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Elizabete Cristina

EDUCAÇÃO HISTÓRICA E A FORMAÇÃO DOS FUTUROS PROFESSORES DE HISTÓRIA

Elizabete Cristina de Souza Tomazini
Mnt. História UEL

“Eu sabia que queria ser professora, por que gosto muito de ensinar e sabia da importância que meu professores tiveram no meu processo de crescimento como aluna e como pessoa”. [Bolsista  Rosa]      

Introdução
Este texto apresenta resultados parciais da pesquisa que estamos realizando para o  Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Londrina e   tem como título provisório ” APRENDER A SER PROFESSOR: CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO HISTÓRICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES  (PIBID HISTÓRIA /UEL 2011-2013)”, seu objeto central  é analisar como a participação de licenciandos do curso de História desta universidade, no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), pode contribuir para a formação    destes futuros  profissionais . Para tanto, foi estabelecido um recorte temporal que contemplou o Subprojeto de História do referido programa entre os anos de 2011-2013, por entender que neste período foram realizadas atividades pensadas a partir de diálogos com o campo da Educação Histórica. A seguir analisaremos algumas pesquisas deste campo sobre a formação inicial dos professores de História.

Educação Histórica
A Educação Histórica, Segundo Barca(2001),  fortaleceu-se como campo de investigação a partir da década de 1970 , trazendo como cerne das suas pesquisas “a tarefa sistemática de estudar os princípios e estratégias da aprendizagem em História , de crianças , jovens e adultos” e entendendo que seu “pressuposto teórico, parte da natureza do conhecimento histórico” e que o “pressuposto metodológico empreende a análise de ideias que os sujeitos manifestam em e acerca da História” (BARCA, 2001, p.13) . Com isso a autora defende que sujeitos de todas as idades podem aprender história.
Porém, Barca(2001) ressalta que para essa aprendizagem ocorra  é preciso refletir tambem sobre   “a formação em Ensino de História e as práticas decorrentes que para Barca não podiam ser ignoradas ”(BARCA,2001,p. 14). Por isso, se faz necessário focar a atenção do professor  muito mais em fortalecer a progressão dos conhecimentos históricos que os alunos apresentam , em detrimento das convenções quantitativas e conteudistas presentes até então. Contudo isso só ocorreria se os professores tiverem a clareza sobre como atuar dentro destas novas perspectivas, para isso, ela destaca que:
1-Será útil que os professores experienciem a pesquisa histórica e, com base nele, aprofundem o debate em torno de conceitos inerentes ao saber históricos.
 2-O contacto com os resultados recentes da investigação sobre o pensamento histórico de alunos e professores torna-se igualmente imprescindível. Estes resultados poderão fornecer elemento para a elaboração de materiais criteriosos e aplicar um ensino de História com qualidade.(BARCA, 2001. P. 21)
Assim, o conhecimento não é mais um mero produto de descobertas espontâneas, nem é transmitido mecanicamente pelo meio exterior ou pelo professor, mas sim, é "resultado de uma interação com o meio físico, social e simbólica, na qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que procura compreender o mundo e resolver as interrogações que este mundo provoca" (CAIMI, 2007. p. 26).
Schmidt e Garcia(2006) afirmam que a partir da década de 1980  “as pesquisas sobre ensino de História têm crescido gradativamente no Brasil”  e uma das questões que despontaram foi a necessidade de  “  melhorar a formação dos mestres e profissionalizar o ofício de professor, desenvolvendo pesquisas que construíssem um repertório de conhecimentos específicos sobre ensino[...]”( 2006. P. 16), pois muitas investigações apontavam que melhorar a formação incial dos futuros professores poderia impactar nos resultdos obtidos pelos alunos da Educação Básica.
Seria a experiência da Universidade Estadual de Londrina, realizada no PIBID, capaz de transformar práticas ainda presentes  no ensino de História como as aulas palestras, o professor como detentor do conhecimento, o ensino de uma história linear e conteudista? A participação num projeto que se pautou pelas ideias da Educação Histórica sobre o ensino e aprendizagem poderia “lançar as sementes” para modificar este quadro?
