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Cyanna Fochesatto

OS ESPAÇOS MUSEOLÓGICOS E O ENSINO DA HISTÓRIA: POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Cyanna Missaglia de Fochesatto
Doutoranda em História UNISINOS

O presente trabalho busca elucidar algumas questões referentes aos espaços museológicos e suas possibilidades enquanto locais que guardam a memória, a história e o patrimônio de uma sociedade. Sabendo-se que a educação patrimonial é fundamental para valorização e aprofundamento do conhecimento cultural de uma sociedade, procura-se entender a forma que o museu possibilita expandir as perspectivas e contribuir com o ensino da história na educação básica. O museu pode ser pensando não apenas como o local que guarda um patrimônio, mas também como um local que possibilita entender os processos históricos, culturais e artísticos, entre outros. Esse espaço contribui para enriquecer o diálogo sobre a prática de desenvolvimento da cidadania; favorece o reconhecimento da forma de organização de gerações passadas; e o entendimento das vivências culturais de determinado grupo social.
O conceito de patrimônio trabalhado neste texto decorre da ideia de que ele se refere a um conjunto de bens significativos para uma determinada comunidade. Existem diversos tipos de patrimônio, como o cultural, o arquitetônico, o histórico e o arqueológico. Segundo Ana Lúcia Herberts (2008, p. 15): “O Patrimônio engloba todos os bens culturais de importância para a sociedade: as expressões folclóricas, os conjuntos arquitetônicos, as obras de artes ou saberes tradicionais e os sítios arqueológicos”. A educação patrimonial, segundo Horta; Grunberg; Monteiro, (1999, p. 06) “trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo”. Assim, a educação patrimonial pretende legar à sociedade um maior conhecimento e valorização da sua herança cultural por meio do contato com as evidências culturais – materiais e imateriais –, aprofundando todos os signos e aspectos possíveis dessa herança.
O patrimônio que está no museu, sendo considerado um instrumento de alfabetização visual, fomenta algumas inquietações. Entre elas, indaga-se: os objetos memorialísticos guardados no museu representam e são significativos para aqueles grupos de alunos que fazer a visitação? Possivelmente esses artefatos, obras e objetos não são parte do cotidiano dos alunos, mas foram em determinado momento importantes para as gerações passadas. E, é esse entendimento e valorização que a relação museu-ensino da história deve focar para desenvolver as habilidades e possibilidades interpretativas nos alunos. Esses recortes feitos nas exposições museológicas são escolhidos e orientados conscientemente, politicamente e socialmente. Os artefatos que são expostos no museu contam uma história partindo de uma nova perspectiva e, se bem utilizados pelos docentes, o espaço museológico pode contribuir bastante para enriquecer o ensino da história. Os museus não podem ser vistos como os locais das “velharias”, um lugar monótono e chato; não pode ser deslocado da realidade de seus visitantes, mas deve ser vivenciado como uma experiência social e cultural nova e enriquecedora. Para isso, dever ser trabalhado desde um prévio ensaio ainda em sala de aula sobre as questões que o professor busca desenvolver com os alunos na visitação, além das atividades durante a visita ao museu e também posterior a ela. Ainda assim, o que foi visto no Museu deve agregar valor as aulas de história e deve ser trabalhado de outras formas, utilizando-se de diversas fontes para abordar os elementos apreciados no museu. Como o uso de filmes, literatura, imagens, teatro, criação de blogs e páginas na internet, vídeos, painéis, jogos, enfim, uma gama de possibilidades metodológicas devem orientar aqueles docentes que levam seus alunos para conhecer esse novo espaço, que se configura quase como um mundo aparte da vivência e experiência escolar de grande parte dos alunos da educação básica. Outrossim, atenta-se para a importância da visitação que muitas vezes se não for com a escola os alunos acabam não conhecendo os espaços museológicos, ou criando determinados estereótipos negativos e resistência em frequentar esses locais.
