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Fernando Seffner

ANTES SONHAVA, HOJE NÃO DURMO: A LIBERDADE DE ENSINAR SOB ATAQUE
Fernando Seffner
UFRGS Faculdade de Educação

A liberdade de ensinar é um direito dos professores? Quais seus limites? Como ela se relaciona com o direito de aprender dos alunos? E se o professor ao ensinar estiver promovendo a discriminação e o preconceito contra grupos sociais e indivíduos, ele tem liberdade para fazer isso? Quem tem a precedência na educação das crianças: a família, a escola, as religiões? É dever da escola promover as aprendizagens científicas, e as verdades científicas por vezes se chocam com valores morais de grupos sociais, como se resolve isso? Também é tarefa da escola promover a formação cidadã, que muitas vezes lida com temas sensíveis. Os temas sensíveis são aqueles atravessados por divergências pessoais e políticas. A família tem o direito de exigir que o aluno não fique em sala de aula quando ali está se ensinando um tema sensível no qual ela não concorda com a abordagem escolar? As diretrizes curriculares podem obrigar crianças e jovens a certos aprendizados? Como fica a liberdade de ensinar dos professores em relação a gestão democrática da escola, prevista em lei? 
Estas perguntas são uma pequena parte das questões que hoje em dia tiram o sono de professores e professoras, e também de famílias, alunos e alunas, comunidade escolar e gestores. São perguntas de difícil resposta. É tarefa árdua chegar a um acordo em questões como essas. Tudo isso se complica porque vivemos tempos de anti- intelectualismo, e uma das manifestações é tentar transformar a escola em local onde os debates são proibidos, amordaçados. Aprovam-se reformas educacionais que visam transformar a escola em local apenas de preparação para o trabalho. Tramitam e já foram aprovados algumas vezes projetos como “escola sem partido”, articulam-se movimentos como o intitulado “contra a ideologia de gênero”, criam-se comissões para debater o estatuto da família e pedidos de alteração na LDB que garantem, entre outras coisas, que os valores morais da família tenham precedência sobre aqueles da escola. 
São tempos muito turbulentos para a educação pública, e especialmente para a função docente. Está visível para todo mundo: é difícil ser professor ou professora hoje em dia.
Não se tratam apenas dos baixos salários, se tratam de outros ataques à tarefa de ensinar. Pensando nessas questões, essa sala de debates vai investir em duas direções.  

PRIMEIRA DIREÇÃO: compromisso ético do debate
Vamos insistir em uma postura que é adequada à abordagem dos temas sensíveis. Um componente da educação em temas sensíveis é a capacidade de construir acordos entre indivíduos e grupos cujas opiniões diferem, estabelecendo um “modus vivendi” que implica manutenção do espaço de diálogo. Compreender que há diversidade de pontos de vista é sinal de sabedoria, e colocar-se na posição do outro é esforço pedagógico de grande efeito pessoal. Diversidade não é só valor moral de aceitar os outros, é dinâmica cognitiva e de planejamento, que necessita ser incorporada ao trabalho dos educadores. A educação em temas sensíveis visa à construção de uma democracia respeitosa das diferenças. Vamos praticar isso neste debate. 

SEGUNDA DIREÇÃO: compreender a liberdade de ensinar
Vamos investir a energia do debate para tentar compreender o que é a liberdade de ensinar, ou liberdade de cátedra, marca muito importante da educação pública republicana. Vamos assumir que a liberdade de ensinar não é um direito absoluto, pelo simples motivo de que não existem direitos absolutos. Ela é um direito que se encontra moderado por outros direitos: os direitos constitucionais de igualdade e não discriminação; o direito de aprender dos alunos; as orientações das diretrizes curriculares; os compromissos da escola com a alfabetização científica e com a formação cidadã; o compromisso com o pluralismo democrático; as exigências de respeito à diversidade e de inclusão de todos e todas no sistema escolar; o direito à formação integral; a legislação da gestão democrática da escola.  
Para aquecer o debate, vamos lançar provocações, na forma de pequenas frases, charges e imagens. Começamos então.  



PRIMEIRA PROVOCAÇÃO:
Não existe educação neutra, toda neutralidade afirmada é uma opção escondida. (Paulo Freire)
Vamos discutir um pouco essa frase? Que implicações ela traz para o ensino de história?

SEGUNDA PROVOCAÇÃO:
Podemos pensar que a liberdade de ensinar está sempre funcionando em conexão com outros marcadores, ela é um direito, mas está moderada por outros direitos e compromissos, como representamos na figura abaixo. Que implicações isso traz para o ensino de história? Dê sua opinião.   

TERCEIRA PROVOCAÇÃO:
Três instituições buscam educar as crianças e jovens ao longo dos tempos: as famílias, as religiões e a escola. Quais os limites e direitos dessas três instituições em relação a educação? A escola, por exemplo, é de frequência obrigatória. Com que idade a criança ou o jovem pode discordar da família e querer aprender o que deseja? Quem quer comentar isso? Que implicações isso traz para o ensino de história? 

