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Daniel Lima

INSERÇÃO E PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA HISTÓRIA: COMO O PROFESSOR TRABALHA A QUESTÃO?

Daniel Rodrigues de Lima

Mestrando em História UFAM


Introdução
O objetivo que se pretende alcança nesta pesquisa é: Identificar como os professores trabalham em sala de aula a inserção e participação do feminino no componente curricular de História.

História das mulheres e relações de gênero: fundamentação teórica e representação do feminino no processo histórico
Entre as obras que são de grande relevância em nossa fundamentação teórica temos o artigo “História e relações de gênero” de Cristiane Manique Barreto, onde a autora busca de forma sintética conceituar a categoria de gênero enquanto análise histórica. Pois de acordo com a autora temos a seguinte conceituação sobre gênero:
Quando falo em gênero, estou falando de relações. Não de mulheres, nem de homens, mas de como historicamente e socialmente foram construídas as relações entre homens e mulheres. Portanto, a categoria de análise-gênero-remete a cultura e não ao biológico. (BARRETO, 2009, p.146)
Sendo assim, ser homem ou mulher é uma construção social e cultural, e a partir disto uma relação de poder que envolve a sexualidade como construção social e cultural com seus ritos, linguagens, representações e símbolos.
A autora Rachel Soihet em seu artigo “História das Mulheres” salienta ainda que não devemos trabalhar com a história da mulher, mas com história das mulheres, pois estas possuem as mais variadas diferenças, de classe, religião, étnica e entre outras, onde se busca entender que: “[...] as mulheres são alçadas à condição de objeto e sujeito da história” (SOIHET, 1997, p. 399).
O artigo “História das Mulheres: As Vozes do Silêncio” de Mary Del Priore é outro ensaio historiográfico de extrema importância na compreensão e entendimento da abordagem História das mulheres e relações de gênero, em que segundo a autora:
[...] Sua função maior deve ser a de enfocá-las através da submissão, da negociação, das tensões e contradições que se estabeleceram, em diferentes épocas, entre elas e seu tempo; entre elas e a sociedade nas quais estavam inseridas. [...] Mas história da qual não estejam ausentes os pequenos gestos, as práticas miúdas e repetitivas do cotidiano, as furtivas formas de consentimento e interiorização das pressões, simbólicas ou concretas, exercidas contra as mulheres. (PRIORE, 1998, p. 235)
Diante do exposto pela autora entendemos que a história das mulheres deve privilegiar não a mulher singular, mas as diversas mulheres enfocando seus processos de viver em sua prática social que produzem as formas de submissão, da negociação, das tensões e contradições existentes em seu universo social, onde devemos observar e compreender os pequenos gestos e suas práticas miúdas mais íntimas no viver cotidiano, e com isso, fazê-las existir, falar, viver e ser.

Como o professor em sua ação didático pedagógica trata a participação e inserção do feminino na história em suas aulas
Em nosso questionário as perguntas cinco, seis, sete e oito tratam de questões relacionadas à história das mulheres e relações de gêneros, desenvolveremos as discussões com as respostas que obtivemos e descreveremos.
Na pergunta número cinco de nosso questionário perguntamos aos professores o seguinte: o livro didático utilizado nas aulas de história, visualiza sim ou não as mulheres como sujeitos ativos no processo histórico?, obtivemos as seguintes respostas:
Professor 1- Não. E praticamente pouco cita as mulheres e suas participações nos processos históricos aos quais estão vinculadas na sua vivencia em sociedade.
Professora 2- O livro didático tenta quando possível mostrar mulheres atuantes no processo histórico.
O que fica claro é que as produções dos livros didáticos são totalmente comprometidas com a história oficial, que privilegia os grandes heróis nacionais, marginalizando os demais segmentos sociais, entre os quais as mulheres.
Na sexta pergunta questionamos: o que você entende acerca da história das mulheres e das relações de gênero?, e as respostas que nos foram fornecidas têm-se:
Professor 1- Apesar de não ser voltado para as questões de gênero, acredito que as mulheres devem ser mostradas sim, enquanto sujeitos que produzem e vivenciam a história, pois é nas relações entre homens e mulheres que a história é produzida, onde um exemplo clássico é a Revolução Francesa em que as mulheres saem às ruas em defesa da comuna, [...].
Professora 2- Com a ascensão das mulheres em vários aspectos da sociedade. Acredito que já não mais existe essa divisão de gêneros. Em nossa sociedade já não cabe esse tipo de discriminação.