A relação do museu com a escola pode ser pensada a partir da forma em que cada um desses ambientes se estrutura. Assim, a escola é a ambiente da aquisição do saber, onde se estabelece uma rotina de aprendizado que, porventura, forma a cultura escolar. Sendo o museu um ambiente de cultura própria, onde a aquisição dos saberes ocorre de forma diferenciada da escola. Por isso, muitas vezes, os professores, erroneamente, relacionam a visita ao museu a uma prática de lazer, mas não a vinculam a nenhuma prática pedagógica, servindo apenas para um passeio com a turma, sem nenhum estímulo e orientação para aprendizagem direcionada nesses ambientes. Nos últimos anos nota-se um aumento de atividades educativas oriundas desses espaços de memória – museus, arquivos e outros, que vem crescendo consideravelmente, facilitando a vinculação do museu com a escola. Embora, ainda seja deficiente o preparo dos docentes para interagir com os alunos nesse espaço, sendo está uma questão que precisaria de outras pesquisas sobre a formação e o currículo docente. As práticas ou atividades educativas oriundas do museu podem ser entendidas da seguinte forma, conforme observa Andréa Falção (2009 p.16):
Podem ser entendidas como práticas educa­tivas atividades tais como: visitas “orienta­das”, “guiadas”, “monitoradas” ou mesmo “dramatizadas”, programas de atendimento e preparo dos professores, oficinas, cursos e conferências, mostras de filmes, vídeos, práticas de leitura, contação de histórias, exposições itinerantes, além de projetos específicos desenvolvidos para comemorar determinadas datas e servir de suporte para algumas exposições.
Os materiais oriundos das práticas educativas são preciosos instrumentos de ensino, variando de livros, CDs, jogos e etc., podemos perceber o quanto dinâmico e rico o ensino não-formal pode ser considerado. Outro elemento que o museu favorece são as relações interdisciplinares das diversas áreas que estão presentes em uma única exposição. Muitas vezes encontramos museus de Ciências que dialogam diretamente com a história, geografia e demais disciplinas. Um exemplo de museu dinâmico e interdisciplinar que podemos citar é o Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, localizado em Porto Alegre. Esse museu possui uma proposta lúdica e interdisciplinar, sendo muito apreciado pelos estudantes que, em sua maioria, gostam muito de frequentar este espaço.
As escolas que buscam e agendam visitas ao museu deveriam ter em princípio um plano pedagógico voltado a vincular a atividade ou exposição que o museu oferece às temáticas que estão sendo trabalhadas em sala de aula. O museu é um ambiente plural a ser explorado e um convite interdisciplinar de aprendizagem. E, por isso, necessita de projetos interdisciplinares para o melhor entendimento de tudo que esse espaço pode propiciar. Luciana Conrado Martins (2006, p. 43) define o planejamento didático: “A realização de um programa didático é para os autores dividida em três momentos: as atividades de preparação dos alunos, as atividades realizadas no museu e as atividades de prolongamentos realizadas na volta a sala de aula”. O ensino da história, partindo do que o museu oferece deve estar sempre atento as questões de outras áreas que ele possibilita explorar. Além disso, ele deve dialogar com os manuais ou livros didáticos, sempre mantendo uma atividade desenvolvida, para que a visita ao museu não fique legada ao plano do “passeio”, como muitas vezes ocorre. O museu favorece muito além da educação patrimonial, mas ele possibilita ensinar história sobre uma outra ótica. A valorização e preservação de artefatos e elementos serão cada vez mais recorrentes entre os alunos que conseguem vivenciar o museu e entendê-lo como suporte para compreender como viviam determinadas sociedade em tempos passados e, consequentemente ensina a respeitar as diversidades e observar as formas culturais distintas.
Essa educação que podemos considerar não-formal contribui para tornar os alunos cidadãos do mundo, abrindo portas de conhecimento sobre formas de relações e interação entre diferentes grupos. Devemos, portanto, entender o museu e a escola como espaços sociais que possuem características próprias. Esses espaços se inter-relacionam e complementam um ao outro, sendo indispensáveis para a formação de um cidadão cientificamente alfabetizado. O aluno que visita uma instituição tão rica e que agrega diversos saberes possivelmente terá um ensino da disciplina de história muito mais rico e diversificado que o mesmo poderá obter na educação básica. E, por fim, é fundamental reforçar a necessidade de atividades desenvolvidas vinculadas à visitação. Como elaborar discussões, seminários, cartazes, jogos e todo tipo de atividades possíveis com os alunos, para que eles tenham uma maior dimensão da importância da sua visita aos museus e possam assim, tomar gosto por frequentar esse tipo de ambiente, valorizando o patrimônio e, especialmente, compreendendo a disciplina de história de forma mais dinâmica e motivadora.