Monteiro(2001) defende que a formação inicial pode ser um importante momento na constituição dos saberes do futuro profissional desde que ele se constitui-se como um processo de formação continuada , pois assim  ele possibilitaria trocas, sensibilizar e instrumentalizar os futuros docente em diferentes situações que provavelmente acabaria se deparando  em sua vida profissional.Além disso, ela defende que o professor é “sujeito do trabalho que realiza e não um simples repassador de saberes produzidos por outros.” ( MONTEIRO, 2001).
Assim, uma formação que privilegiasse a experiência pautada na teoria poderia ser um caminho no sentido de ampliar e melhorar a formação oferecida ao licenciandos de história.  Cainelli (2008) afirma, que a História ensinada pertence ao domínio do saber historiográfico e que seu estatuto é o mesmo da História erudita. É preciso entender o conhecimento histórico na perspectiva da investigação histórica para se ter condições de ensinar história. ( CAINELLI, 2008, p. 3). Este pensamento, segundo a autora não é recente e quando analisamos os currículos propostos desde a implantação do Ensino de História no século XIX até os dias atuais percebemos que houve uma preocupação em relacioná-los com os estudos historiográficos, porém nem sempre o saber histórico produzido em sala de aula seguiu o rigor científico exigido pela academia.
Entre as produções acadêmicas que tem como objeto de estudo os professores analisamos as pesquisas de Gago(2007) Theobald(2007), Feitosa(2009), Cainelli(2012), Divardim Oliveira(2012),  Sobanski(em andamento) ainda que não estritamente focadas na formação  inicial dos professores de História, essas pesquisas nos forneceram subsídios para refletir sobre o nosso objeto.
Marilia Gago(2007) em sua tese de doutoramento” CONSCIÊNCIA HISTÓRICA  E NARRATIVA NA AULA DE HISTÓRIA: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES”, destaca que as investigações sobre da  Educação Histórica procuravam compreender como se da o processo de ensino aprendizagem dos alunos da educação básica, a partir de suas narrativas. Contudo a intervenção dos professores suscita a necessida de identificar como este sujeito entende e constroi sua próprias narrativas e ideias sobre a história.
Assim, a partir desta autora, podemos inferir que a formação do professor afeta a forma como ele se relaciona com alunos e conteúdos escolares. Por isso, Gago(2007) propõe analisar como isso se dá partindo de uma investigação onde ela se utiliza da metodologia da Grounded Theory . Como questão central de sua investigação pretendia identifcar os perfis conceituais que os professores de História apresentavam em suas narrativas , entendida por ela como uma das face da consciência histórica. Em suas conclusões apontava que  “ os dados do estudo final sugerem existir uma relação entre o perfil da consciência histórica dos participantes e os sentidos de aprendizagem dos alunos.(GAGO, 2007, p. 355). Assim percebia que um debate sobre como “operacionalizar as questões referentes a Epistemoloia do conhecimento social”  era necessário e urgente.
Para Gago(2007, p. 339), esses debates não poderiam ser feitos de maneira unilateral , mas sim num “ percurso a ser construido entre professores de História e educadores/formadores de professores de História, entre a escola e o ensino superior, visando contínuo crescimento profissional de forma transformadora”.
Também sobre a formação de professores  Henrique  Rodolfo Theobald(2007)  em sua dissertação  “A EXPERIÊNCIA DE PROFESSORES COM IDÉIAS HISTÓRICAS: O CASO DO ‘GRUPO ARAUCÁRIA’”, pesquisa  a partir de um estudo de caso,   como os professores de História da rede de ensino do município de Araucária conceituam História. Para tanto Theobald utiliza-se de algumas categorias presentes no arcabouço das pesquisas da Educação Histórica como os conceitos de idéias históricas substantivas e idéias históricas de segunda ordem de Lee . A partir dessa identificação buscou
categoriza-las na perspectiva da tipologia de consciência histórica desenvolvida por Jorn Rüsen: tradicional, exemplar, crítica e genética, para verificar a presença da idéia predominante e a ocorrência de possíveis mudanças na estrutura da consciência histórica por meio das idéias expressas pelos professores.(THEOBALD, 2007, p. X)

