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Carlos André

AS RELIGIÕES E O ENSINO DA HISTÓRIA
Carlos André Silva de Moura
Prof. Adj. UPE/ Pós.Doc UNICAMP

O objetivo do texto consiste em apresentar algumas propostas que possam contribuir com os debates metodológicos sobre a História das Religiões, as suas principais referências, os seus objetos e objetivos de pesquisa e as contribuições para o ensino da História. Destacamos que não temos a intenção de formular um domínio teórico sobre o tema, mas nos concentramos em apresentar uma forma de se estudar os processos históricos que envolvem as questões religiosas.
Neste sentido, inicialmente, apontamos um percurso da História Cultural, fundamental para a compreensão dos estudos sobre as religiões. Em sequência, discutimos alguns pontos sobre a Escola Italiana de História das Religiões, dialogamos sobre a expansão dos objetos de pesquisa, que atualmente são associados como opção para o estudo das religiões e apresentamos algumas discussões na relação da História das Religiões com o ensino da História.
A perspectiva de uma História Cultural das Religiões pode ser compreendida a partir das suas conexões com as consequências da chamada “virada cultural”, notadas, sobretudo, a partir da década de 1970, quando grupos de historiadores questionavam esquemas teóricos herméticos e generalizantes, com a intenção de abordar os fenômenos culturais mais específicos em seus recortes temporais e espaciais. [As questões teóricas e metodológicas não foram os únicos aspectos importantes que conduziram os novos estudos da história das religiões. Karina Bellotti demonstrou a importância de alguns eventos históricos, a exemplo da independência dos Estados Unidos da América, o processo de secularização em vários países, a chamada “concorrência” religiosa, dentre outros, para a elaboração de novas abordagens sobre as religiões e suas relações com a cultura, sociedade e o cotidiano. (Cf. BELLOTTI, 2011)]. Neste sentido, focaram-se as distinções de natureza cultural em detrimento das explicações sociais, políticas e econômicas mais gerais. Isso significa dizer que ocorreu uma mudança na percepção de situações cotidianas que hoje são tratadas pelo substantivo cultura e não mais por sociedade (BURKE, 2008, p. 07 – 11).
A partir do exposto, as relações econômicas e sociais não seriam anteriores às culturais que, por sua vez, não estariam determinadas por aquelas. De tal modo, compreendemos que os campos econômicos e sociais também são locais de práticas e produções culturais, de fundamental importância para o trabalho dos pesquisadores que se debruçam sobre os seus objetos com abordagens teóricas voltadas para o cultural.
Assim sendo, a História Cultural das Religiões aproxima-se da perspectiva analítica proposta por Michel De Certeau, quando se utiliza da metáfora do urbanista para nos auxiliar na compreensão da atuação do cultural sobre o social. Para o autor:
As maneiras de utilizar o espaço fogem à planificação urbanística: capaz de criar uma composição de lugares, de espaços ocupados e espaços vazios, que permitem ou impedem a circulação, o urbanista é incapaz de articular essa racionalidade em concreto com os sistemas culturais, múltiplos e fluidos, que organizam a ocupação efetiva dos espaços internos (apartamentos, escadarias etc.) ou externos (ruas, praças, etc) e que debilitam com vias inumeráveis. Ele pensa em uma cidade vazia e a fabrica; retira-se quando chegam os habitantes, como diante dos selvagens que perturbarão os planos elaborados sem eles. Ocorre o mesmo com as maneiras de viver o tempo, de ler os textos ou de ver as imagens. Aquilo que uma prática faz com signos pré-fabricados, aquilo que estes se tornam para os usuários ou os receptores, eis algo essencial que, no entanto, permanece em grande parte ignorado (DE CERTEAU, 1995, p. 233 – 234).
Para Michel De Certeau, os moradores que ocupam os locais planejados pelo urbanista impõem práticas culturais que reconstroem ou alteram o modo de vida previsto por seu idealizador. Desta forma, os sistemas culturais múltiplos inferem uma lógica própria e impõem uma ação que transforma o plano original. O responsável pelos espaços ocupados não tem a capacidade de controlar as invenções e reinvenções culturais de um grupo específico ou de uma organização social.
Nesse sentido, as práticas culturais não apenas refletem as identidades sociais, mas atuam em suas construções. Quando a cultura deixa de ser determinada pelas estruturas materiais, passa a representar um campo maior dentro do qual os objetos de estudo da história passam a ser considerados. Dessa forma, ao entendermos a História Cultural como “uma operação historiográfica que busca, cada vez mais, orientar a sua prática de pesquisa por um ou outro conceito antropológico de cultura” (BENATTE, 2014, p. 62), legitimamos a relação entre este campo historiográfico e a Escola Italiana de História das Religiões que, desde as suas origens no início do século XX, propunha o entendimento das religiões como fenômenos culturais.
A esse respeito, destaca-se que, desde a década de 1920, alguns intelectuais na Itália se debruçaram sobre os estudos históricos das religiões, construindo uma tradição sobre a temática no país. A principal proposta destes pensadores se constituía em não reduzir as suas pesquisas a indagações fenomenológicas, como produtos culturais redutíveis (SILVA, 2011, p. 15).
Para o desenvolvimento dos estudos científicos sobre as religiões, foi necessária a dessacralização das suas abordagens e do próprio conceito utilizado por seus pesquisadores. Com isso, rompeu-se com uma visão eurocêntrica sobre a religião através da estruturação de novas investigações que superavam as compilações e descrição de crenças religiosas (BELLOTTI, 2011, p. 17, 22).
A dessacralização das abordagens foi fundamental para as propostas voltadas para o ensino da História, uma vez que se abandonou uma produção de base eclesiástica, com discussões da religião no singular, para se reconhecer a pluralidade do conceito que envolver as religiões. Neste sentido, as temáticas que também debatiam as religiões passaram a ser trabalhada como mais uma construção histórica dentro do conteúdo programático.  
Com as publicações da revista Studi e Materiali di Storia delle Religione, além das obras do pensador Raffaelle Pettazzoni (1883-1953), tiveram início os debates que marcaram o posicionamento teórico do grupo italiano dedicado aos estudos da história das religiões. Suas propostas tinham como principal argumentação as abordagens históricas, sociais e antropológicas dos eventos religiosos (SILVA, 2011, p. 15).