Referências Bibliográficas
HERBERTS, Ana Lúcia. Oficinas de Educação Patrimonial na Usina Hidrelétrica Barra Grande. Florianópolis: Ed. Scientia Consultoria Científica, 2008.
HORTA, Maria de Lourdes Parreira; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Museu Imperial IPHAN/MinC,1999.
FALCÃO, Andréa. Museu como lugar de memória. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012191.pdf> Acesso em 18 fev. 2017.
MARTINS, Luciana Conrado. A relação museu/escola: teoria e prática educacionais nas visitas escolares ao Museu de Zoologia da USP. 2006, 247 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

23 comentários:

  1. Leonildo José Figueira3 de abril de 2017 às 09:01

    Olá Cyanna Fochesatto, primeiramente gostaria de parabeniza-la pelo trabalho. A questão que proponho com certeza sugerem inúmeras respostas, métodos e tentativas; mas que de alguma maneira e em algum momento se faz necessário; Enquanto professor da Educação básica, nos surgem "angústias" como por exemplo: "Como fazer para que os educandos estabeleçam conexões com os tempos históricos e tenham em mente a clara distinção entre os tempos e espaços estudados, compreendendo os limites e possibilidades de cada contexto/evento?"

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    1. Olá Leonildo,
      Muito obrigada pela questão. Aliás obrigada pela reflexão que me trouxe. Realmente não é uma resposta fácil. Penso que as conexões e limites se estabeleçam no momento que o professor faz o seu recorte pessoal, considerando a subjetividade de cada educador. O que ele busca desenvolver com os alunos, quais habilidades são interessantes para os educandos e o que se busca que cada turma construa. Para que os alunos consigam chegar a essas delimitações espaço-temporais e demais associações, acredito que o estímulo por meio de variadas fontes pode ser um dos caminhos. O que era usado, quais os alimentos, quais as leituras, posturas, objetos de determinado período? E quais os elementos que representam a sociedade em outro? São questões que podem colaborar para o entendimento dos alunos sobre as singularidades e limitações de cada período estudado. Mas é uma reflexão que fica em aberto, certamente existem outras formas de pensar essa questão. Obrigada pela leitura.
      Um abraço.
      Cyanna Fochesatto.

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  3. Soely Maria de Meira3 de abril de 2017 às 17:25

    Olá Cyanna Missaglia de Fochesatto, estou no mestrado profissional em ensino de história e meu tema de pesquisa está relacionado ao seu trabalho. Diante da importância desse trabalho para a formação de educandos que consigam assimilar melhor sua identidade cultural e ao mesmo tempo, conscientizar-se da preservação do patrimônio histórico, como conciliar isso com o descaso dado pelo poder público?

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    1. Olá Soely,

      Acho muito pertinente essa pergunta, principalmente nesse momento em que vivenciamos diariamente tantos cortes de verbas, especialmente na área da cultura e da educação. O professor tem assumido tantas posturas/identidades, e acaba sendo também um dos principais agentes do fomento da importância da preservação do patrimônio, da memória e da identidade na escola, mesmo quando o poder público parece pouco se importar com isso. Nessa questão penso que o grupo escolar deve se apoiar na comunidade. O que é importante preservar para a memória do bairro? O que seria importante para aquele grupo preservar, partindo da ideia de resguardo da memória dentro do próprio núcleo de estudantes? Acredito que buscando fortificar a relação com a comunidade, com as associações de bairro, com as famílias dos alunos, seria uma forma de aos poucos estabelecer conexões sobre a importância da preservação patrimonial e da identidade cultural que se possui, em um momento em que o poder público parece negligenciar essas questões sobre o discurso da falta de verbas para as questões culturais, que nunca são prioridade. Mas, a chave da resposta da sua questão está primeiramente em fazer com que o patrimônio tenha sentido para os alunos, se não fizer sentido não será fácil conscientizá-los da importância de manter e preservar nosso patrimônio.
      Muito obrigada pela leitura.
      Um abraço.
      Cyanna Fochesatto.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Olá Cyanna. Parabéns pelo texto. Guardei-o para usos com meus alunos. Pergunto se vc pode apresentar mais alguma ou algumas ideias na perspectiva do patrimônio ( no caso os objetos museais) como alfabetizador visual. Pensei nos estudos do prof. e pesquisador Régis Lopes com seu objeto gerador ou "o objeto fala" (vc deve conhecer). Agradeço