QUARTA PROVOCAÇÃO:
Circula na internet o texto abaixo, do qual recortamos apenas algumas partes. Utilize essas provocações do texto para pensar: como você defenderia a necessidade de termos a História como disciplina obrigatória no ensino médio? E como você defenderia também a liberdade de ensinar dos professores de História?
“O brasileiro do futuro
O brasileiro do futuro não estuda Arte, Filosofia, Sociologia e Ed. Física.
O brasileiro do futuro é sem partido.
O brasileiro do futuro não critica nem protesta.
O brasileiro do futuro não precisa ter memória social.
O brasileiro do futuro não discute gênero na escola.
O brasileiro do futuro vai à escola para aprender a trabalhar.
[...]
Que brasileiro e futuro é esse?
[...]
Osvaldo Ferreira Neto
Aracaju, 23 de Setembro de 2016.
(Confira a matéria na íntegra em http://expressaosergipana.com.br/texto-de- sergipano-viraliza-e-e-atribuido-leandro-karnal/) 

QUINTA PROVOCAÇÃO:
A liberdade de ensinar, ou liberdade de cátedra, é uma manifestação da liberdade de expressão. As duas estão asseguradas na constituição. Que implicações têm isso para o ensino de história?


46 comentários:

  1. Com referência a frase de Paulo Freire expressa na primeira provocação e as implicações no ensino de História ,sabe-se que no tradicionalismo histórico tanto os historiadores quanto os professores eram meros repetidores dos fatos históricos ,pois tinham a missão de transmitir a narração dos acontecimentos tal qual estavam posto nos documentos históricos de que modo que se destacavam aqueles que conseguissem fazer a narrativa mais fiel possível,eram neutros e imparciais ,os alunos figuravam tão somente como mero receptor dos conteúdos prontos e acabados dos quais os educandos não tinham a oportunidade sequer de questionar como se dava os acontecimentos .Na Nova História os
    historiadores,professores e alunos são chamados ao debate acerca dos conteúdos historiográficos para que o saber histórico seja construído,bem como devem buscar em diferentes fontes a verdade dos fatos confrontando-as para se chegar a uma conclusão ,tem que usar da parcialidade para elucidar as problemáticas históricas e assim se faz em todo contexto educacional o professor deve possibilitar e incentivar que o aluno vá em busca de novos conhecimentos e almeje sempre novos horizontes .Desse modo percebe-se que não tem como fazer educação baseada na neutralidade pois todos os conteúdos explorados no ambiente escolar são intencionais há sempre um conhecimento previamente estabelecido para ser obtido através do tema trabalhado.

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    1. Concordo com você, não podemos ter a neutralidade como um objetivo, pois ela é inatingível. O que devemos fazer é esclarecer nossos pressupostos políticos e historiográficos, e assegurar ampla liberdade para que alunos e colegas possam se manifestar, expondo suas ideias. Por outro lado, a pesquisa histórica e os dados historiográficos são um elemento indispensável na aula de história, evitando assim que ela também se transforme em um terreno de meras opiniões sem embasamento.

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    2. De acordo. Não podemos transformar o "ato político" que é educar e "tomar partido" nesse processo, para, externar opiniões sem embasamento. Creio que nosso principal desafio é possibilitar que os alunos desenvolvam o raciocínio histórico, tenham acesso à informação e, a partir disso, levantem suas hipóteses e tirem suas conclusões. Por mais que façamos uma espécie de "mediação ativa", e não explicitemos opiniões, nossa responsabilidade é estimular a capacidade de pensamento autônomo e crítico
      Carlos César Bento Filho

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  2. Lendo vários temas sobre o projeto escola sem partido vemos que ele utiliza o termo doutrinação várias vezes. No Pibid, se fossemos comparar o que eles acham de doutrinação, seriamos acusados disso pela forma que debatemos História e atualidades.

    Como agir perante professores supervisores, que mesmo aceitando o projeto, tentam nos limitar em sala de aula?

    ass: Edicelson Eduardo Soares Pinheiro

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    1. O Escola Sem Partido chama de doutrinação simplesmente tudo que é contra suas ideias. Se o professor fizer uma aula elogiando o capitalismo, ela não será considerada por eles como doutrinação. Se fizer uma aula criticando o capitalismo, ela será considerada doutrinação. De fato é difícil lidar com professores que aceitam o PIBID mas querem cercear a criatividade dos bolsistas. Uma das modalidades é consultar a classe de alunos, e estabelecer com eles os temas que se deseja estudar, e os enfoques. De acordo com os princípios da gestão democrática da escola, os alunos são atores sociais que devem ser escutados. Bom trabalho.

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  3. Olá professor,

    Provocação #1: Todo professor-historiador ao desenvolver suas narrativas, seus debates em sala e a proposição de atividades, faz escolhas, seleciona fontes. A não discussão de certas temáticas já é em si uma escolha. Assim, fica claro a inexistência da neutralidade.

    Provocação #2: No desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem da História, o (a) professor (a) precisa garantir o direito a dignidade humana. A partir disso, os direitos que permeiam as discussões estão relacionados à liberdade de expressão, desde que os conceitos e comentários construídos, não afetem a primeira garantia. Se estes ocorrerem, precisam ser desconstruídos através de um debate que funcione como suporte a tolerância e ao respeito mútuo.

