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Jeesiel de Souza

ENSINO DE HISTÓRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Jeesiel de Souza Temóteo
UNEAL

Introdução
No dia 16 de Novembro observei duas aulas de História. A aula que assisti foi na turma do 8º Ano “A’, como em todas as turmas da escola a classe não é cheia, a sala tem 22 alunos diferente da realidade escolar de nosso estado, onde em muitas escolas o número de alunos por turma passa de 40, com isso, é facilitado o trabalho do professor que consegue ter uma relação mais direta e especifica com cada aluno da turma, relação essa que vejo como essencial para a aprendizagem dos discentes, sobre isso GADOTTI (1999, p. 2) afirma:
“Para por em prática o diálogo, o educador não pode colocar-se na posição ingênua de quem se pretende detentor de todo o saber; deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um homem “perdido”, fora da realidade, mas alguém que tem toda a experiência de vida e por isso também é portador de um saber.”.
A aula que assisti foi a ultima do ano letivo da escola que será encerrado no dia 30/11, depois dessa data apenas os alunos em recuperação permaneceram na escola. O assunto trabalhado foi A Sociedade Mineradora, o professor no inicio escreveu no quadro um texto sobre o tema e foi explicando cada trecho que escrevia, um fator negativo é a pouca participação dos alunos, o professor Teodoro estimula, mas, os discentes apenas balançam a cabeça, poucos fazer perguntas e tiram suas dúvidas o que é essencial durante uma aula, como diz LIBÂNEO (1994, P. 250):
“O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades”.
Com isso, vemos o quanto é importante a interação dos alunos com o professor, até para que o docente direcione melhor sua explicação para facilitar o entendimento dos estudantes. Na segunda aula na mesma turma o professor disse a nota de parte dos alunos da classe, alguns deles vindo de transferência de outras instituições, por conta de mudanças de moradia, mau comportamento e outras questões, estão em recuperação, pois, ou vieram com notas muito baixas ou acabaram perdendo algum bimestre. No fim, o educador passou uma atividade valendo 5 pontos para ajudar os discentes que estão precisando melhorar a pontuação, o trabalho continha 3 questões sobre o assunto trabalhado na aula, a maioria dos alunos da turma fizeram e ganharam os 5 pontos.

Desenvolvimento
A grande maioria dos alunos da escola são de comunidades carentes, a escola fica próximo ao local chamado “favela” do município, os alunos tem contato como todo os caos da sociedade, desde violência, drogas, desigualdades sociais e o desrespeito aos direitos humanos, com isso, é essencial que as aulas de História, Geografia, e as demais disciplinas procurem praticar uma metodologia de ensino libertaria, crítica, que façam com que os alunos não aceitem passivamente suas condições, busquem melhorias, acerca disso Paulo Freire (1996, p. 38) Destaca:
Outro saber de que não posso duvidar um momento sequer na minha prática educativo-crítica é o de que, como experiência especificamente humana, a educação é uma forma de intervenção no mundo. Intervenção que além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento.
Contudo, percebemos o quando é importante o papel do professor e demais componentes da escola, para que se busque, não apenas com conteúdos mais com práticas ensinamentos de vida fazer com o que o aluno tenha um lado crítico e veja sua realidade com outros olhos. Ao mesmo tempo, deve-se ter cuidado para que a educação não funcione como um aparato do estado, reproduzindo a ideologia dominante, tornando os alunos passivos e omissos.
A participação dos pais é algo muito comentado pelos professores e a direção da escola, todos reclamam que os familiares não participam, só aparecem na escola em ultimo caso, quando são chamados por indisciplina dos alunos que correm risco de serem transferidos ou expulsos da escola.
Os professores também destacam que falta estimulo por parte dos pais para com os alunos, muitos apenas aparecem na escola no momento de fazer a matricula e depois abandonam a comunidade escolar que deveria ser um local de integração entre todos os envolvidos com o crescimento do jovem ou criança estudante.
Todavia percebemos o quanto é importante a parceria entre escola e família para se conseguir desenvolver a vida educacional do aluno, e assim fazendo com que o discente domine os requisitos básicos que se precisa para conseguir progresso acompanhando os níveis educacionais, sobre isso Libâneo destaca que:
Educação é o  conjunto  de  ações,   processos,   Influências,   estruturas  que  intervêm  no  desenvolvimento humano  de  indivíduos  e  grupo  na  relação  ativa  com  o  ambiente  natural  e  social,   num  determinado  contexto de  relações  entre  grupos  e  classes  sociais   (LIBÂNEO,  2000:.   22)
Contudo, é necessário que a escola procure criar formas de interação com a família, tentando incluir a educação no ambiente social do aluno como ressaltou Libâneo, resultando no desenvolvimento desses indivíduos mesmo estando fora do ambiente escolar; revendo com os pais sua mentalidade em relação à importância no processo didático-escolar de seus filhos, esclarecendo dúvidas e, procurando soluções para as dificuldades que são muitas enfrentadas pelos pais para acompanhar a aprendizagem do filho.