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    1. Olá Ivaneide,
      Muito obrigada pela leitura e pela questão. A leitura do objeto é um elemento complexo, pois necessita de diversos fatores de mediação. Ele não possui mais o significado de quando foi feito ou utilizado, o objeto deve despertar a reflexão crítica, ele precisa ser interpretado. Por isso a necessidade do professor trabalhar o museu, de preparar o aluno anteriormente à visita, de mediar a visitação e trazer atividades que estimulem o pensamento crítico e reflexivo acerca dos objetos do museu. O patrimônio, seu objetos e símbolos são parte de elementos formadores de um imaginário e que tem por função guardar a memória e a identidade. Nesse sentido, ler objetos e imagens é uma coisa bem difícil, especialmente se considerarmos a carência na formação docente. Mas, penso que as práticas cotidianas e culturais, as vestimentas, a alimentação, os objetos de uso pessoal devem ser lidos e dialogados com a disciplina da História, tal qual qualquer documento escrito. É um desafio que nós docentes temos. Mas, em termos de bibliografia para aprofundar essa questão, acho que realmente o professor Francisco Régis Lopes Ramos é uma leitura indispensável, além dele, gosto dos trabalhos de Ulpiano Bezerra de Menezes sobre as práticas museológicas e da Ana Mae Barbosa.
      Obrigada novamente e um abraço.
      Cyanna Fochesatto

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  6. Oi, muito bom o texto, eu queria saber a sua opinião sobre os museus que existem online, você acha que eles são uma boa ferramenta? Como os alunos tem muito contato com a internet, será que não é uma boa opção? levando em conta que muitas cidades não possuem museus.
    Grata pela atenção, Larissa Faesser

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    1. Olá, Larissa,

      Você tem toda a razão, os museus virtuais são ótimas opções para as escolas que não possuem condições de visitações com mais frequência ou que não possuam museus em suas cidades. Os museus virtuais possibilitam que o professor estimule os alunos inclusive a expandir suas perspectivas de pesquisa e de “navegação” na internet, já que hoje essa ferramenta é tão rica e tão mal explorada e aproveitada. Você deve conhecer o site eravirtual.org, ali tem uma quantidade consideráveis de espaços virtuais de visitação maravilhosos, uma pena que seja tão pouco divulgado, inclusive entro nós docentes.
      Obrigada pela leitura e pela questão.
      Um abraço.
      Cyanna Fochesatto

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  7. Muito bom o trabalho e também vejo o museu como uma possibilidade para o ensino de história por trazer, mediante as memórias, elementos que podem ser trabalhados por alunos e professores em meio as aulas.

    Parabéns.

    Att


    Cleberson Veira de Araújo

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    1. Olá Cleberson,
      Muito obrigada pela leitura e pelas considerações. Penso que dar aula de História está cada vez mais complicado, é tão difícil manter a atenção dos alunos que quando trazemos elementos diferentes, seja uma visitação, novas metodologias, atividades com imagens, TIC’s conseguimos enriquecer o processo de ensino-aprendizagem.
      Grata pela leitura.
      Abraços.
      Cyanna Fochesatto.

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  8. Prezada Cyanna.
    Gostei de seu trabalho e vejo uma virtude, principalmente ao trabalhar um aspecto prático da Educação Patrimonial e suas ligações com a disciplina História - ou matéria escolar História. Exatamente aí, Cyanna, que vai minha pergunta, que toma esse trecho de seu texto: "Embora, ainda seja deficiente o preparo dos docentes para interagir com os alunos nesse espaço, sendo está uma questão que precisaria de outras pesquisas sobre a formação e o currículo docente" ... Acho esse aspecto capital. Que, a meu ver, articula questão mais capital ainda: a dos nossos cursos de formação. Ainda acho que nossa área - agora começa um movimento mais para o prático - vc afirma ser necessário se pensar o despreparo dos docentes para tratar do tema e ser preciso "mais pesquisas sobre a formação e o currículo docente". Eu te pergunto sobre a qual docente vc se refere? Porque, penso eu, o docente aí não é tanto o professor da escola, mas da própria universidade. Nossos cursos ainda insistem em serem cursos eruditos, curso intelectualista, "curso de livros" voltados para livros e discussões historiográficas, se defendendo muito num slogan que se diz "humanista" da área, de que não somos conhecimento aplicável, que não devemos pensar o pensamento sobre o conhecimento fora do próprio pensamento sobre si mesmo. Não acha que está mais do que na hora de revermos as premissas e paradigmas que organizaram - e ainda organizam - nossos cursos, tornando-os pouco afeitos a práticas educativas, sempre superadas pela pesquisa para produzir conhecimento novo, e que desdenha, ainda, do ensino? Não acha que é preciso se fazer a história dos cursos de História para entendermos por que é difícil que eles formem para áreas tão atrativas aos escolares como a Educação para o Patrimônio, ou com o Patrimônio, ou pelo Patrimônio? Obrigado .. Bruno Flávio Lontra Fagundes