    Provocação #3: As três instituições são complementares, contribuindo para a formação integral de uma pessoa. Precisam agir conjuntamente, num diálogo de ampliação dos horizontes de saberes e não de repreensão. A escola deve ser obrigatória, uma vez que a família e a religiosidade não abarcam, com a mesma profundidade, as discussões científicas que a educação escolar traz.

    Provocação #4: A História, como parte integrante das ciências humanas, traz a tona conhecimentos e discussões que diretamente contribuem para a compreensão de todos não só do passado, como fundamentalmente, do contexto em que os (as) estudantes estão inseridos (as). Estudar história é questionar o passado, o presente e o futuro.

    Provocação #5: Ensinar é mais do que transmitir conhecimentos. É construir saberes a partir das múltiplas visões acerca de um objeto de estudo, elencados através de debates envolvendo professores (as) e estudnates. A liberdade de expressão é fundamental para que todos sejam ouvidos e, a partir de uma análise crítica construir-se uma diversidade plural que respeita, dentro do possível, as diferenças.

    Maicon Roberto Poli de Aguiar.

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    1. Maicon, concordo completamente com todas as suas manifestações. Elas indicam o caminho para o bom ensino de história no pluralismo democrático. É esta possibilidade do ensino de história em auxiliar a reflexão do tempo contemporâneo que parece assustar muita gente. Mas como você diz, aprende-se história para questionar valores do mundo contemporâneo, para ampliar os espaços de debate e de livre manifestação. Bom trabalho!

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  4. *Primeira Provocação: Não há neutralidade na educação em disciplina alguma. Isso fica mais evidente nas disciplinas de humanas, haja vista que a seleção do conteúdo, da metodologia, das fontes a serem analisadas e do encaminhamento das discussões carregam inevitavelmente uma intenção. Há uma base ideológica intrínseca a qualquer pensamento e ação na escola. Inclusive a proposta do “Escola Sem Partido” carrega uma intencionalidade preocupante e que cerceia a liberdade de formação de um pensamento crítico. A questão é, nas pegadas de Freire: os preceitos do “Escola Sem Partido” são inclusivos ou excludentes? A resposta parece óbvia.
    *Terceira Provocação: comumente, a família acaba responsável pela formação/reprodução dos costumes, sejam estes carregados de preconceito ou não. A religião promove uma formação “moral” que muitas vezes está de acordo com a formação no seio da familiar. A escola seria o espaço da ciência e da construção de uma pensamento social e crítico, que acaba indo, muitas vezes, na contramão das duas outras instituições, daí os conflitos imensos. A escola como extensão dos costumes familiares e religiosos além de inviável é impossível haja vista a multiplicidade de costumes e religiões existentes. As três instituições podem fazer parte da formação do indivíduo, mas guardas suas especificidades.

    Heraldo Márcio Galvão Júnior

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    1. Heraldo, concordo com suas manifestações. A escola é instituição pública, tem compromissos com as liberdades laicas (liberdade de pensamento, liberdade de consciência, liberdade de manifestação), e com os conhecimentos científicos. É natural que em alguma medida o que na escola ensinamos crie atrito com o que é dito pelas famílias e pelas religiões. Ampliar os horizontes dos alunos é nossa tarefa. Cada aluno ou aluna vai depois elaborar seus pensamentos em função dessa diversidade, concedendo mais peso a um elemento do que a outro. Bom trabalho.

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  5. A frase de Paulo Freire é perfeita. Não há neutralidade na educação, nunca vai haver - não concordo que isso seja "mais evidente nas disciplinas de humanas", como o colega acimas pontuou. Em todas as disciplinas não há neutralidade. Além do comentário, deixo como questão para o professor e demais colegas debaterem o que me parece ser a manutenção de um "mito" de neutralidade, ou da possibilidade de "imparcialidade" que parece pairar sobre a educação hoje, que está relacionado de uma maneira muito forte com grande veículos de imprensa no país, que afirma apenas "noticiar" os "fatos", com imparcialidade, como se não tivessem responsabilidade ou não operassem seleção sobre o que é ou não noticiado, ou mesmo sobre como noticiar, enfim, poderíamos falar em um "mito da imparcialidade" nesse país, tanto na educação como na imprensa e poderíamos especular uma relação entre ambos?
    Eduardo Roberto Jordão Knack

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    1. Eduardo, concordo com você plenamente. Acho que fui infeliz na expressão que usei. O que busquei afirmar com esta frase é que, aos olhos da sociedade, nossas disciplinas acabam tendo mais evidencia por trabalharmos justamente com ideologias, analises sociais, políticas, econômicas, artísticas, etc. Logo, somos mais vitimas de ataques a este respeito. Somos acusados de "doutrinação" com muito mais facilidade. Pelo menos, pela experiência que tenho, é assim.
      Acredito que agora tenha explicado melhor.
      Obrigado por chamar atenção para isto.

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    2. Prezado, explicado!

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    3. Eduardo, gostei muito de suas argumentações. Sim, também há escolhas, decisões políticas, opções tomadas, na elaboração de uma aula de Matemática ou Química. Nas ciências humanas isso pode parecer mais evidente, mas com certeza ocorre em todas as disciplinas. Atrás do mito da neutralidade se esconde em geral um discurso autoritário, pois a neutralidade de conquista calando parte das opiniões. Bom trabalho!