Para Theobald(2007, p.52) a atividade de ensino exige, assim como a atividade de pesquisa,   uma qualificação específica. “ Assim, para que a prática educativa se realize em função da atividade de pesquisa, é necessário que sejam fornecidos os meios adequados para a produção do conhecimento”
Para pensar a  formação  dos professores  na perspectiva da Educação Histórica Thiago Augusto Divardim de Oliveira(2012) “A RELAÇÃO ENSINO E APRENDIZAGEM COMO PRÁXIS: A EDUCAÇÃO HISTÓRICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES”,
Defende a necessidade de incorporar a discussão sobre a teoria da Consciência Histórica, desde a formação dos professores até o desenvolvimento dos programas da disciplina para a melhoria do ensino de história como indicação a todos que pretendem realizar bem as funções que se relacionem a história, seja como pesquisador ou como professor. (OLIVEIRA, 2012, p. 1)
Partindo das ideias que aponta que a capacidade de orientar-se no tempo seria a nossa consciência histórica (RÜSEN,2001), Divardim de Oliveira(2012)  investigou junto a professores da rede publica de Araucária como estes constituiam o conceito de aprendizagem histórica a partir das ideias de  Rüsen (1992; 2001; 2006; 2007; 2009 e 2010), Schmidt (2009; 2010 e 2011), Barca (2006) Lee (2006). Como resultados de sua pesquisa aponta que
[...]as consciências históricas dos professores entrevistados estão perspectivadas pelo referencial da educação histórica.[...]Os professores demonstraram preocupações com a dimensão ética da consciência histórica dos alunos, e o sentido apontado através da práxis está na intervenção pautada na humanização. O conceito humanização foi identificado nas respostas dos professores e sistematizado a partir de um diálogo entre a epistemologia da História de Jörn Rüsen e a teoria educacional de Paulo Freire, cruzando os dois campos teóricos pertencentes a educação histórica: o campo da teoria da história e o campo da educação. Tais resultados permitem apontar que o ensino de História pode auxiliar no desenvolvimento de consciências históricas mais complexas e humanizadas.(OLIVEIRA, 2012, p. 11)
Outra pesquisa que busca refletir sobre os impactos da formação inicial no futuro docente foi realizada por Mariana Reis Feitosa (2009), que em sua  dissertação “O lugar da Prática de Ensino e do Estágio Supervisionada na formação inicial do professor de História: um estudo sobre o curso de História da UNESP/ Assis”, em seus estudos entrevistou egressos do curso de História da Universidade Estadual Paulista, e identificou que a  “Universidade ainda discute pouco, ou de forma sutil a formação de professores”( FEITOSA,2007, p. 7).  Para ela esta situação deveria servir como um “alerta para uma revisão a respeito da preparação de professores por parte de docentes e discentes do referido curso e de outros cursos de licenciatura.”( FEITOSA, 2007, p. 7)
Feitosa(2009) destaca que essa necessidade em repensar da formação dos professores  poderia ser explicada pelo, aparente, distanciamento das universidades em relação à Educação Básica,  e pela percepção de que existiria um pretenso privilégio  da pesquisa e da pós-graduação, em detrimento aos, cursos de graduação, principalmente, as Licenciaturas.
 Rita de Cássia Gonçalves Pacheco dos Santos em sua tese “A significância do passado para professores de HistóriA” entende que
O professor de História, também um historiador, pode ser entendido como um sujeito historicamente situado e com maneiras específicas de ver e entender o mundo que o cerca. Sendo assim, estudar as formas como entende a epistemologia da ciência de referência – História auxilia no entendimento de como ele se relaciona com a disciplina que trabalha.(SANTOS, 2013, p.25)
Ou seja, como os outros autores aqui citados  identifica que  o professor de História carrega para as suas atividades profissional ideias que podem interferir e influenciar a forma e o que ele trabalha com os alunos da Educação Básica. Em sua pesquisa investiga um grupo de professores da rede pública de Curitiba (Paraná), entendendo que “são sujeitos importantes dentro do contexto escolar e estudar suas ideias e suas crenças auxilia o entendimento do processo de aprendizagem histórica”(SANTOS, 2013, p. 26)
Sobanski(2015), em pesquisa para doutoramento, que se encontra em fase de finalização, investiga como professores apropriam da  teoria da Educação Histórica   e as insere em  suas práticas na sala de aula. Assim como Theobald e Divardim , a autora realiza seus estudos a partir de um grupo de  professores da Rede Estadual e Municipal da região de Curitiba( Paraná) e suas  experiências de formação continuada tendo como referencial teorico as pesquisas da Educação Histórica.
Sobanski(2015)  entende que identificar como esses sujeitos conceituam História e se relacionam com algumas ideias como conhecimentos previos, narrativa, conteúdos substantivos e de segunda ordem podem   promover uma  reflexão sobre como ensinar, o que ensinar, que resvalaria no  currículos escolares, cursos de formação e de atualização.

