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Heraldo Márcio; Fabrícia Cristina

Considerações SOBRE A Monitoria Acadêmica do curso de História da Unifesspa: UM OLHAR DISCENTE
Prof. Me. Heraldo Márcio Galvão Júnior
Fabrícia Cristina da Silva Freire
História – UNIFESSPA

Introdução
Tendo em vista que todo curso de licenciatura trabalha tanto a questão prática quanto a teórica do sujeito que pretende adentrar a sala de aula como docente, a bolsa de monitoria é de grande contribuição no sentido de obter um primeiro contato com a sala de aula. Com a oportunidade de ser assistido por um docente qualificado e disposto a dividir seus conhecimentos teóricos e práticos, o discente vai trabalhar suas aptidões juntamente com seu orientador para desenvolver suas habilidades em questões cotidianas que acontecem dentro do ambiente educacional. Assim, a monitoria é muito importante para ter uma dimensão dos desafios que iremos enfrentar ao longo de nossa trajetória como docentes, viabilizando um primeiro contato com as atividades que envolvem a relação ensino-aprendizagem do discente para uma melhor formação profissional.

Métodos
Ao iniciar a prática docente e de monitoria ha necessidade de diagnosticar tanto o espaço escolar quanto os conhecimentos prévios dos alunos que terão contato com os conteúdos a fim de desenvolver um trabalho eficaz de ensino-aprendizagem. Uma boa conversa com trocas de experiências talvez tenha sido o diferencial do trabalho do docente com os discentes. Os métodos utilizados pelo docente para a aplicação de uma metodologia eficaz compreendem aulas expositivas dialogadas, debates, elaboração de seminários em que a participação do monitor se fazia necessária para a garantia de uma boa apresentação em sala de aula, sempre sob o olhar atento do docente para as questões estruturais, como: a escolha das imagens disponibilizadas pelos alunos em seus slides, o domínio do conteúdo exposto, fala coerente e postura, entre outras questões. Todos esses itens se fizeram necessários para a avaliação dos alunos pelo professor, que ao final de cada seminário e debate pontuava falhas e dava dicas para melhorar as apresentações. Outra questão que também fez com que essa metodologia tenha dado tão certo foi que, ao final de todas as apresentações, o professor fazia uma explanação do conteúdo de forma que fechava as falas dos alunos. Isso, para a experiência de monitoria, foi excelente, pois ficou claro que o ensino-aprendizagem perpassa barreiras, que antes era inatingível, entre professor/aluno, desmistificando a questão de que somente o docente é o detentor de todo o conhecimento prático e teórico, sendo assim, o estreitamento de laços entre ambos é necessário para a construção do conhecimento.
Foi dada publicidade aos estudantes sobre os espaços, local e horário de atendimento em relação à coordenação de grupos de estudos, conforme definido no Plano de Atividades de Monitoria. Toda quinta-feira, sem exceção, das 16:00 às 20:00, a monitora esteve disponível para discutir os textos abordados e a serem abordados em sala de aula, assim como auxiliar na preparação de seminários, montagem dos planos de aula e aprofundamento dos temas definidos no Plano de Ensino do professor.
As reuniões semanais entre orientador e monitora ocorreram em três momentos: antes de cada aula; após cada aula; e um dia por semana para avaliar a turma em relação ao desenvolvimento, problemas e dificuldades. Além das reuniões semanais, houve reuniões mensais para entrega de relatório, para relatos acerca do desenvolvimento da turma e da própria monitora.