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    1. Olá Bruno,
      Muito obrigada pela leitura e por trazer essas questões. Concordo com tudo que você escreveu. Não posso falar muito dos currículos das licenciaturas dos outros Estados - por falta de conhecimento - mas vejo aqui no Rio Grande do Sul que em quase nada eles contemplam as novas práticas educativas que as escolas estão demandando. O próprio uso de Tic’s em sala de aula, que ajuda tanto a enriquecer o ensino não é abordado nas licenciaturas. O que tem suprido a carência na formação dos professores, ao meu ver, são os cursos de especialização direcionados às práticas educativas. Está mais do que na hora das academias repensarem seus currículos, especialmente das licenciaturas em virtude deste descompasso que apresentam em relação as necessidades educativas que a cada ano vão surgindo e angustiando os educadores, que tem que buscar as respostas sozinhos e em outros espaços que não na sua própria graduação. Somente uma grade curricular que aborde a interdisciplinaridade e as diferentes metodológicas de ensino pode de fato trazer resultados mais específicos para a escola.
      Um abraço.
      Cyanna Fochesatto

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  9. Cyanna .. por favor, uma última pergunta. Onde encontro o título HERBERTS, Ana Lúcia. Oficinas de Educação Patrimonial na Usina Hidrelétrica Barra Grande. Florianópolis: Ed. Scientia Consultoria Científica, 2008??? COMO ELE É? É um livro de apresentação de oficinas adotadas e praticadas? São oficinas de História? Obrigado . Bruno Flávio Lontra Fagundes

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    1. Olá Bruno,
      Eu encontrei o livro em pdf online, mas tentei localizar o link para enviar para você e não encontrei. Acredito que se mandares um e-mail para editora ela pode informar melhor sobre como adquirir e onde foi distribuído, talvez até tenham a versão online para te enviar. É um livro que descreve as oficinas realizadas pelos professores da região na área da educação patrimonial, tendo o enfoque mais voltado para o patrimônio arqueológico.
      Abraço. Cyanna Fochesatto.

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  10. Olá Cyanna, temática muito bem trabalhada, você mostrou bem os principais problemas da prática de visitação museológica nos dias atuais, como a falta de instrução dos professores, o desinteresse dos alunos e a dificuldade de fazer um trabalho completo antes, durante e depois da própria visita, a minha questão é, como no mundo globalizado atual podemos gerar maior interesse por parte dos alunos as suas raízes culturais superando o preconceito, a falta de ilustração, as deficiências em âmbito cultural, pois a meu ver o brasileiro não tem uma cultura investigativa para gerar interesse em visitas à museus,muitos não sabem como a construção desse tipo de conhecimento será benéfica. Outra questão interessante é a tecnologia, esta gera maior dificuldade pois tudo se pode encontrar na internet, inclusive quadros expostos ou artigos museológicos, como gerar interesse nos alunos em ver com os próprios olhos as suas heranças culturais, se tudo pode ser pesquisado on-line?
    Encerro parabenizando-lhe pelo ótimo artigo apresentado, muito claro e objetivo, diria enriquecedor.
    Att. Beatriz Prometi