Conclusões parciais
Apresentamos aqui algumas obras que investigam o professor a partir do campo teórico da Educação Histórica, na maioria delas percebemos que a formação inicial tem um papel significativo na forma como este profissional  desempenha suas funções em sala de aula. Ideias que já eram debatidas  por Cainelli(2001), quando esta apresenta importante discussão sobre a formação que se deveria oportunizar aos licenciandos do curso de História.
Partindo de sua experiência como professora da área de Metodologia e Prática de Ensino, no departamento de História, da Universidade Estadual de Londrina,  a pesquisadora identifica que era preciso refletir sobre a formação oferecida nos cursos de História, pois esta se baseava num curriculo dualista do qual poderiamos trazer alguns questionamentos “Ser professor é uma profissão que se aprende?  Ou acredtiamos que basta ter contéudo? Ou basta ter talento?” ( CAINELLI, 2001, p. 73). Partilhamos com a autora dessas indagações e são elas que trazemos para nossa investigação: “Como se aprende a ser professor ?”

Referências
BARCA, I. Educação Histórica: uma nova área de investigação. Revista da faculdade de Letras-História. Porto III Série . volume 2. 2001. Pp. 013-021
CAIMI, Flavia Eloisa. Por que os alunos (não) aprendem História? Reflexões sobre ensino, aprendizagem e formação de professores de História. Revista Tempo, Rio de Janeiro. v.11, n. 21, 2007 Disponível em: http://www.historia.uff.br/tempo/site/?cat=49. Acesso em: 30 de Abril de 2012
CAINELLI, Marlene. A relação entre conteúdo e metodologia no ensino de História: apontamentos para repensar a formação de professores, bacharéis ou profissionais da História. Saeculum–Revista de História, v. 6, 2001
_________________. "Os saberes docentes de futuros professores de história: a especificidade do conceito de tempo." Currículo sem Fronteiras 8.2 (2008b): 134-147.
OLIVEIRA, Thiago Augusto Divardim de. A relação ensino e aprendizagem como práxis: a educação histórica e a formação de professores. Mestrado, UFPR. Curitiba, 2012.
FEITOSA, Mariana Reis. Olugar da Prática de Ensino na formação inicial do professor de história: um estudo sobre o curso de história da UNESP, campus de Assis. Londrina, 2009.(Dissertação)
GAGO, Marilia. Consciência Histórica e Narrativa: concepções de professores.Tese de Doutoramento. Braga: IEP, Universidade do Minho. 2007

MONTEIRO. Ana Maria. A prática de ensino e a formação inicial de professores. 2001. In: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0032a.htmlAcesso em agosto de 2016.

SANTOS, Rita de Cássia Gonçalves Pacheco dos A significância do passado para professores de História (Tese) Curitiba, 2013.
SCHMIDT,M. A. GARCIA, T. M. B. Pesquisas em Educação Histórica: algumas experiências. Educar, Curitiba, Especial, p. 11-31, 2006. Editora UFP
SOBANSKI, Adriane Quadros. "Formação dos professores de história: educação histórica, pesquisa e produção de conhecimento." História & Ensino 20.2 (2015): 129-142
THEOBALD, Henrique Rodolfo. A Experiência de Professores com Ideias Históricas: o caso do “grupo Araucária”. 2007. 240 f. Diss. Dissertação (Mestrado em Educação)–Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.