O percurso da Escola Italiana de História das Religiões é longo e, de acordo com Adone Agnolin, advém da influência dos estudos que tinham como referência o Istituto di Studi Storico-Religiosi da Università La Sapienza, na cidade de Roma, com a coordenação do professor Raffaelle Pettazzoni. O método histórico-comparativo, proposto por esse intelectual, defendia a natureza humana e cultural dos fatos religiosos. A partir da influência do docente, outros pesquisadores contribuíram com essa abordagem, a exemplo de Ernesto de Martino, Angelo Brelich, Vittorio Lanternari, Dario Sabbatucci, Marcello Massenzio, Paolo Scarpi, Gilberto Mazzoleni e Nicola Gasbarro (AGNOLIN, 2013b, p. 53 – 68).
Em decorrência da vinculação com os estudos realizados naquele instituto, criou-se a nomenclatura Escola Romana de História das Religiões na cidade de Urbino, em 1973. Hoje o grupo é mais conhecido como Escola Italiana de História das Religiões, congregando pesquisadores que ressaltavam a historicidade das religiões, “[…] dos movimentos religiosos enquanto produtos culturais e redutíveis à razão histórica”. Tais propostas estavam na intercessão da história com a antropologia, desconsiderando as análises des-historicizantes e isoladas teoricamente (SILVA, 2011, p. 15; MASSENZIO, 2005, p. 19 – 21).
As intercessões com essa escola apontam para o estudo das religiões a partir de um posicionamento particular da História Cultural. O que também significa pensá-las como partes integrantes de culturas específicas, desenvolvidas em contextos temporais e espaciais precisos, os quais participam da construção de determinadas realidades, uma vez que atuam nas formas de imaginar ou representar as sociedades construídas, também, através das suas práticas.
Para Karina Bellotti, as práticas culturais tecidas no cotidiano são as principais responsáveis pela formação das identidades individuais e coletivas, em detrimento das ortodoxias e dos preceitos oficiais de cada religião. Tais estruturas seriam apropriadas e modificadas pelos sujeitos históricos que, através das maneiras de absorver as suas ortodoxias religiosas, resignificam e recriam as religiões a partir das suas experiências histórico-culturais específicas (BELLOTTI, 2011, p. 30 – 34).
São as práticas culturais ou as maneiras encontradas, por cada grupo ou contexto, de vivenciar suas religiões que tornam suas experiências únicas e inéditas, pulverizando, assim, a religião como objeto de estudo. Isso ocorre pela possibilidade de se observar uma distinta ocorrência de elaboração das ortopráticas que, segundo Nicola Gasbarro, constituem-se em um conceito contraposto ao de ortodoxia no estudo das religiões, analisando as práticas e exercícios do culto mais que os dogmas e os sistemas de crenças (GASBARRO, 2006, p. 71).
Ainda para o autor, a fé e as suas expressões não podem ser consideradas apenas como resultados das ortodoxias religiosas. Para a condução das investigações históricas, estes aspectos devem ser compreendidos como das ortopráticas sociais que são oriundas das diversas configurações culturais (GASBARRO, 2013, p. 85).
São, portanto, as ortopráticas, invenções e reinvenções em termos de práticas religiosas. O seu conceito abrange as regras rituais e as “ações inclusivas e performativas da vida social” e das artes de fazer cotidianas (Cf. GASBARRO, 2006; GASBARRO, 2014, p. 190). Com essa perspectiva de análise, distanciamo-nos das classificações atribuídas apenas ao fenomenológico, pois entendemos o processo a partir da sua historicidade. Além disso, amplia-se o campo de estudos da história das religiões que deixa de abranger apenas a investigação das instituições religiosas, passando à observação das práticas culturais ocorridas não necessariamente em seu interior, mas em variados outros espaços.
Os estudos sobre a religião ultrapassaram os muros dos redutos eclesiásticos, com abordagens sobre os diálogos culturais, os símbolos ou a consideração do sagrado e do profano como elaborações históricas, não se resumindo a um enfoque teológico. O cristianismo deixou de se configurar como único elemento explicativo, fundamental para a compreensão das práticas sociais e das novas abordagens conceituais sobre a religião (BELLOTTI, 2011, 16 – 22).
Para Eliane Moura da Silva, estudar historicamente os movimentos e os pensamentos religiosos significa debater teoricamente as possíveis abordagens dentro desta área de estudo. Por isso, compreendemos que é a partir da História Cultural que conseguimos analisar os fenômenos religiosos em suas construções, com a elaboração de uma forma de pensá-los e uma maneira pela qual podem ser compreendidos (SILVA, 2010, p. 11, 13).
Com essa abordagem, também evitamos as generalizações, uma vez que se alarga e pluraliza o conceito de religião, com a compreensão das representações que aspiram à universalidade determinada por aqueles que as elaboram. Vale salientar que cada cultura constitui sua própria ortoprática, construída por diferentes sujeitos que, em suas zonas de contato, atuam a partir das relações de poder assimétricas (SILVA, 2012). Ao participarem de tal construção social, as religiões atuam na elaboração das identidades culturais que, por suas vezes, podem ser compreendidas como vias de “mão dupla”, resultantes de complexas hibridizações (HALL, 2003, p. 31) produzidas junto aos fenômenos de comunicação religiosa, notados como vetores de produção cultural (GASBARRO, 2014, p. 191 – 192) onde, para cada objeto de estudo desse domínio, é possível afirmar que determinada cultura forma historicamente os seus sistemas religiosos (SILVA, 2011, p. 21).
O estudo das religiões não contribui apenas para um novo olhar no conteúdo programático das instituições de ensino, mas colabora com a formação de novos conceitos cotidianos. Com uma abordagem no plural, temos a oportunidade de “[…] compreender o outro atrás de seus véus e templos, rituais e orações”. Torna-se também um exercício de tolerância, ponto fundamental em sala de aula, de respeito à história e a memória de cada cultura (SILVA, 2015, p. 206).
Dificilmente as religiões aparecem como tema principal nos livros didáticos de História. Assuntos como Reforma Protestante, Contrarreforma Católica, judaísmo, islamismo, em grande medida estão alinhados a outras temas. No entanto, tais práticas estão presentes no cotidiano dos estudantes e não podem ser debatidos de modo generalizante.