Os dois professores vão de acordo com os teóricos que estudamos, pois acreditam em uma história das mulheres e ralações de gênero que busca uma forma de acabar com todos os tipos de estereótipos e preconceitos e alçar as mulheres à condição de sujeitos e objetos da História. Onde sobre essa questão corrobora com as afirmações dos professores as análises de Rachel Soihet, que propõe:
A escassez de vestígios acerca do passado das mulheres, produzidos por elas próprias, constitui-se num dos grandes problemas enfrentados pelos historiadores. [...] Daí a maior ênfase na realização de análise visando a captar o imaginário sobre as mulheres, as normas que lhes são prescritas e até a apreensão de cenas do seu cotidiano, embora à luz da visão masculina. Nos arquivos públicos sua presença é reduzida [...]. (1997, p. 428)
Como pergunta de número sete temos: os alunos conseguem visualizar a invisibilidade do feminino na história que é contada pelo livro didático?, as respostas que obtivemos:
Professor 1- Não. Pelo menos em minha experiência ainda não encontrei alunos que questionassem tal estado de coisas, mas o professor pode e deve fazer esta crítica com o intuito de alertar aos alunos essa condição, e com isso, estes entenderem o porquê dos preconceitos em relação às mulheres, pois o caminho para trazer esses sujeitos históricos que são na maior parte das vezes negligenciados pelos livros e matérias didáticos é a crítica que o profissional pode fazer, e em cada assunto tentar mostrar como essas classes marginalizadas da história estão em determinado contexto.
Professora 2- Não, sem o auxílio do professor.

Acreditamos e concordamos com as afirmações dos professores, onde se os alunos não conseguem fazer essa visualização, da falta das mulheres na história contada pelos livros cabe ao professor com sua criatividade fomentar a dúvida aos alunos.
Como oitavo e último questionamento têm-se a seguinte questão: como você faz para mostrar que a história é uma construção de homens e mulheres, e não só dos primeiros como é muito comum na história tradicional? E como fazer para inserir as mulheres na história evidenciando sua participação no processo histórico?, como respostas:
Professor 1-Partindo do princípio de que todos que estão inseridos em sociedade, homens e mulheres fazem a história, pois este conceito vem das teorias de Marx e Engels, que acreditam nos homens e mulheres, como sujeitos e objetos da história, pois influenciam e são influenciados pelas suas relações sociais de produção, e assim, sob está ótica que procuro mostrar que as mulheres, assim como os homens, são agentes ativos no processo histórico, transformando e sendo transformadas pelos ventos da História. Em relação à segunda pergunta, o professor deve trabalhar essa temática junto aos fatos históricos, onde este pode lançar mão de uma pesquisa, onde podem trabalhar com os alunos em sala alguns textos, vídeos, livros para que com isso possa dar vozes a esses segmentos que há muito tempo são marginalizados da história.
Professora 2- Mostrando que a história é formada por homens e mulheres atuantes em suas épocas. Que a história não é feita só por pessoas atreladas ao poder, pois existe uma gama de pessoas determinadas a mudar a direção da sua História.
Assim é que devemos fazer a inserção e indicar a participação das mulheres na história, indicando que todos os sujeitos que compõe a sociedade são agentes históricos, produzindo e sendo produtos da história e a história das mulheres e relações de gênero contribuem com este enfoque historiográfico.

Considerações finais
O principal objetivo do artigo era de entender como os professores trabalham em sala de aula a inserção e participação do feminino na História, onde as entrevistas com os professores e a nossa fundamentação teórica nos permitiram compreender que é preciso mostrar aos alunos o que todos são. Diante disso, buscou-se demonstrar que as mulheres são produtoras e fazem a História assim como os homens, pois são partícipes ativas no processo de construção social.

Referências
BARRETO, Cristiane Manique. História e Relações de gênero. In: MORGA, Antônio Emilio; BARRETO, Cristiane Manique (orgs.). Gênero, sociabilidade e afetividade. Itajaí: Casa Aberta Editora, 2009.
DEL PRIORE, Mary. História das Mulheres: as vozes do silêncio. In: FREITAS, Marcos Cezar de (org.). Historiografia Brasileira em Perspectiva. São Paulo: Contexto, 1998.
SOIHET, Rachel. História das Mulheres. In: CARDOSO, Ciro Flamarion, VAINFAS, Ronaldo (Orgs). Domínios da História: Ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro. Elsevier, 1997.