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    1. Olá Beatriz,
      Muito obrigada pela leitura e pelas palavras. Realmente é bem complicado fazer eles se interessarem pelas disciplinas quando se tem um mundo virtual à disposição, com tantas facilidades. Mas me ocorre duas questões. A primeira é que o mundo virtual não deve ser um problema, mas deve ser parte do ensino. A utilização dos recursos disponíveis online, como os museus virtuais e as imagens disponíveis, podem ser utilizados em sala de aula. O problema é que os alunos usam a internet da forma incorreta, não são propriamente educados para isso, e fica mais claro como necessitamos de uma educação para o mundo virtual quando vemos eles sendo agressivos, compartilhando inverdades e outros impropérios em redes sociais sem nenhuma preocupação, ou ainda copiando e colando textos da internet sem ter lido e interpretado. A outra coisa que me ocorre, e acho que responde mais a sua pergunta, seria de que é preciso fazer os alunos vivenciarem a experiência, não apenas observarem, mas para valorizar qualquer elemento eles precisam ter significados para eles. O ponto chave é dar significação para a memória e para o passado, seria vincular os artefatos à identidade dos alunos para que despertem o interesse. Eles precisam se sentir parte da história, protagonistas dela, e não observadores de fora. Penso que os trabalhos do professor Francisco Régis Lopes Ramos possam nos ajudar a pensar em como significar os artefatos de forma mais efetiva.
      Muito obrigada novamente.
      Um abraço.
      Cyanna.

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  11. Boa Tarde Cyanna!
    Meus parabéns pelo trabalho, muito claro e bem objetivo.
    Sou estudante regular do Mestrado Profissional em Ensino De História, Unespar (Campo Mourão), e também estou trabalhando esta temática, mas focado em um centro de memória aqui de minha cidade.
    Realmente, lembro-me das visitas que fazia com a escola e mais parecia um ambiente de lazer e até mesmo na universidade!
    O que mais e chamou a atenção e vem me martelando em minha pesquisa é a questão em que é "deficiente o preparo dos docentes para interagir com os alunos nesse espaço", até porque raramente há um feedback em sala de aula, que é uma lástima!
    Há 10 anos estou na rede publica, e as vezes que acompanhei os alunos em visita a museus, via o interesse, mas ao mesmo tempo estavam perdidos diante daquilo. Ainda falando sobre o docente, nesses momentos, faltou uma intervenção junto aos alunos momentos antes, para prepara-los para a visitação, e tambem, como havia dito, as vezes falta o feedback.
    Pensando nisto, me vem a ideia: será que não falta questionar ao aluno como podemos tornar a visitação mais atrativa?
    Percebo que, naquele momento que eles estão dialogando entre si, ressaltam muito os pontos positivos e parece que morre ali.
    Reconheco todos os obstáculos, mas o questionamento é este.
    Muito obrigado e parabéns pelo trabalho

    Renato César Ferreira

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    1. Olá Renato,
      Muito obrigada pela leitura e pela reflexão. Concordo com você, acho que o preparo dos docentes é um dos pontos mais criticáveis. Penso que os currículos das licenciaturas em História deveriam atualizar as práticas educativas, formar melhor os professores para que eles possam acompanhar as demandas atuais de uma sala de aula. No entanto, ao levar os alunos em uma visita guiada no museu essa preparação direcionada prévia, durante e após a visitação é fundamental para diferenciar um passeio de uma visita educativa. Sobre a sua questão, com toda a certeza é necessário ouvir os alunos, questionar o que eles gostariam de ver, que atividade seria interessante desenvolver e, porque não eles próprios, após a visitação no Museu, não são estimulados a fazer uma exposição nas escolas daqueles elementos que eles consideram relevantes na memória pessoal e familiar, ou do bairro. Fazer exposições fotográficas sobre sua escola, sua descendência, seu bairro também são formas práticas de envolve-los em um mundo que provavelmente no futuro tornará uma visitação mais atrativa, será parte das suas vivências também. O estímulo as questões e uma atividade propostas após a visitação são fundamentais para que essa prática se torne cada vez mais significativa.
      Obrigada novamente e abraços
      Cyanna Fochesatto.

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  12. Olá Cyanna, tudo bem?
    Para mim não ficou claro que possibilidades são essas de relacionar o museu com a educação básica. Você pode elencar exemplos mais claro sobre isso?
    Att.

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  13. Boa noite Cyanna, gostei muito do seu texto, inclusive já separei algumas citações!
    Você é clara, concisa e vai direto ao ponto, principalmente quando aborda a necessidade de se pensar o dialogo entre o museu e o currículo, para que a ação educativa possa produzir de fato seus efeitos e frutos na formação do cidadão cientificamente alfabetizado!

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  14. Bom dia Cyanna,é uma boa percepção quanto ao ensino de História para a educação básica,mas como envolver alunos que moram em lugares que ainda não possuem patrimônios culturais,museus etc.? por exemplo alunos de municípios pequenos distantes de lugares que tem museus...
    ass. Jaqueliny Velozo

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