Questões como “terrorismo”, intolerância religiosa, preconceitos culturais, mídia e religião, devem ocupar um lugar de destaque nas aulas de história. Temas como estes necessitam de um debate aprofundado, conceitual e científico, que não tenha espaço para discursos apologéticos. Para isso, é necessário repensar um trabalho inter / trans / pluridisciplinar com a construção das identidades, das memórias coletivas, das experiências místicas e culturais (SILVA, 2015, p. 213, 214).
Com base nas pesquisas voltadas para a História Cultural, as religiões não são compreendidas enquanto essencialismos ou fenômenos inerentes à determinada “condição humana”, segundo a qual, em razão de sua finitude, os grupos humanos elaborariam, independentemente das diferentes épocas e lugares, crenças sobre a dimensão supra-histórica da realidade. Tais ideias da escola fenomenológica, que tinha como principal expoente Mircea Eliade (BELLOTTI, 2011, p. 21 – 23), foram questionadas pelos pressupostos da Escola Italiana das Religiões.
As propostas da escola italiana têm como diferencial possibilitar aos investigadores e docentes que se utilizam desta corrente, compreender o seu objeto de trabalho em um universo sociocultural diverso. Para isso, é necessária “a valorização das religiões como produtos culturais historicamente determinados”, com abordagens que permitam “análises e comparações entre formações religiosas específicas” (SILVA, 2010, p. 14). Por isso, é possível optar pela designação de religiões no lugar do termo religião. O conceito no singular apresenta a concepção de um modelo único, enquanto o plural apresenta a sua multiplicidade (AGNOLIN, 2013a, p. 43 – 45; AGNOLIN, 203b).
Como objeto de pesquisa, as religiões devem ser abordadas em função das culturas onde se desenvolvem historicamente. Uma vez que não são consubstanciais ao homem, as suas diferentes práticas também impõem a necessidade de abordá-las em suas diversidades historicamente fundadas (AGNOLIN, 2013a, p. 39 – 48). Segundo Rafaele Pettazzoni, uma das principais especificidades deste ramo de pesquisa se traduz em perceber que “[…] toda religião é produto histórico, culturalmente condicionado pelo contexto e, por sua vez, capaz de condicionar o próprio contexto em que opera” (MASSENZIO, 2005, p. 149).
Sendo assim, a diversidade de religiões depende da diversidade das histórias. O método proposto por Raffaele Pettazzoni é conhecido como histórico-comparativo e defende a natureza humana e cultural dos fatos religiosos, com o seu estabelecimento na contramão da fenomenologia, que procurava leis gerais e semelhanças formais (AGNOLIN, 2013b, p. 53 – 68).
Portanto, uma vez que as religiões operam dentro dos processos relativos às culturas onde emergem, pode-se afirmar que, em suas especificidades, são sempre inéditas, contradizendo a ideia de que existiria uma essência religiosa inerente à condição humana. As religiões passam a ser pensadas como frutos da necessidade de “diferenciar e determinar as peculiaridades precípuas de cada processo histórico, para entender, também, além das texturas fundamentais comuns, as irrepetíveis soluções criativas concretas, historicamente realizadas” (MASSENZIO, 2005, p. 25).
Os docentes e pesquisadores que trabalham com os fenômenos religiosos devem se manter atentos ao “[…] uso e sentido dos termos que em determinada situação geram crenças, ações, instituições, condutas, mitos, ritos, etc”. Partindo deste princípio, é necessário pensar a religião como categoria conceitual e metodológica, aberta a mudanças culturais, históricas e sociais (SILVA, 2011, p. 18).
Com as abordagens da História Cultural das Religiões, sobretudo as que têm como base as propostas da Escola Italiana de História das Religiões, surgiram novos problemas e inovadoras abordagens. Entre tais propostas, destacamos o método comparativo, que tem a possibilidade de apresentar novas questões, além de contribuir com o repensar de temáticas já estabelecidas (Cf. SOURCE, 1959). De tal modo, tem-se a possibilidade de se desenvolver analogias, identificar semelhanças e diferenças entre as realidades estudadas, perceber as variações de um mesmo exemplo ao elaborar as suas conexões (BARROS, 2014, p. 17).
Os modelos das culturas políticas, as variedades dos catolicismos no Continente Americano ou na Europa, as missões cristãs na África ou Ásia, as ações dos intelectuais no meio eclesiástico são alguns exemplos de unidades comparativas que podem ser elaboradas ou repensadas a partir das propostas da História Cultural das Religiões em sala de aula. Para Raffaele Pettazzoni, o cristianismo para o crente é incomparável, mas como produto histórico pode ser confrontado. Se o entendermos como evento único e excepcional, o colocaremos fora da história, mas visto no plural torna-se um elemento de estudo. A comparação favorece o advento da forma supranacional da religião, observando a produção dos elementos individuais que visam transformar a religião em um modelo homogêneo e universal (SOURCE, 1959).
Para Karina Bellotti, atualmente, os estudos que têm como base a História das Religiões abordam os diálogos “[…] entre essas fronteiras antagônicas e entre expressões religiosas individuais/coletivas e instâncias sociais diversas” (BELLOTTI, 2011, p. 41). Neste sentido, temáticas que se valeram de aspectos interdisciplinares ganharam maior incidência nos debates entre os historiadores, sociólogos, antropólogos e os demais ramos do conhecimento.  
Os debates que enfatizaram questões como mídia e religião (BELLOTTI, 2004; BELLOTTI, 2010), comunicação e religião, os fundamentalismos (SILVA, 2006), culturas visuais religiosas, cultura material e imaterial religiosa, gênero e religião (SOUZA, 2006; SOUZA, 2004), ensino e religião (SILVA, 2015), os diálogos inter-religiosos, as afinidades entre a religião e a política, as relações entre religião e o mercado de entretenimento, dentre outros assuntos, fortaleceram-se nos espaços de produção. Tal realidade não se percebe apenas pelas novas abordagens teóricas e metodológicas, mas pela configuração de novas possibilidades de pesquisas e o surgimento de novas demandas em sala de aula, pelos novos materiais e questionamentos que os historiadores se fizeram e ainda fazem sobre o conceito de religião e religiosidades.
Ao estudarmos a religião, com o olhar da História Cultural, não desejamos limitar ou criar um conceito filosófico sobre o tema, mas demonstrarmos as diferentes maneiras como os indivíduos compreendem o religioso e o vivenciam em um determinado momento histórico e cultural (BENATTE, 2014, p. 65). A História Cultural das Religiões amplia os horizontes metodológicos, com ênfase no caráter plural do conceito de religião e nas relações históricas dessa com as culturas das quais participa.