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    4. Obrigado professor!

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  6. PRIMEIRA PROVOCAÇÃO:
    De fato, não é possível imaginarmos que o ensino de História possa ser exercido sem que o professor faça suas escolhas: de fontes, de referencial teórico, dentre outras. Da mesma maneira, a forma como professor ensina (as suas posturas diante do mundo), é produto de construção da sua individualidade. As crenças desse professor juntamente com suas posições políticas, influenciam seu modo de ensinar, tornando impossível acreditar que a busca por neutralidade seja factível.

    SEGUNDA PROVOCAÇÃO:
    Penso que a liberdade de ensinar é um direito do professor e como todo direito deve ser exercido com responsabilidade. Parcimônia, exposição clara do conteúdo (apresentando a origem do pensamento que o produziu), são fatores que devem ser levados em conta durante o exercício do ensino. Além disso, deve o professor apresentar contrapontos ao conteúdo que está trabalhando, possibilitando ao aluno o contato com posições divergentes, para assim ampliar seu campo de visão e possibilitar a construção de seu próprio ponto de vista.

    QUARTA PROVOCAÇÃO:
    O conhecimento da História é parte fundamental para a constituição da consciência crítica de qualquer indivíduo. Compreender o passado permite ao sujeito entender o porquê a vida se apresenta como ela é no presente. Em sendo a construção de cidadãos críticos um dos objetivos centrais da Escola, a História detém papel central.
    Para que a História tenha uma abordagem condizente com os desafios que se apresentam, o professor deve ter liberdade para desempenhar suas funções com ética e autocrítica.
    Talvez resida no fato de que a História (e outras disciplinas como Filosofia e Sociologia) seja um dos pilares da construção de indivíduos autônomos a explicação do surgimento de um projeto como o da escola sem partido. Afinal, indivíduos críticos e com consciência da importância de sua cidadania afetam os interesses de grupos econômicos, que preferem conviver com indivíduos menos contestadores.

    QUINTA PROVOCAÇÃO
    Em minha opinião, garantir liberdade de ensinar é garantir a possibilidade de um ensino pluralista, que permita ao alunado a construção de sua consciência crítica, tornando-os indivíduos capazes de se posicionar conforme seus interesses. Como os regimes democráticos são, ao menos em tese, arenas onde as disputas dos diversos interesses ocorrem com garantias às liberdades de todos, é fundamental que os indivíduos em seu conjunto sejam capazes de se reconhecerem como sujeitos de seus direitos.

    GUILHERME CYRINO CARVALHO

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    1. Guilherme, sim, a liberdade de ensinar, como qualquer liberdade, pressupõe seu uso de modo não autoritário, não coercitivo. Deve ser exercida no sentido de ampliar o debate e o pluralismo, e não para coibir posições e manifestações. A liberdade de ensinar é um patrimônio que nós professores e professoras temos que preservar, e usar de modo adequado. Bom trabalho.

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  7. Reflexões a partir das provocações:

    O fato de não haver neutralidade traz importantes implicações ao ensino de história. Exige ao professor que reconhece esta assertiva como verdadeira colocar-se sempre em questionamento, em uma inquietante dúvida e reflexão sobre a própria maneira de planejar e conduzir suas aulas. Perguntar-se sobre suas certezas, sobre as formas que ensina e entende determinados saberes. Indagar-se sobre quais posturas, posições de sujeito e discursos está reproduzindo. Isso coloca um constante vir-a-ser do ensinar, no qual a produção do conhecimento está sempre sendo revista, repensada e transformada.

    Logo, o direito da liberdade de ensinar é de exímia importância nesse processo. No qual é um princípio da educação que busca respeitar as marcações sociais do local e contexto em que se ensina. Não há como o professor respeitar as diferenças culturais de sua turma, sejam elas de gênero, étnicas, religiosas e etc, se utiliza uma mesma prática pedagógica para qualquer lugar em que ensine. Pelo contrário, iria ele (a) com essa prática acabar por tornar invisíveis e marginais as diferenças, reproduzir preconceitos e excluir aqueles que não se adequassem a norma deste “manual” de ensino.

    Uma vez que esses discursos de homogeneização e binarismos que marginalizam o pensamento intelectual estão cada vez mais presentes em nossa sociedade. E como o título do texto base ressalta “a liberdade de ensinar está sob ataque”, então cabe a nós professores de história participarmos nesse embate reforçando uma postura de respeito à diversidade. E lutarmos contra essa pedagogia essencialista que acredita em apenas uma forma de ensinar e aprender, uma única verdade histórica e pedagógica.

    Leonardo Moura Campani

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    1. Leonardo, sim, ótimas argumentações, nos fazem pensar, e nos lembram que dar aulas e ensinar é também sempre aprender, usamos nossa liberdade de ensinar mas não para doutrinar, e podemos ser surpreendidos com as argumentações da classe de alunos, e isso exige de cada professor e professora humildade no ato de ensinar. Também mostra a beleza da profissão, que não se resume a aplicação de fórmulas, mas é uma profissão de relação humana, de diálogo. Bom trabalho.