12 comentários:

  1. Boa tarde, Profa. Elizabete Cristina.

    Gostaria de parabenizá-la pela qualidade do seu texto e da problemática abordada.

    Estou concluindo uma Especialização em Ensino de História e estas questões sobre “o fazer e como fazer” do professor, sempre estiveram presentes em nossas aulas.

    Confesso que não conhecia a pesquisa do Prof. Divardim Oliveira (2012), e fiquei muito feliz em me reconhecer entre aqueles professores entrevistados, que adotam as proposições de Rüsen e Freire em suas práticas.

    Adotar esta posição não é fácil. Exige um grau de comprometimento que muitas vezes, nos coloca diante dos nossos próprios limites.

    Acredito que não exista ainda uma resposta fechada e pronta sobre as indagações apresentadas no fim do texto. Acho que uma combinação de fatores é responsável pelas orientações no exercício da docência. Além da formação profissional, que é fundamental, as experiências e as expectativas pessoais certamente têm um peso.

    Por outro lado, diante das transformações em curso na Educação, este não seria também um momento importante para nos questionarmos sobre quem educamos, por quê, e para que/quem educamos? Ou seja, qual é o papel social do/a professor/a na nossa sociedade? Ou ainda, que imagens são construídas deste/a profissional?

    Eu coloco isso Profa, porque existem discursos que associam o sucesso e o mau desempenho dos/as alunos/as na Educação Básica ao fracasso do PROFESSOR/A; como se não existisse nenhuma dificuldade ou barreiras de ordem social e estruturais.

    Peço desculpas, se fugi muito do tema da Sra.

    Abraços,
    Danielle da Costa

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    1. Olá Danielle,
      Olá Elizabete,

      Gostaria de parabenizar pelo texto e pelos debates propostos. São questões muito importantes.

      Um comentário importante em relação aos professores do Município de Araucária, diz respeito a condições materiais e objetivas de trabalho. Essa é uma característica que procurei destacar no texto do mestrado, assim como busquei destacar novamente na tese que defendi recentemente.

      Em Araucária ocorreu na década de 1990 um movimento interessante. Os professores e professoras conquistaram através da luta por melhores condições de trabalho um PLANO DE CARREIRA. Para poder subir no plano de carreira, o magistério reivindicou cursos de formação continuada. No caso da História, ocorreu uma aproximação com o LAPEDUH - UFPR. Professoras e professores do município passaram a fazer pesquisas sobre o ensino e a aprendizagem da História. Podemos olhar as referências de textos publicados aqui nesse evento e veremos professores de Araucária citados como referências dos debates dos primeiros anos da Educação Histórica no Brasil. Em parceria com o LAPEDUH, por exemplo, esses professores tiveram no início dos anos 2000 formações com as professoras Isabel Marca e Maria Auxiliadora Schmidt.

      Comento isso, pois concordo que é comum associar sucesso ou fracasso apenas a figura do professor, ainda mais na lógica das competências e das macro-avaliações. Isso realmente é complicado. Acho interessantes desenvolver estudos relacionados a casos em que a atuação docente faz diferença. E é também importante levar em consideração os aspectos concretos e materiais das condições de trabalho intelectual.

      Nas discussões do LAPEDUH temos buscado valorizar o processo formativo, a ciência da História como referência, a autonomia do trabalho do professor, assim como as condições materiais e objetivas para a realização do trabalho intelectual.