Referências
AGNOLIN, Adone. História das Religiões: Teoria e Método. In.(Re)conhecendo o Sagrado: reflexões teórico – metodológicas dos estudos de religiões e religiosidades. São Paulo: Fonte Editorial, 2013a.
AGNOLIN, Adone. História das Religiões. Perspectiva histórico-comparativa. São Paulo: Paulinas, 2013b.
BARROS, José D’Assunção. História Comparada. Petrópolis: Vozes, 2014.
BELLOTTI, Karina Kosicki. “Delas é o Reino dos Céus” – Mídia evangélica na cultua pós-moderno do Brasil (anos 1950 – 2000). São Paulo: Annablume / FAPESP, 2010.
______. História das Religiões: Conceitos e debates na era contemporânea. História: Questões & debates, Curitiba, p. 13 – 42, n. 55, UFPR, 2011.
______. Mídia, Religião e História Cultural. Rever, São Paulo, p. 01 – 05, v. 04, 2004.
BENATTE, Antonio Paulo. A História Cultural das Religiões: contribuições a um debate historiográfico. In. SILVA, Eliane Moura da; ALMEIDA, Néri de Barros (Org.). Missão e Pregação: a comunicação religiosa entre a História da Igreja e a História das Religiões. São Paulo: FAP – UNIFESP, 2014.
BURKE, Peter. O que é História Cultural? Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
DE CERTEAU, Michel. A cultura no plural. Campinas: Editora Papirus, 1995.
GASBARRO, Nicola. A modernidade ocidental e a generalização de “religião” e “civilização”: o agir comunicativo das missões. In. SILVA, Eliane Moura da; ALMEIDA, Néri de Barros (Org.). Missão e Pregação: a comunicação religiosa entre a História da Igreja e a História das Religiões. São Paulo: FAP – UNIFESP, 2014.
______. Missões: A Civilização Cristã em Ação. In. MONTERO, Paula. Deus na Aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo: Globo, 2006.
______. Religione e/o Religioni? La sfida dell’antropologia e della comparazione storico-religiosa. In. MARANHÃO Fº., Eduardo Meinberg de Albuquerque (Org.). (Re)conhecendo o Sagrado: reflexões teórico – metodológicas dos estudos de religiões e religiosidades. São Paulo: Fonte Editorial, 2013.
HALL, Stuart. Da diáspora - Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
MASSENZIO, Marcello. A História das Religiões na Cultura Moderna. São Paulo: Hedra, 2005.
SILVA, Eliane Moura da. “Os Anjos do Progresso no Brasil”: as missionárias protestantes americanas (1870 – 1920). Rever. São Paulo, p. 103 – 126, nº. 1, 2012. 
______. Estudos de Religião para um Novo Milênio. In. KARNAL, Leandro (Org.). História na Sala de Aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2015.
______. Fundamentalismo Evangélico e questões de Gênero: em busca de perguntas. In. SOUZA, Sandra Duarte de (Org.). Gênero e Religião no Brasil: ensaios feministas. São Bernardo do Campo: Metodista, 2006.  
______. História das Religiões: algumas questões teóricas e metodológicas. In. MOURA, Carlos André Silva de; SILVA, Eliane Moura da; SANTOS, Mário Ribeiro dos; SILVA, Paulo Julião da (Org.). Religião, Cultura e Política no Brasil: perspectivas históricas. Campinas: UNICAMP / IFCH, 2011.
______. Introdução. Religião: da fenomenologia à História. In. SILVA, Eliane Moura da; BELLOTTI, Karina Kosicki; CAMPOS, Leonildo Silveira (Org.). Religião e Sociedade na América Latina. São Bernardo do Campo: Metodista, 2010.
SOURCE, Raffaele Pettazzoni. Il Metodo Comparativo. Brill, Leiden, p. 01 – 14, vol. 06, fasc. 01, jan. 1959.
SOUZA, Sandra Duarte de (Org.). Gênero e religião no Brasil:ensaios feministas. São Paulo: Metodista, 2006.
______. Gênero e Religião nos Estudos Feministas. Revista Mandrágora: Estudos Feministas, Florianópolis, p. 122 – 130, v. 12, n.e., set. – dez. 2004.