Fontes
Entrevista concedida pelo professor 1 da Escola Estadual Rosina Ferreira da Silva, onde leciona do 7° ao 9° nos turnos matutino e vespertino, em 21.08.2012.
Entrevista concedida pela professora 2, que leciona no ensino fundamental e médio na Escola Estadual Maria Rodrigues Tapajós, em 21/09/2012.

29 comentários:

  1. Parabéns pelo seu artigo! De fato os livros didáticos não possibilitam a reflexão sobre a história das mulheres e os nossos(as) estudantes, infelizmente não percebem essa exclusão pois veem como "normal" a história escrita por e sobre os homens.mas cabe aos professores(as) fazerem essa ponte reflexiva sobre o assunto, como revelado em sua entrevista.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Boa noite! Parabéns pelo artigo. Ao pensarmos sobre o ensino concedido nas escolas, é comum a abordagem histórica do ponto de vista tradicional e os livros didáticos pouco trazem personagens femininas que contribuíram em momentos decisivos. Desta forma, como você indicaria o trabalho deste enfoque, sem que dependa dos alunos o questionamento referente a falta de mulheres nos livros? Obrigada! Att, Helem da Rocha Leal

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    1. A partir do que exposto por March Bloch, ou seja, que todos são agentes partícipes do processo histórico. Em que as mulheres assim como os homens possuem papel de protagonista na construção do processo histórico.
      Dessa forma, o professor deve ser um sujeito que estimule o pensar, e, assim, o professor traga para as aulas materiais (fontes, documentos e recursos didáticos) que possibilitem o trabalho de inserção do feminino na história.

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  4. Boa noite Daniel

    Meu nome é Fábio Liberato de Faria Tavares e gostaria de parabenizá-lo pelo artigo. Queria saber se você teria algum site para indicar que proponha atividades de valorização da figura feminina nas aulas de História.

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    1. A revista Mais que Amélias trazem diversas abordagens acerca do feminino na história e sua participação ativa na construção do social.

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  5. Como dito acima o professor deve comentar sobre a falta da mulher nos livros, mas como estimular o pensamento crítico nesses alunos e fazer eles perceberem isso em qualquer outro livro e ocasião sem o auxilio de um professor?
    Julia Piovesan Pereira

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  6. Com uma educação voltada para o pensar, em que o professor deve alertar que aos alunos que todos os textos e imagens devem ser questionados e que a partir de tais questionamentos se deve buscar respostas satisfatórias para cada problemática abordada.Não existe verdade absoluta e, sim, pensar como March Bloch "O passado é algo que não pode ser mudado, mas o conhecimento do passado está em constante construção", ou seja, a história produzida e pensada é apenas uma versão de um processo histórico, diante disso, o professor pode salientar que outros versões para o mesmo processo existem e que alunos podem e devem buscar tal conhecimento.

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  7. Parabéns pelo artigo, o tema é atual e pertinente, numa sociedade machista como a nossa ( a dominação da mulher pelo homem não é só uma questão brasileira, mas em várias sociedade mundo a fora, em tempos e espaços diferentes), essas relações sempre foram mal abordadas em livros didáticos de história, ainda é necessário avançarmos muito nesse sentido. Além de estimularmos os alunos a perceberem essa ausência nos livros é importante trazermos materiais extras para trabalharmos essas questões em formatos de projetos como realizamos no CIEJA Vila Maria/Vila Guilherme, em São Paulo, neste bimestre o tema é Direitos Humanos e a Violência contra as mulheres. Nesse sentido quais e onde podemos pesquisar mais sobre essas questões?
    Atenciosamente
    Prof. Luís Carlos Fernandes

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    1. Alguns documentos são importantes como: jornais, revisas, relatórios dos governantes e processos crime.
      o site da Hemeroteca digital brasileira existe uma gama de documentos para consulta.

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    2. Muito obrigado pela atenção e orientação.

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  8. Primeiramente parabéns pelo seu projeto. Achei interessante um dos professores dizer que não ha questionamento sobre a presença da mulher na história, realmente presencio esta situação, tive poucas turmas onde havia este questionamento por parte dos(as) alunos(as), mas sempre tento abordar o tema e na maioria das vezes, depois que a discussão inicia temos ótimos resultados.A minha pergunta é você já trabalhou ou vê alguma forma de trabalhar a temática da mulher na história sem que a discussão parta do professor(a)?
    Atenciosamente.
    Ayla Alves Chanthe

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    1. no ensino médio sim, mas no ensino fundamental é mais complicado. Contudo, os livros didáticos produzidos na atualidade permitem este trabalho em muitos momentos.

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  9. Parabéns Daniel, gostei muito de seu artigo. Gosto muito dessa abordagem que traz a relação teoria e prática. Gostaria de saber se seu mestrado aborda tal temática? Abraço



    Ary Albuquerque

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    1. Obrigado pela leitura e participação.
      No mestrado trabalho com a história Política, em que meu tema é Oligarquias em Confronto: A política no Estado do Amazonas de 1908 1912.
      Estas pesquisa sobre o feminino foram realizadas na época da graduação.

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  10. Parabéns pelo seu trabalho, é de extrema importância ressaltar a importância da mulher na História, função que geralmente sobra para o professor, uma vez que, os livros didáticos e outros materiais disponibilizados pela escola geralmente esquecem, deixam de lado a figura da mulher, generaliza sempre em função do "herói" masculino, autoritarista e comandante dos demais, quando em muitos casos a mulher tem importância igual ou até superior. Contudo, parabenizo pelo trabalho, pois sei da dificuldade em remar contra a maré no ensino da História, você acaba isolando e tendo muitas dificuldades, porém, a luta continua e não podemos desistir se quisermos fazer diferente.
    Att. Jeesiel de Souza Temóteo

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    1. obrigado pela leitura e sua participação.

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  11. Prezado Daniel!

    Em uma sociedade, como a brasileira, em que existe uma grande parcela da população ainda com valores e preceitos extremamente conservadores e relações patriarcais, a discussão sobre gênero, sexualidade não são fáceis. Quero parabeniza-lo pelo excelente trabalho. E acredito que devemos levar estas questões, cada vez mais, para a sala de aula. Gostaria de saber como lidar com os pais "conservadores" que negam e criticam a escola que almeja trabalhar tal temática em sala de aula? Desde já, obrigado. Abraço!

    Israel de Lima Miranda

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  12. O diálogo é fundamental, mas não é muito fácil. Contudo não devemos desistir se quisermos construir uma sociedade mais justa e igualitária.

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  13. Como o professor deve orientar os seus alunos a perceber que não só os livros didático mas também nos ambientes sociais o papel e a representação feminina não é reconhecida?
    att Larissa Fernanda

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    1. Demonstrando as diversas áreas de atuação que o feminino participa nas várias esferas do social, os seus mais variados campos de atuação.

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  14. Jorge Luís Mazzeo Mariano6 de abril de 2017 às 11:23

    Olá Daniel,
    Gostei de sua abordagem, o tipo de pesquisa que você realizou, entrevistando as/os docentes, é relevante pois além de possibilitar aferição de como as/os docentes abordam a participação feminina na História (e, outrossim, como esse tema é tratado pelos livros didáticos), esse exercício permite que as/os professoras/es possam refletir sobre a sua prática cotidiana.

    Att. Jorge Luís Mazzeo Mariano

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  15. Prezado Daniel, primeiramente o parabenizo pela temática abordada.
    Na sociedade machista em que vivemos, no qual recentemente uma professora está sendo processada por ministrar um curso sobre feminismo em que discute as questões de gênero, faz-me acreditar que esta temática deva ser discutida e trabalha nas salas de aula.
    Desta forma, a temática mulheres como protagonistas nos processos históricos que apesar de não estar nos livros didáticos se faz necessária no cotidiano escolar, contudo pergunto-lhe como poderemos trabalhar esta temática? Que materiais podes indicar?
    Att.
    Camila da Silva Ramalho

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  16. Boa noite Daniel.

    Sou professor recém formado e tenho apenas um ano de contato com o cotidiano escolar do ensino fundamental nos anos finais.

    Tendo em vista a minha posição sinto dificuldade em trabalhar a categoria de gênero nessa faixa etária. Na minha percepção isso tem uma relação com a complexidade envolvida na tomada de categorias conceituais e relacionais que são importantes na interpretação de processualidades que envolvem o estudo de história em si, principalmente pela falta de bagagem dos estudantes em termos de vivência e de ainda estarem constituindo sua visão de mundo.

    Pelo seu texto percebo que cabe ao professor inserir essas processualidades em que a categoria de gênero apresenta-se como um eficiente instrumento de análise histórica.