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  8. Fernando,concordo com sus provocações.Que juventude o Brasil terá daqui uns dias se essa visão elitista,alienante,massificadora,inconsequente,inconsciente e bancária vingar? como será difícil para nós docentes que temos uma postura de formação mais liberal,até interligada aos movimentos populares e de base.Sinto o país em marcha-ré e não temos uma sociedade de pulso como dos anos 60,90...sinto a História em dores e uma população precisando acordar contra esse "sonífero" chamado DEMAGOGIA e não DEMOCRACIA.Ivanize Santana

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    1. Ivanize, sim, eu concordo com você, a situação é difícil. Mas temos que lembrar que o Brasil, e o ensino de história bem como professores e professoras, já passamos por outros momentos difíceis. Certamente os alunos lembrarão dos professores que tinham compromisso com o debate, com o pluralismo democrático, como você diz. Nossa luta hoje em dia é por abrir espaços de diálogo nas aulas de história, auxiliando alunos e alunas a pensar e refletir sobre o presente, com elementos que trazemos do passado. Mas certamente não está fácil, pelos ataques à liberdade de ensinar, e ataques em geral a escola e aos professores. Desejo um bom trabalho a você!

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  9. Diante de tantas ameaças, como o professor de História deve agir? A neutralidade não existe, não é possível. Como conviver sob ameaça e manter sua integridade como pessoa e profissional?

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    1. Adriane, os tempos são difíceis, não tenho dúvidas. Os ataques que professores e professoras sofrem, e os ataques dirigidos à escola pública, repercutem em nossas vidas pessoais. Ser professor é mais do que uma profissão, é uma ação constante de relação humana e formação, então quando se ataca nossa profissão é sempre um ataque que nos pega em cheio! Nas demais manifestações dos colegas aqui no debate você vai encontrar bons elementos para pensar o trabalho docente. É conversando com colegas preocupados com a democracia que podemos avançar. Bom trabalho!

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  10. De acordo com o texto o autor informa que devido a reformas educacionais, as escolas estão sendo transformadas para prepararem os alunos para o mercado de trabalho. Na opinião do autor, qual seria uma forma de proceder para que as escolas ensinem as crianças a serem cidadãos e a se respeitarem independente das diferenças?

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  11. Luiz Fernando, acho que são 3 coisas. Acredito em uma escola de turno integral, onde tenhamos espaço para o estudo que prepara para a vida, nas disciplinas tradicionais, e com presença dos debates das ciências humanas, que são necessários para formação pessoal e formação cidadã. O segundo elemento é uma escola que prepara para a vida profissional, o que deve ter espaço, e penso sempre na escola de turno integral, onde se pode conjugar tanto o aprendizado profissional quando o aprendizado de formação cidadã. Nos dias de hoje o melhor lugar para os jovens passarem o dia é a escola, a sociedade brasileira não tem outras opções. E o terceiro elemento é criar atividades na escola que busquem, como você indica, que as pessoas se respeitem, aprendam a conviver e respeitar as diferenças. O que é uma atitude própria de valorização do espaço público, do pensamento republicano. Bom trabalho.

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  12. Professor, parabéns pelo texto. Trago um desabafo que também considero importante para o debate: já fui defenestrada em redes sociais (por dois alunos) porque no dia 8 de março a minha aula foi dirigida para o exame das relações desiguais de gênero no nosso país. Fui chamada de "feminazi", e "comunista fracassada" acusada de não trabalhar os conteúdos da disciplina. Na época, providências disciplinares foram tomadas e os alunos reconheceram o erro e retrataram-se publicamente. Ademais, pergunto: o que podemos fazer nesses casos que os proprios alunos entendem que falar sobre gênero não faz parte do conteúdo da História? De que modo enfrentar esses posicionamentos violentos em cima de nossas práticas educativas?

    Jeane Carla Oliveira de Melo

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    1. Jeane, são tempos duros para a democracia e o respeito das diferenças. Sua iniciativa foi ótima, na minha opinião, e tratar das diferenças de gênero é matéria de história, pois esta é uma construção histórica, homens e mulheres nas diferentes sociedades vão percorrendo trajetórias que geram desigualdades, isso foi construído, e isso pode ser desconstruído. Acho que você obteve uma vitória, pois os alunos se retrataram. Temos que entender que os alunos estão em fase de aprendizagem, e temos que apostar que eles são capazes de mudar de opinião, embora as violências que possam praticar. Bom trabalho!

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  13. Olá, as questões apontadas e trabalhadas por você professor são de extrema relevância para refletirmos sobre o processo educacional que se configura na atualidade. Desta forma, é imprescindível pensar e refletir sobre a posição dos professores frente seus alunos na relação ensino aprendizagem, no que tange a diversidade cultural, religiosa, étnica, de gênero e de posicionamento político, que está tão presente e vivo na sala de aula. A metodologia de ensino-aprendizagem que o professor deve utilizar perpassa pelas relações interacionistas. Nesta perspectiva de ensino, o docente não forma opiniões, mas através de sua liberdade de pensamento, oferece os estímulos necessários para que seus discentes venham a construir suas opiniões e pensamentos, considerando sempre os limites do respeito, da igualdade e da tolerância. Professor seria este o limite da liberdade educacional no qual devemos lutar e exigir? Desde já, agradeço as reflexões.