38 comentários:

  1. Debater religião no ensino básico é uma tarefa um tanto quanto complexa devido a pluralidade cultural da comunidade, que também culmina com uma identidade religiosa, e que em alguns casos algumas destes grupos religiosos podem ser intolerantes a crença do outro. Contudo, percebemos que com o advento da História Cultural as possibilidades para se estudar as religiões se abriram, mas ainda é pouco feito no Ensino Básico. Em sua opinião, o que seria necessário para uma inserção mais efetiva desta temática em sala de aula, de modo a entender a nossa sociedade?

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    1. Prezado Alex Rogério, em sala de aula é fundamental que todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem reconheçam a diversidade cultural e consequentemente religiosa. Este é o primeiro passo de evitarmos preconceitos, o reconhecimento do “diferente” a partir da formação cultural de cada indivíduo. É a partir dos véus, das orações, dos mantras que também podemos reconhecer o outro. No entanto, entendo que os debates sobre as religiões em várias oportunidades ficam em segundo plano na sala de aula, aparecendo como tema secundário de assuntos considerados principais. Um dos pontos para que as religiões sejam debatidas é que as temáticas sobre tais questões não estejam resumidas a reforma ou contrarreforma religiosa do século XVI. Precisamos compreender que todas as culturas, os vários períodos da história mantiveram práticas religiosas fundamentais para que possamos compreender a sua historicidade. Para este processo, o professor deve se manter atento para trabalhar as religiões sempre no plural e de modo científico e não apologético. Sendo assim, indico que um dos principais pontos para tais debates é iniciar pela identificação da pluralidade cultural e religiosa em sala de aula, compreender o termo religião como um conceito a ser analisado de modo científico e que pode contribuir para a compreensão de outras temáticas existentes no conteúdo programático.
      Vamos debater mais!!

      Prof. Carlos André Silva de Moura

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  2. Como trabalhar a diversidade religiosa com uma comunidade abertamente contra devido a suas crenças religiosas? E levando em conta que a Lei pode penalizar escola e educadores, caso os pais não estejam de acordo com o conteúdo ministrado ou sentirem se ofendidos em sua fé, quanto apresentados a seus filhos outras vertentes religiosas?

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Prezado (a), os debates sobre as religiões em sala de aula devem seguir um posicionamento científico. Sendo assim, o professor não deve assumir uma postura apologética em sala de aula, com a propaganda de uma religião, mas a condução de um debate cultural, social, político e histórico das religiões. De tal modo, os conteúdos trabalhados a partir de uma cientificidade devem atender as exigências educacionais e não abrir espaços para questionamentos de devotos de alguma vertente religiosa. Lembre-se que o esta é laico e a educação deve seguir este princípio, sendo assim, é importante que possamos compreender as histórias de todos os seguimentos religiosos e não apenas de A ou B. Como cientistas, devemos orientar os nossos estudantes para as diversas realidades sociais, que também inclui as religiões. O tema se diferencia quando estamos dialogando sobre as escolas confessionais, que devido a sua função “missionária”, atendem a exigência de uma instituição religiosa (escolas católicas, protestantes, judaicas, etc). Mesmo assim, nestes espaços, mesmos que com todas as dificuldades que os professores podem encontrar, os docentes devem manter o compromisso de compreender a pluralidade religiosa e a sua diversidade em nossa história. Em questionamentos que duvide da importância deste debate, devemos lembrar que o mundo é diverso e não se resume a uma única prática. Também destaco que como profissionais estamos autorizados a explorar temáticas que julgamos importantes para a formação dos nossos alunos, desde que não estejam de encontro a liberdade de pensamento e de escolha.

      Vamos debater mais!!

      Prof. Carlos André Silva de Moura

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  3. Como trabalhar a diversidade religiosa com uma comunidade abertamente contra devido a suas crenças religiosas? E levando em conta que a Lei pode penalizar escola e educadores caso os pais não estejam de acordo com o conteúdo ministrado ou sentirem-se ofendidos em sua fé, quanto apresentados a seus filhos outras vertentes religiosas?
    Sandra Márcia Giaretta

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  4. Prezada Sandra, os debates sobre as religiões em sala de aula devem seguir um posicionamento científico. Sendo assim, o professor não deve assumir uma postura apologética em sala de aula, com a propaganda de uma religião, mas a condução de um debate cultural, social, político e histórico das religiões. De tal modo, os conteúdos trabalhados a partir de uma cientificidade devem atender as exigências educacionais e não abrir espaços para questionamentos de devotos de alguma vertente religiosa. Lembre-se que o esta é laico e a educação deve seguir este princípio, sendo assim, é importante que possamos compreender as histórias de todos os seguimentos religiosos e não apenas de A ou B. Como cientistas, devemos orientar os nossos estudantes para as diversas realidades sociais, que também inclui as religiões. O tema se diferencia quando estamos dialogando sobre as escolas confessionais, que devido a sua função “missionária”, atendem a exigência de uma instituição religiosa (escolas católicas, protestantes, judaicas, etc). Mesmo assim, nestes espaços, mesmos que com todas as dificuldades que os professores podem encontrar, os docentes devem manter o compromisso de compreender a pluralidade religiosa e a sua diversidade em nossa história. Em questionamentos que duvide da importância deste debate, devemos lembrar que o mundo é diverso e não se resume a uma única prática. Também destaco que como profissionais estamos autorizados a explorar temáticas que julgamos importantes para a formação dos nossos alunos, desde que não estejam de encontro a liberdade de pensamento e de escolha.

    Vamos debater mais!!

    Prof. Carlos André Silva de Moura

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  5. A temática religião é bastante complexa. É fundamental que ela seja amplamente discutida com os alunos, pois sabemos que o preconceito em relação a algumas religiões é muito grande.Essa temática representa uma forma de romper com a discriminação e propiciar o diálogo sobre o respeito às diferenças.Muitas vezes o próprio professor tem resistência em trabalhar determinadas denominações religiosas. Qual seria a seu ver o caminho para que essa barreira seja ultrapassada na sal de aula? Isabel Uliana

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    1. Prezada Isabel Uliana, concordo com você quando desta que muitas vezes os (pré) conceitos têm início no próprio trabalho do professor. Penso que está problemática é muito mais ampla que uma simples escolha de temática para trabalhar em sala de aula, ou condução do conteúdo programático. Tal questão toca na formação dos docentes ainda na universidade, que precisam compreender os temas de modo científico e amplo. É necessária uma proposta dialógica e libertadora ainda nas cadeiras das universidades, para que tais discussões não sejam reducionista, que compreenda a formação histórica e cultural de cada grupo social. Mesmo com as nossas crenças, ou a falta dela (ponto importante a ser debatido), não podemos negligenciar as discussões que são fundamentais para a formação dos indivíduos, principalmente os adolescentes com uma visão de mundo será fundamental para o futuro como adultos. Como disse em comentários anteriores, os debates sobre as religiões devem ser trabalhados de modo científico, para que não sejam negligenciadas questões como as próprias escolhas dos docentes em sala de aula. Por este motivo, que devemos destacar que não será uma disciplina de “ensino religioso” que resolverá tais discussões na educação básica, mas como um tema gerador e que transpassa vários componentes curriculares, assuntos como os fundamentalismos e os preconceitos são importantes no espaço escolar.

      Vamos debater mais!!

      Prof. Carlos André Moura

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  6. Colega Carlos,essa temática tem sido muito comentada mediante atitudes tão sem nexo ou inescrupulosas mesmo.Recentes matérias jornalísticas dão conta de que há docentes de História que estão se recusando a trabalhar a cultura afro ou indígena para não tocar no candomblé ou rituais indígenas.colégios católicos de renome na Bahia,"preparam" para o vestibular,todavia,assuntos como terrorismo,O Islamismo x Estado Islâmico,exemplos de luta pela paz como da jovem paquistanesa,Malala Yousafsai,são ignorados.Que História é essa? que professor é esse?Cadê, a tolerância? Ivanize Santana

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    1. Prezada Ivanize Santana, suas afirmativas são muito preocupantes. O que enxergo nesta questão é uma negligencia e uma falta de compromisso com temáticas fundamentais, não apenas para um vestibular ou uma prova, mas para a formação do indivíduo. Em sala de aula é necessário termos o compromisso com a construção de uma nova realidade social, muitas vezes estamos presos ao lugar institucional que ocupados (a “filosofia” de uma instituição de ensino), as exigências de um vestibular ou as nossas próprias verdades, que mal trabalhadas trazem prejuízos enormes a formação do futuro cidadão. Você perguntou “que história é essa?”. Destaco com toda a certeza que é uma história que não tem compromisso com a cientificidade, com uma “verdade” histórica e com a formação holística dos estudantes. Completo destacando que este método pode trazer problemas irreversíveis na formação nos nossos futuros adultos, nas suas escolhas e atos na sociedade.

      Vamos debater mais!!

      Prof. Carlos André Moura

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  7. Penso que ao trabalhar a questão da temática religiosa na sala de aula deve se levar em conta um universo plural onde os alunos e alunas partilham ao mesmo tempo diferentes visões sobre à religião. A primeira visão relacionada com o que se aprendeu no seio familiar, depois a que se aprende na escola e a terceira onde os colegas que têm uma prática religiosa diferente passam a apresentar preceitos novos. Ao invés de aprendermos com essa diversidade religiosa, um ensino engessado se faz presente nesse percurso.

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    1. Prezada Jelly Juliane Souza de Lima, costumo afirmar que na escola é o lugar de aprendermos com os véus, as burcas, as orações e rezas, as crenças e oferendas dos outros. As religiões do seu igual em sala de aula nos faz compreender um mundo do diferente, de culturas, costumes, histórias e tradições diversas. É de fundamental importância utilizarmos o conhecimento cotidiano, a realidade social e as histórias de cada discente para a formação das nossas narrativas. Estamos debatendo sobre um assunto, que como você bem disse, muitas vezes é debatido inicialmente no espaço familiar. No entanto, cabe ao professor estabelecer a cientificidade necessária para os debates, derrubar os muros e encurtar as distâncias que nos separam do outro que está tão próximo. Sugiro a leitura do texto "Nós e o Islã" do Nicola Gasbarro, fundamental para os debates sobre o outro. Segue link abaixo:

      http://lw1346176676503d038.hospedagemdesites.ws/v1/files/uploads/contents/101/20080627_nos_e_o_isla.pdf



      Vamos debater mais!!

      Prof. Carlos André Moura

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  8. Em termos epistemológicos como a História Cultural da Religião se difere da Ciência (s) da (s) Religião (es)? Como o historiador da religião se distingue do cientista da religião? Quais tipos de abordagens pedagógicas podem aproximar ou distanciar o professor de história do de ensino religioso no espaço escolar (ensino religioso aqui entendido como o não-confessional assegurado pela legislação vigente)?
    Gustavo Lion Alves de Oliveira

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  9. Prezado Gustavo Lion Alves de Oliveira, as principais distinções entre o historiador das religiões e os cientistas da religião se fundamentam nas suas abordagens teórica e metodológica do objeto de estudo. O historiador está preocupado com a formação social, cultural e histórica do evento religioso, compreendendo que a religião e uma invenção e representação cultural. Para os historiadores das religiões, cada cultura e sociedade pode construir a sua religião, a partir da sua formação histórica e cultural que a ordena. O historiador deve pensar a religião como categoria analítica e conceitual, com uma metodologia de pesquisa aberta as alteridades culturais, incluindo extra ocidental. No domínio da História Cultural, identificamos a maneira através da qual, em diferentes tempos e lugares, um determinado fenômeno religioso é construído, pensado e lido. As ciências da religião se utilizam, sobretudo, das propostas da fenomenologia em suas abordagens teóricas e metodológicas. A fenomenologia religiosa analisa as hierofanias (aparecimento do sagrado), ou seja, “as coisas onde o sagrado se manifesta” e a religião é considerada um fenômeno universal e humano, diferente do historiador, que compreende como um fenômeno história, plural e cultural. As diferentes religiões seriam, simplesmente, manifestações de uma única faculdade humana e poderiam ser analisadas, classificadas em torno de uma unidade ordenada. Diferente desta afirmativa, o historiador da religião posiciona-se na ideia de que toda religião é um produto histórico, culturalmente condicionado pelo contexto e, por sua vez, capaz de condicionar o próprio contexto em que opera.

    Vamos debater mais!!

    Prof. Carlos André Moura

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  10. Tomando por base a diversidade histórica e cultural do Brasil, atrelada às religiões brasileiras(especificamente). Como concatenar todo esse conjunto em sala de aula, onde os alunos vêm de um contexto familiar "engessado", portanto carregado de preconceitos e intolerância religiosa ? À exemplo do aluno protestante que hostiliza o colega de religião afrodescendente ou vice-versa.

    Flaviane Vanessa de Souza Fonseca

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    1. Prezada Flaviane Vanessa de Souza Fonseca, o espaço escolar é um ótimo lugar para desconstruirmos tais preconceitos elencados por você. Para conseguirmos levantar tal debate, deve-se demonstrar aos estudantes a diversidade cultural, a construção de um mundo plural e a formação de uma pluralidade de crenças a partir da nossa constituição social e histórica. Devemos problematizar a própria formação destes conceitos que apenas tem a prejudicar o convívio social. No entanto, lembre-se que os conceitos pré-concebidos surgem das mais diversas frentes, dos protestantes, dos católicos, dos espiritas, etc etc etc, e não apenas de um grupo isolado.

      Vamos debater mais!!

      Prof. Carlos André Silva de Moura

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    2. Realmente professor, estes conceitos pré-concebidos estão presentes em diversas religiões, porém acredito que as de caráter afrodescendentes sofrem bem mais pela questão racial negra especificamente. O público que se posiciona contra estas religiões, antecedem qualquer discurso preconceituoso pelas questões étnicas, enfatizando muitas vezes de forma hostil o desprezo às raízes raciais das religiões afros.

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  11. Carla Cristina
    Bom dia!
    Carlos
    Diante da complexidade em trabalhar com religião no ensino de História e da pluralidade cultural e religiosa dos alunos na sala de aula, qual sua sugestão para trabalhar esse tema no cotidiano escolar?

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    1. Prezada Carla Cristina, em diversas temáticas podemos explorar as temáticas das religiões em sala de aula. Como disse em comentário anterior, o assunto não pode se resumir a reforma e a contrarreforma religiosa no século XVI. As propostas sobre as religiões estão presentes nas divisões tradicionais da História (antiga, medieval, moderna e contemporânea) e também no tempo presente. A partir das religiões podemos dialogar sobre os fundamentalismos, sobre as questões no oriente médio, sobre a diversidade ética no Continente africano, sobre a resistência dos escravizados na colônia e império, a resistência ao regime civil-militar no Brasil, são exemplos da importância das religiões em temáticas da história. No entanto, o que torna-se mais importante são as identidades que podem ser construídas a partir de tais debates, que podem ser alinhado a temáticas do conteúdo programático.

      Vamos debater mais!!

      Prof. Carlos André Silva de Moura

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  12. Caro Carlos André Silva de Moura,
    Gostei muito da sua proposta. Pesquiso religião e vou me apropriar de algumas de suas ideias. Tenho algumas considerações:
    Creio que a experiência religiosa não é algo de predominância cultural. Ela está estreitamente em correlação com o que é político e econômico. Sei que as grades impostas pelas instituições nos obrigam a produzir os trabalhos de acordo com linhas de pensamento, no seu caso a cultural. Acho que temos que derrubar essas grades e mostrar a relação de reciprocidade entre outros modos de pensar. Você sobrepõe demais a cultura sobre o político e econômico, talvez pelo fato de seus autores quizerem resguardar suas linhas, seus empregos, enfim, não sei bem o motivo. No Brasil atual , percebe-se com muita nitidez o jogo cada vez mais político e econômico das instituições religiosas, sobretudo as protestantes históricas, pentecostais (com sua política do corpo, do comportamento, dos gestos, etc) e neopentecostais (abertura ao mercado). Há uma grande quantidade de alunos do ensino básico que frequentam essas instituições e suas ideias são muitas vezes intolerantes, corrompendo o ensino e influenciando até na política (política em seu novo conceito). Creio que é preciso fazer relações com outras áreas e você só deixa claro que existe outras maneiras de pensar a religião nos dois últimos parágrafos.
    Gostaria de saber, também, o motivo do foco exagerado na escola italiana? Outros pensadores pensaram o mesmo em outras instituições pelo mundo, como por exemplo a proposta metodológica da comparação. Existe toda uma trajetória historiográfica sobre a metodologia da história das religiões, enfim, quero saber o motivo da escolha da escola italiana?
    Parabéns,
    Assinado: Pablo Henrique Costa Santos

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  13. Prezado Pablo Henrique Costa Santos, agradeço o seu comentário. Concordo que a experiência religiosa não é um aspecto apenas cultural, caso assim observássemos seria limitado, mas também reconheço que as próprias construções políticas e econômicas são de algum modo uma formação que se utilizam do cultural. Nenhuma proposta teórica e metodológica pode ser hermeticamente fechada, pois como diz Roger Chartier, o cultural tem muito a informar o político e o político ao cultural. No entanto, uma das questões levantadas no texto são as contribuições da História Cultural para as pesquisas na área das religiões, que se utiliza de vários outros elementos que foram postos por você.
    Deve-se perceber que todos os textos representam uma escolha. O nosso objetivo não foi realizar uma revisão historiográfica sobre o assunto, ou sobre as escolas que contribuíram com os estudos das religiões, pois se assim fosse teríamos que levantar um debate sobre as contribuições das correntes norte-americana, francesa, inglesa, dentre várias outras propostas que são de fundamental importância. Também precisaríamos realizar uma análise comparativa entre a História das religiões e a fenomenologia, mas para conseguir este trabalho, precisaríamos de um espaço bem maior. No entanto, enfatizo que a questão para tal escolha, que não enxergamos como exagerada, não se resume apenas ao espaço, mas a própria proposta de trabalho e ao posicionamento para as nossas análises que estão explicitas nos primeiros parágrafos do texto.
    Neste sentido, a partir da escolha que foi relatada acima, refletimos o nosso posicionamento enquanto historiador. Sendo assim, enxergamos as nossas propostas de análise da Escola Italiana como as contribuições que têm nos ajudado na construção de nossas narrativas, na compreensão do conceito de religião enquanto conceito analítico, plural, construído a partir da sua historicidade e como uma representação cultural, são alguns dos principais pontos para os usos de tais contribuições. Tal posicionamento nos faz desconstruir alguns conceitos que na história são trabalhados sem uma problematização dos seus usos, como os termos de catolicismo popular ou de protestantismo histórico, que oferecem mais barreiras que contribuições para as nossas investigações. Qual o protestantismo que não é histórico? ou qual corrente religiosa não é histórica? Existe um catolicismo puro, hierárquico? Popular X ortodoxo (puro)?. São tais questões que a História Cultural, que também se utiliza do político, do econômico e do social, assim como, a Escola Italiana tem nos ajudado a pensar. Como historiadores, localizados em um posicionamento teórico e metodológico definido e não em uma colcha de retalhos, não temos como em um texto abordar todas as correntes que estudam uma temática tão diversa como as religiões, pois estaria distante das intensões das nossas contribuições.

    Vamos debater mais!!

    Prof. Carlos André Silva de Moura

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  14. Entendo o seu recorte teórico e, realmente, você deixa claro a linha que você quer seguir, contudo em algumas partes você sobrepõe o cultural sobre o resto. Me refiro às igrejas protestantes históricas para se referir as igrejas protestantes anteriores aos movimentos pentecostais e neopentecostais. A expressão é utilizada por vários autores e requer, realmente, de uma crítica. