

    Vânia Cristina da Silva.

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