    Lara Jéssica Nóbrega Macêdo

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    1. Lara, gostei muito das suas ponderações, e concordo com elas. Sim, eu acho que a liberdade de ensinar (ou liberdade educacional como você chama) deve estar a serviço do respeito às diferenças (não se deve provocar discursos de ódio), do respeito e da luta pela igualdade. Que ninguém se sinta inferior por ser homem, mulher, negro, branco, heterossexual, homossexual, pobre, etc. Claro que nos tempos atuais é difícil criar na sala de aula um ambiente assim, mas é a nossa aposta. Parabéns e bom trabalho!

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  14. Terceira provocação. Nos dias de hoje, diante de uma onda de fascistização que deseja tolher a liberdade de ensino (crítica, diga-se de passagem) e crescimento do fundamentalismo religioso nas classes populares,somos desafiados a garantir a escola como um espaço laico e vinculado ao conhecimento científico. Ao contrário do que divulga o "Escola sem partido", as crianças e adolescentes não chegam com a cabeça vazia na escola. Detenho-me, agora, nos filhos de lares fundamentalistas. Muitas vezes, eles desafiam (agressivamente ou não) as posições dos professores. Nestes casos, a serenidade e o conhecimento fundamentado de nossa disciplina são fundamentais para estabelecer um diálogo com uma criança em formação, mas já disposta a defender publicamente suas crenças. Isso sem falar naqueles que ficam caçados,mas não aceitam coisas como o evolucionismo. Penso que, não se trata de fazer um debate com uma criança, mas deixar claros nossos pressupostos e que ela é livre para falar o que pensa,mas precisa saber ouvir. Acredito que agindo com ética, conhecimento e "paciência e carinho pedagógicos", somos capazes de abrir um espaço de questionamento,seja na mente da criança que nos questiona, seja nas dos demais que, em silêncio, acompanham a argumentação e mesmo nos vários Que se manifestam a favor do que expusemos.
    Carlos César Bento Filho

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    1. Carlos, concordo plenamente, serenidade é importante, dar-se conta de que nossos alunos e alunas estão em fase de aprendizado, e mesmo quando têm opiniões muito duras, devemos investir no diálogo, mostrar outras posições. Ao fim e ao cabo, eles decidirão na vida o caminho a seguir, mas é nossa tarefa ampliar os horizontes. Sempre devemos deixar claros nossos pressupostos, abrindo a possibilidade de que os alunos façam o mesmo. Bom trabalho!

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  16. Muito bom o texto e muito interessantes estas questões debatidas e expostas agora pelos colegas.
    Muito grata e feliz pelas reflexões que este debate me suscitou e lançou luz. Acredito que tudo o que se passa no quadro político do Brasil atualmente, é resultado de fatores estruturais e conjunturais que estão para além,das nossas questões nacionais.
    Todas as problemáticas, tentativas de controle e delimitação sobre a atuação de professores, principalmente de história, tem a ver com o embate constante de forças e interesses divergentes, no tocante à educação escolar como um todo, em qualquer lugar do mundo.E em se tratando do nosso contexto em particular e das angústias que nos afligem, , creio que tudo isto nos sinaliza pelo menos uma coisa positiva, se agora a atuação de professores no Brasil está causando mais incômodo que a décadas atrás talvez seja porque os controles e limites politico-ideológicos que o Estado e seus grupos dirigentes sempre tentaram e tentam impor à educação sofreram e sofrem abalos significativos. Por mais que estejamos submetidos a diversas formas de controle, a educação brasileira, especialmente o ensino de História, caminhou e deu alguns passos , ainda que não tão longos quanto deveriam, no sentido de possibilitar entendimentos e compreensões de mundo que geram sujeitos mais atuantes e imbuídos da consciência de que são sujeitos históricos capazes de intervir sobre suas realidades político-sociais.Acredito que é exatamente por isto que a infeliz Reforma do Ensino Médio, por exemplo, excluiu obrigatoriedade a disciplina de História, a este respeito gostaria de saber o que pensa e se consegue vê possibilidade de nós historiadores conseguirmos reverter isto a curto prazo?

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    1. Dalva, sim, o que passamos no Brasil guarda conexões com movimentos em outras partes do mundo, e isso é um bom material para as aulas de história, bem lembrado. Acho que no momento é difícil imaginar que algo possa ser revertido a curto prazo, mas devemos apostar sempre na ampliação da democracia, no respeito à diferença. Penso que logo muitos vão se dar conta de que os discursos de ódio e discriminação, que atualmente circulam com força na sociedade brasileira, não ajudam a viver melhor. Parabéns e bom trabalho!