      parabéns pelo texto
      parabéns pelas questões

      vamos conversando

      Thiago Augusto Divardim de Oliveira

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    2. Oi Danielle obrigada pelas considerações sobre o meu texto, concordo com você sobre as dificuldades que temos quando nos propomos a investir em estudos teóricos que rompem com o ensino de história conteudista e factual. Apropriar-se das ideias de Rusen e de Freire e constantemente implementa-las em nossas aulas exige um esforço muito grande. Em minha pesquisa tenho como objetivo investigar se licenciandos que participaram do PIBID de História da UEL, e receberam uma formação dentro dos preceitos da educação Histórica, aplicaram esse aprendizado quando se tornarem professores. O que tenho até o momento como resultados da minha coleta de dados apontam que sim , essa formação inicial impacta no professor que eles se tornaram , mas carece de continuidade e apoio. Sobre as questões que nos afligem como a Base nacional comum, a Reforma do Ensino Médio que afetam muito nossa área , infelizmente não poderão ser alvo de discussão na minha dissertação pois a mesma se encontra em fase de finalização. Mas penso que a formação oportunizada pelo PIBID acaba levando esse sujeito a discutir seu papel antes mesmo dele estar formado e também incentivando jovens da Educação Básica a buscar no magistério sua profissão. Vivemos tempos muito duros, com ataques ao que fazemos dentro de nossas salas então chegar como uma imagem clara do tipo de profissional que você quer ser pode se algo positivo,
      Sobre a associação do fracasso escolar ao Professor li vários estudos do campo da Psicologia Educacional que apontam para essa possibilidade, assim como ao analisar textos de reformas do ensino no Brasil também encontrei essa culpabilização do professor concordo com você e o Divardim as dificuldades dos alunos da educação Básica brasileira envolve outros fatores que não podem ser ignorados

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    3. Thiago Augusto Divardim de Oliveira obrigada pela leitura do meu texto, a ideia da minha dissertação é analisar os impactos dos estudos da Educação Histórica na formação dos futuros professores de história. As reflexões sobre se essa formação afeta ou não os professores que esses sujeitos se tornaram foi o enfoque dado. Sobre a atribuição o fracasso escolar aos professores penso como você é preciso investigar experiencias que deram certo. E nesse sentido as pesquisas que apresento aqui, entre as quais a sua, são exemplos que devemos seguir.

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  2. esses programas contribui muito para o aperfeiçoamento da formação de futuros professores e os que já trabalham. e ajudam muito os professores que estão no dia a dia da sala de aula. será que as metodologias apresentadas pelos bolsistas vão se efetivar pois os "vícios", o cansaço e a própria rotina dos professores podem impedir essas contribuições vinda destes programas?

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    1. Oi Marcelo, olha é um movimento de troca, pois nem tudo o que os bolsistas trazem com base na teoria se efetiva na prática. Penso que o olhar do outro ( bolsitas e supervisor) contribui no sentido de instigar o professor a tentar novas metodologias e os bolsistas a superar certos temores sobre o exercício do Magistério. Na UEL, que é a experiencia que analiso, o subprojeto de História tem se pautado pelo estudo de teorias sobre a didática da história, em especial a Educação Histórica.
      Nesse processo os bolsistas observam as aulas e desenvolvem projetos de aula-oficina,sempre com a supervisão de um professor e o apoio teórico dos coordenadores da IES. E Apesar dos vicios e cansaço vejo que todas são afetados nessa convivência.

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  3. Olá, sou professora de História e Geografia na Rede Básica e achei muito interessante as considerações apresentadas sobre a prática docente no ensino de história. Infelizmente ainda temos em nossas escolas, professores que se baseiam na pedagogia instrumental, desempenhando uma educação bancária, onde o conteúdo é imposto aos alunos e cobrado em forma de avaliação escrita. Ainda temos professores que ensinam aos seus alunos que “os portugueses descobriram o Brasil, que a Terra é redonda” e assim por diante. Saliento que, no decorrer da minha experiência profissional, pude perceber que alguns professores trabalham numa perspectiva totalmente tradicional, por acomodação não buscam desempenhar uma metodologia diferente. Mas, ressalto ainda, que há professores que são produtos de uma má formação, ou seja, temos nas Universidades professores de prática de Estágio que nunca trabalharam na Educação Básica, não tenham noção nenhuma do que é uma sala de aula na Educação Básica. Neste sentido o PIBID é um programa que aproxima o estudante da realidade e objetiva oferecer uma melhor formação. Evidencia-se que o professor, principalmente de História não deve ser somente um detentor do saber e impor o conteúdo ao aluno, mas deve ser um mediador do conteúdo e do conhecimento que o aluno já traz da convivência em sociedade, ou seja, o professor deve desenvolver a criticidade do aluno, preparando-o para a convivência em sociedade. Como ressaltado, o PIBID é um meio de aproximar o acadêmico da realidade escolar para prepara-lo para a prática docente. Mas se o aluno do PIBID se deparar com um professor conservador, qual será o seu aprendizado? O que ele pode fazer para mudar a prática docente?

    Inês Valéria Antoczecen


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    1. Oi Inês partilho de suas considerações, na minha pesquisa transito por um recorte que observa um grupo que teve durante sua participação no PIBID uma formação voltada aos estudos e ações nortedas pelo campo Teórico da Educação Histórica. Considero que em outras experiências um bolsistas do PIBID que se deparar com um supervisor de campo conservador pode contribuir no sentido de aproximar esse professor da educação Básica de outros olhares sobre como pode ser uma aula de História. Na minha experiência como supervisora do PIBID( surgiu dai o meu interesse em pesquisa-lo) pude vivenciar um movimento de trocas entre todos os sujeitos envolvidos, onde o professor que recebe os bolsistas se ve motivado a melhorar suas aulas, a discutir suas propostas. Mas o PIBID enquanto programa de formação inicial dos futuros professores pode contribuir ainda mais.

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  4. Daniela Rodrigues Françoso5 de abril de 2017 às 17:26

    Ola professora Elizabete Cristina,
    É uma excelente discussão acerca do tema sobre a prática docente em ensino de História, já que sou professora de Educação Básica, é interessante observar a nossa formação na graduação que na maioria das vezes são voltados a formação de historiador e não para professor de História, isso é um complicador, porque o docente acaba por ter que aprender a se tornar professor, conforme o apontamento no seu texto, “Ser professor é uma profissão que se aprende? Ou acredtiamos que basta ter contéudo? Ou basta ter talento?” ( CAINELLI, 2001, p. 73). Partilhamos com a autora dessas indagações e são elas que trazemos para nossa investigação: “Como se aprende a ser professor", acredito que ser professor é atuar e colocar em prática o conhecimento.

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  5. Oi Daniela, obrigada pelos comentários sobre a minha pesquisa, concordo quando você diz que ser professor é colocar em prática o conhecimento, e sim vários pesquisadores apontam sobre a necessidade de uma reflexão sobre a formação oferecida nos cursos de licenciatura que segundo dados de pesquisa da professora Marcia E. Tete Ramos carece de um tempo maior para o exercício da docência. O que me facina nos estudos da Educação histórica é que ele não separa o profissional em professor e pesquisador. Os estudos da educação Histórica, em especial Isabel Barca, Maria Auxiliadora Schmidt e da Marlene Rosa Cainelli apontam para a necessidade de pensarmos na formação de professor pesquisador, que poderia ser um caminho para a superação de um ensino de História ainda muito conteúdista e factual.
    Elizabete Tomazini

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  6. Boa noite, Elizabete!
    Sua pesquisa fomenta no leitor a reflexão e instiga sobre algumas hipóteses relacionadas à temática, bem como a questão intrínseca à esta “Como se aprende a ser professor ?”.
    Parabéns pela escolha de sua pesquisa!
    Minha pergunta é a seguinte: Como você delimita o período de investigação (2011-2013), em sua opinião, você considera [ou não] diferente a forma “Como se aprende a ser professor ?”, característico deste século XXI? Ou, em sua opinião, "aprender a ser professor" é algo atemporal?

    Abraços,
    Eliane dos Santos Malheiros

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    1. Oi Eliane , obrigada por ler o meu texto, a delimitação da minha pesquisa se deu por que esse grupo de bolsistas do PIBID teve uma formação com maior enfoque nos estudos das pesquisas da Educação Histórica, e todos estão formados e parte deles atuando como professor o que me possibilitou investigar se a formação inicial recebida afetaria, ou não, sua atuação profissional. Pelas leituras que fiz certos questionamentos sobre a formação são bem antigos , um exemplo é o tempo destinado ao estagio e a dicotomia nos cursos de licenciatura entre a formação pratica para o magistério e os estudos teóricos. o que me encanta nos estudos da Educação Histórica é que ele entende que o professor é um pesquisador, então não separa a teoria da prática docente, afirmando que o que o professor faz em sala é produção e não reprodução dos saberes da area da História. Bjs

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