Resultados e discussão
Os resultados da monitoria foram satisfatórios por dois motivos principais: melhora no desempenho da turma em relação à disciplina e proximidade com a atuação docente. Assim, esta experiência serviu também para reafirmar minha vontade em relação a minha graduação em uma licenciatura, pois através dela, cresceu ainda mais a satisfação em contribuir na formação de futuros profissionais da educação.
Falando como discente da disciplina de sociedades autóctones das Américas, cursei na turma que iniciou no ano de 2014, primeira turma de história da UNIFESSPA / Xinguara-PA, e pude constatar a nítida melhora da disciplina em comparação com a turma que ingressou em 2015, a qual tive o privilégio de ser monitora. O aporte teórico e bibliográfico que foi apresentado na ementa foi mais completo, as discussões foram muito mais amplas e os alunos tiveram um maior apoio por poder contar com uma monitora.
Levando em consideração alguns teóricos que foram necessários para trabalhar as Sociedades Autóctones das Américas, elenquei dois dos que achei importantes para trabalhar essa disciplina, um deles é Jorge Luiz Ferreira e Michel de Montaigne, o primeiro trabalha de uma forma bem descritiva e o segundo faz uma discursão baseando-se no principio de alteridade, importante esse paralelo entre as duas visões do conhecimento, um refere-se de maneira  bem teórico e o outro prático, observando as diferentes visões para desconstrução de parâmetros de uma visão eurocêntrica, já que dentro da disciplina de sociedades autóctones se fazem necessárias, para que os dois sujeitos históricos estudados dentro da disciplina, assumam seu papel de protagonistas.
Houve diminuição do índice de reprovação da turma em comparação com a turma que cursou a mesma disciplina. Do total de reprovados na turma que cursou a disciplina anteriormente, apenas um continuou no curso. Não houve reprovação nesta turma. Houve um aumento considerável na média da turma em relação à atual.
Melhora no desenvolvimento individual e coletivo dos alunos em relação à: bibliografia, apresentações de seminários, trabalhos entregues, discussões focadas e fundamentadas. Notou-se uma melhora na análise dos conceitos fundamentais da disciplina por um viés histórico e historiográfico.
Talvez por ser o primeiro ano da monitoria em Xinguara, os alunos não souberam aproveitar cem por cento as oportunidades que a monitoria oferecia, ficando mais passivos do que ativos neste processo. Eles aguardavam que fossemos até eles e oferecêssemos auxílio. Isso nos levou a refletir acerca da formação de uma cultura acadêmica e da importância da monitoria tanto para os alunos quanto para o monitor.
Outra questão foi a adversidade encontrada no início do período da monitoria para os Campus fora de sede, desmotivando os alunos quanto a concorrerem a vagas de monitoria futuramente.

Considerações finais
Diante de todos os aspectos mencionados anteriormente, percebeu-se que as bolsas de monitoria são fundamentais para uma auto-reflexão do que se deseja alcançar com a graduação em licenciatura, permitindo que a Instituição formadora de profissionais que serão direcionados as salas de aula, ou a qualquer outra atividade relacionadas a sua escolha pessoal, seja responsável por uma formação clara dos objetivos esperados pelos graduandos, assim sendo a Universidade cumpre seu papel com a devolução de profissionais preparados para contribuir na educação e nas áreas se destinarem a exercerem.

Referências
BETHELL, Leslie (org.). História da América Latina: América Latina Colonial, volume 1. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2008.
FERREIRA, Jorge Luiz. Incas e Astecas: culturas pré-colombianas. Edição. São Paulo: Editora Ática, 1988.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
IOKOI, Z. e BITTENCOURT, C. (orgs.) Educação na América Latina. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura; São Paulo: EDUSP, 1996.
KARNAL, L. (org.)- História na sala de aula. Conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003.
MONTAIGNE, Michel de. Dos Cannibais. In:______. Ensaios. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
SANTOS, Eduardo Natalino dos. Deuses do México indígena: estudo comparativo entre narrativas espanholas e nativas. São Paulo: Pala Athena, 2002.

2 comentários:

  1. Olá!
    Primeiramente parabéns pelo texto.
    A experiência como monitor é muito enriquecedora e gratificante sem dúvidas. Como mencionou cursou a disciplina Sociedades Autóctones de uma forma diferente de como foi quando monitora. De que forma conseguiu sanar suas dúvidas e co-orientar os discentes? Acredito que eu que tenha sido um desafio de co-orientar e aprender ao mesmo tempo devido as várias mudanças que teve de quando cursou tal disciplina.
    Desde de já agradeço!
    Iolanda Mendes

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    1. Obrigada, Iolanda.
      Bem, responder sua pergunta me deixa deveras feliz,pois como bem sabemos, a disciplina de Sociedades autóctones é muito complexa, a importância de trabalharmos com o principio de alteridade nos faz repensar uma gama de problemáticas que ao longo de muito tempo foram postas somente de uma visão que tiravam de foco o protagonismo dos povos autóctones.
      Acho que o meu orientador foi fundamental para minha base, já que tive que fazer várias leituras que não tive na época que cursei essa disciplina, leituras , fichamentos e discussões com meu orientador em relação aos textos , foram fundamentais para orientar os outros discentes em relação aos textos que eram cobrados pelo docente da disciplina,diante de tudo isso, quem mais saiu ganhando nisso tudo fui eu, cursei duas vezes a disciplina , ampliei minhas leituras e ainda por cima, consegui a experiência de ser monitora.

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