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  17. Foram tantas as provocações que estou, um tanto quanto, aturdido. Na verdade, isso é positivo e mérito do seu texto Professor Fernando.
    Sim, as mudanças que acontecem nesse princípio de século, surgem com desafios para os/as educadores, principalmente os/as educadores das escolas públicas. Afinal, uma das principais características desse espaço é a presença da diversidade linda, profunda, visceral e inquietante.
    De fato, torna-se mais fácil se colocar numa tal "zona neutra", furtando-se da missão de estudar para argumentar, ler para debater, debruçar para entender, ouvir para ser capaz de "vestir a pele do outro/outra".
    É mais confortável ser apolítico, privilegiando o repasse de conteúdos estrategicamente escolhidos para ensinar a operar, instrumentalizar e calcular coisas.
    Pensar é perigoso, refletir é subversivo, "lutar por seus direitos é um defeito que mata". Ser um/uma professor/a consciente do seu lugar no mundo, enquanto pessoa histórica é uma afronta para determinados projetos que lembram velhos e conhecidos grilhões e amarras.

    Abraços Professor, parabéns pelo texto.

    Antonio José

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  18. Foram tantas as provocações que estou, um tanto quanto, aturdido. Na verdade, isso é positivo e mérito do seu texto Professor Fernando.
    Sim, as mudanças que acontecem nesse princípio de século, surgem com desafios para os/as educadores, principalmente os/as educadores das escolas públicas. Afinal, uma das principais características desse espaço é a presença da diversidade linda, profunda, visceral e inquietante.
    De fato, torna-se mais fácil se colocar numa tal "zona neutra", furtando-se da missão de estudar para argumentar, ler para debater, debruçar para entender, ouvir para ser capaz de "vestir a pele do outro/outra".
    É mais confortável ser apolítico, privilegiando o repasse de conteúdos estrategicamente escolhidos para ensinar a operar, instrumentalizar e calcular coisas.
    Pensar é perigoso, refletir é subversivo, "lutar por seus direitos é um defeito que mata". Ser um/uma professor/a consciente do seu lugar no mundo, enquanto pessoa histórica é uma afronta para determinados projetos que lembram velhos e conhecidos grilhões e amarras.

    Abraços Professor, parabéns pelo texto.

    Antonio José

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    1. Toni, sim, a marca do espaço público, como você diz, é a diversidade, e o esforço na compreensão e respeito das diferenças. É mais confortável não se envolver, mas sabemos que quem se envolve faz diferença na vida dos alunos e alunas, e será lembrando mesmo quando discordar dos alunos. Acho que embora estejamos vivendo tempos duros, todos os dias há alegrias na sala de aula, quando percebemos que em nossa aula foi possível fazer pensar, dialogar ideias, lutar por consensos entre posições. Tudo isso é investir em um modus vivendi que aponta para a possibilidade do diálogo, não há como abrir mão disso. Parabéns e bom trabalho.

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  19. Prezado Fernando,

    Acho suas colocações extremamente pertinentes, especialmente quando vemos a nossa conjuntura atual. Olhando um pouco para educação e a metodologia de ensino aplicada pelos professores nos anos 1980, a situação era de tensão, ou de comodismo mesmo, em não debater assuntos que trouxessem "desconfortos" ideológicos. Não se falava em diversidade de gêneros, religiosas ou política. Após a abertura política, pensávamos que talvez houvesse mais liberdade de atuação dos professores, especialmente quando se inseriu as disciplinas de Filosofia e Sociologia no conteúdo escolar. Mas o que nos surpreende neste momento, é o quase total desconhecimento dos jovens sobre as questões históricas, especialmente dos movimentos extremistas que sempre pregaram abertamente ações de exclusão. Quando conhecemos bem a história, sabemos que esses movimentos não são novos.
    Ao mesmo tempo em que vejo alunos meus preocupados sobre suas ações e discursos em sala de aula sob "vigilância", ouço também depoimentos de que professores fazem sim discursos ideológicos, induzindo os alunos a visões descriminatórias de religião ou do gênero. Como bem abordado nesse espaço de discussão e no seu texto, a mordaça só poderá ser usada para uma parte dos professores, ou seja, para aqueles que defendem o respeito e as igualdades sociais, étnicas, religiosas, de gênero, os direitos dos excluídos. É a mesma visão utilizada no tempo colonial, em que o povo não deveria ser instruído nas letras para não conhecer e nem exigir seus direitos.
    Parabéns professor pela apresentação do texto, precisamos sim falar cada vez mais sobre o assunto.

    Cláudia Cristina do Lago Borges

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  20. Cláudia, sim, temos um processo de apagamento das memórias recentes da ditadura e das conquistas a partir da constituição de 1988, e cabe à disciplina de História lembrar isso. Também vivemos tempos em que parece que só importa o saber técnico, e que as ciências humanas são apenas doutrinação. É difícil reverter esse quadro, mas penso que todos os dias há alegrias, quando verificamos que alunos e alunas debatem opiniões próprias, se abrem ao diálogo. Parabéns e bom trabalho.

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  21. Excelentes provocações e um "retrato" do atual quadro do ensino de História (não só dela). Acredito que os espaços de formação dos professores de História também devam se posicionar e promover/ampliar as discussões sobre as temáticas expostas aqui. Avançar sobre o fosso da "transposição" entre o "saber acadêmico" e o "escolar" torna-se ainda mais complexo em relação aos temas sensíveis abordados em sala de aula. O quadro de comodismo/apatia (dados todos os obstáculos que se impõem sobre o difícil ofício de ser professor hoje em dia) se mostra claro entre os colegas como resultado de um embate aparente "já vencido" ou para clara manutenção de suas vagas na rede particular de ensino. Deste modo, o "raio de ação" dos professores já se encontra previamente demarcado. Mesmo que dentro dos limites físicos de sua sala de aula o professor goze de (relativa, pois temos alunos também com posicionamentos conservadores) autonomia (já que ainda não temos censores in loco). Com exceção do vereador do MBL inquirindo professores.

    Leonardo Leal Chaves

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  22. Leonardo, certamente, como você identifica, nossa tarefa hoje em dia é alargar o campo da liberdade de ensino, em sintonia com o pluralismo democrático, gravemente ameaçado. Muitas associações, inclusive a ANPUH, estão se posicionando nessa luta, que termina por promover aproximações entre o saber acadêmico e o saber escolar, o que eu acho muito positivo. Vamos em frente, bom trabalho.

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  23. MISS LENE PEREIRA DA COSTA7 de abril de 2017 às 03:15

    Com referência a frase de Paulo Freire expressa na primeira provocação e as implicações no ensino de História ,sabe-se que no tradicionalismo histórico tanto os historiadores quanto os professores eram meros repetidores dos fatos históricos ,pois tinham a missão de transmitir a narração dos acontecimentos tal qual estavam posto nos documentos históricos de que modo que se destacavam aqueles que conseguissem fazer a narrativa mais fiel possível,eram neutros e imparciais ,os alunos figuravam tão somente como mero receptor dos conteúdos prontos e acabados dos quais os educandos não tinham a oportunidade sequer de questionar como se dava os acontecimentos .Na Nova História os
    historiadores,professores e alunos são chamados ao debate acerca dos conteúdos historiográficos para que o saber histórico seja construído,bem como devem buscar em diferentes fontes a verdade dos fatos confrontando-as para se chegar a uma conclusão ,tem que usar da parcialidade para elucidar as problemáticas históricas e assim se faz em todo contexto educacional o professor deve possibilitar e incentivar que o aluno vá em busca de novos conhecimentos e almeje sempre novos horizontes .Desse modo percebe-se que não tem como fazer educação baseada na neutralidade pois todos os conteúdos explorados no ambiente escolar são intencionais há sempre um conhecimento previamente estabelecido para ser obtido através do tema trabalhado.

    MISS LENE PEREIRA DA COSTA

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    1. Miss Lene olá, sim, hoje o avanço do conhecimento historiográfico não permite mais que se pense que a simples leitura dos documentos históricos espelharia a verdade dos fatos. Por conta disso, como você aponta, o papel dos professores e professoras se tornou central na reflexão histórica, levando fontes para a sala de aula, confrontando opiniões, permitindo que os alunos e alunas cheguem as suas conclusões. A defesa da neutralidade em geral traz o propósito de amordaçar o debate, não permitir que as novas gerações discutam sobre o passado. Bom trabalho!

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  24. Bruna Liana Teza Canarin7 de abril de 2017 às 05:48

    Só pelo primeiro paragrafo, existe uma discussão infinita, percebe-se muito disso até no ensino superior (não generalizando) mas acredito que isso também parte da formação acadêmica que o docente tem, e como o discente é educado em casa/família, já que hoje, eles (discentes) acabam chegando na escola, sem base alguma, também são raros são os que pedem ajuda e os que precisam disso não se manifestam quando necesário.
    Bruna Liana Teza Canarin

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    1. Bruna, de fato todos temos que buscar maior formação nestes temas, para enfrentar os debates atuais. Bom trabalho!

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  25. ótimo texto e necessário nesse nosso contexto de "não razão". As pessoas se formam por informações jogadas nas redes sociais, não checam as fontes, não sabem nem a importância de se ater as fontes daquilo que usam como "elemento para argumentação". Querem falar, opinar, "argumentar" sobre tudo, principalmente sobre temas polêmicos, éticos, morais e políticos. Um contexto que tem na sala de aula e as aulas e os professores de história como personagens, sujeitos de missão árdua, até perigosa e inglória. Uma questão particular diante das suas provocações e reflexões no seu texto. Como os professores de história, no meio desse fogo cruzado político-partidário e ideológico, estereotipados como "doutrinadores" quase sempre marxistas, tem que lidar de forma equilibrada e coerente com a profissão docente, com as memórias, leituras históricas a serem ensinadas resguardando uma justiça histórica dentro da sala de aula? Ou seja, diante da pecha de doutrinador, como construir alguma dialética com alunos e pais, muitas vezes direção escolar, visto que diante dos extremos, da intolerância e do paradoxo de uma ideologia que quer o fim das ideologias na escola (vide escola sem partido), em vários espaços o diálogo é impossível?

    Dhiogo Rezende Gomes

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    1. Dhiogo, sim, checar as fontes, ter formação adequada, não ser um mero repetidor, elementos fundamentais na função docente. Situação atual da docência é de difícil equilíbrio, como você diz. Pressões de todos os lados. Há muito o que pensar e estudar sobre isso, para bem agir. Bom trabalho.

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