    Na sua argumentação você aponta como o professor precisa inserir as mulheres como também produtoras da história. Nesse caso acabo tendo alguns problemas relacionados a minha falta de leitura sobre o tema, mas questiono: a opção de inserir os elementos da existência das posições de gênero na interpretação histórica, como dados que caracterizam um período, seria mais válida que a construção de uma narrativa histórica escolar baseada no gênero, ou seja, construir uma narrativa histórica para a compreensão de um aspecto do presente a partir da utilização da categoria de gênero(pensando a faixa etária citada)?

    É claro que como aponta o texto, o livro didático não auxilia o professor nessa construção e isso exigiria muito do professor.

    Queria comentar também que em minha experiência docente presenciei casos em que alunas apresentara questionamentos sobre as relações entre homens e mulheres sem a especifica problematização do professor. Casos que achei bastante interessante, por perceber os primeiros processos de questionamento da realidade que elas vivenciam.

    Parabéns pelo trabalho e obrigado pela atenção.

    Abraços.

    Pedro Alcides Trindade de Mello

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  17. Bom dia, Daniel Rodrigues
    Como professora no ensino médio da rede privada de ensino, percebo o quanto as narrativas dos livros didáticos silenciam as mulheres, negando-as, com isso, à condição de sujeito histórico. Por isso, considero relevante a reflexão que opera com as questões de gênero no ensino de História associada ao conceito de memória. O direito das mulheres serem lembradas e abordadas nas páginas dos livros didáticos, assim como os homens. O que é esquecido e o que é lembrado faz parte de uma seleção intencional que prioriza sujeitos e acontecimentos numa relação de poder.
    Nesse sentido, em sua pesquisa, você percebeu alguma preocupação por parte dos professores entrevistados em romper esse silêncio ou problematizá-lo?

    Considero essa discussão importante para o saber histórico escolar, notadamente em uma sociedade tão lamentavelmente intolerante e machista como a nossa.

    Ellen Natucha Pedroza Bezerra

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  18. Boa tarde!
    É fácil para nós historiadores, compreendermos a importância da diferença entre as mulheres da História. Tratar particularmente alguns casos se torna essencial para os alunos de hoje, romperem com os pré-conceitos estabelecidos pela sociedade. Observando o forte avanço do feminismo, notamos como o machismo também se desenvolveu e se torna cada vez mais forte diante daqueles menos desprovidos de informações sobre o movimento.
    Minha pergunta questiona, através de pesquisas, saber como os professores que têm o intuito de desconstruir todo esse pensamento, são recebidos e interpretados por seus alunos, e como eles podem 'acreditar' na informação que será passada já que são bastante influenciados tanto pela sociedade, como pelo próprio professor? Quais seriam os cuidados a serem tomados?

    Taís de Andrade Freitas

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  19. Olá Daniel, boa noite!
    A temática desenvolvida nesta sua exposição é bastante presente e pertinente em nossa sociedade. Sabemos que, atualmente, são gerados (ainda) inúmeros atentados contra a mulher e sua participação na sociedade. Inclusive, como já foi colocado por alguns colegas acima, no próprio livro didático, ao negligenciar as causas femininas assim como o faz a sociedade.

    Todavia, acredito, que não devemos tomar os discursos como generalizantes. Será mesmo que não existe uma historiografia da mulher ou do feminino no livro didático, ou só estão tomando de um pressuposto meramente visual e quantitativo da presença de um texto/imagem/indicacão deste sujeito no livro didático? Na minha atual experiência como educador no Ensino Fundamental II vejo professores apoiarem-se nesta premissa de "ser pouco" ou que "não é o suficiente" o que o livro traz, esquecendo que este é apenas uma ferramenta de ensino.

    Problematizar o papel da mulher no livro didático assim como na sociedade está muito além de detectar (necessariamente) sua presença neste espaços, mas sim de, fundamentalmente, buscar compreender as motivações para a sua ausência. Basta olhar um pouco para o seu redor que - na esfera da escola - iremos perceber alunas, diretoras, coordenadoras, professoras, funcionárias de limpeza, etc.. Um exercício simples e tão acolhedor em uma premissa para o início das aulas.

    Em virtude disso queria sua opinião sobre algumas questões: Que recursos o professor ou professora deve tomar para estudo sobre o tema com suas turmas, além do livro didático? Quais cuidados o professor de História deve tomar para não cair no discurso literal das fontes ou do possível "machismo implícito" que as mesmas podem conter? Como avaliar tal aprendizagem em sala de aula e desenvolver uma consciência histórica e participativa com os alunos e alunas?

    Muito agradecido pela contribuição,
    Antônio Maírton Passos Matias.

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