Conclusão
Por fim, essa pesquisa foi muito importante, através dela pude refletir sobre algumas práticas que acontecem na escola, percebendo que todas elas, desde as atividades dos vigilantes até as das cozinheiras podem interferir no desenvolvimento dos discentes.
Durante o estudo percebi que muitas vezes os diretores de escola pequena como é o caso, fazem atividades que não são de seu cargo, como por exemplo, fazendo a manutenção de aparelhos eletrônicos ajudando na cozinha, etc, isso ocorre não só com o diretor, a coordenadora pedagógica muitas vezes tem que agir como assistente social, psicóloga conversando com os alunos e com os pais dos mesmos quando aparecem, tudo isso mostra que a escola é cheia de desafios e obstáculos, e todos envolvidos nela devem procurar superar em prol do desenvolvimento educacional dos estudantes.
Por fim, constato que a educação é o principal meio para se criar nos alunos uma ideologia de criticidade, de libertação e superação da alienação causada pelo Estado, contudo, é essencial que o professor estimule o lado crítico dos alunos, mostre a realidade de seu cotidiano identificando o que está errado, e o que poderia ser feito para buscar melhorias, para isso, no entanto, é necessário que a escola se transforme em uma comunidade de trocas de experiência entre professores, alunos, coordenadores, familiares dos discentes, e assim sendo, essa união fará com que a escola tenha uma força inovadora e modificadora.

Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GADOTTI, M.. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999.
LIBÂNEO, J. C.. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
LIBÂNEO, José Carlos.   Pedagogia e pedagogos, Para quê?. 3 ed. Nações São Paulo: Cortez, 2000.

5 comentários:

  1. Olá, boa tarde. Gostei bastante de teu texto, me vi na sua descrição, sou professor em uma pequena escola, mas em Zona rural no interior de Pernambuco. Sobre o desenvolvimento do pensamento crítico, como você pressupõe que ele pode ser desenvolvido? Visto que nós sabemos o quanto nossa disciplina muitas vezes, injustamente, acaba por ser taxada de "chata", desinteressante" ou até mesmo "cansativa". Quais caminhos são possíveis trilhar para despertar o interesse de nosso aluno? Obrigado.

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  2. Francisca Evania de Lima Alves3 de abril de 2017 às 18:45

    Ao lê este texto parecia que estava vendo a escola que trabalho. Um bairro pode com altos índice de violência, prostituição e grande consumo de drogas. Fico pensando em uma maneira de mudar a vida desses jovens. Fazer com que eles estudem mais para mudar às condições de vida daquela comunidade.

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  3. Como tornar as aulas de História com os alunos do ensino fundamental mais dinâmicas e menos cansativas?
    Daiany Francielly de Barros Rodrigues

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  4. Olá boa noite. A realidade que você observou se parece muito com a que eu também encontrei nas escolas de minha cidade, Teresina. Você falou que a pouca quantidade de alunos nas turmas facilita a relação mais próxima do professor com os alunos e, que o professor tenta estimular os alunos, porém mesmo assim eles se mostram desinteressados e acríticos, desse modo quais causas você atribui a pouca participação dos alunos nas aulas? Ass: Márcia Cleide Lustosa de Aguiar.

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  5. Jeesiel pelo que você pode observar, você percebeu que o professor reproduziu uma metodologia clássica de ensinar história? Ass: Márcia Cleide Lustosa de Aguiar.

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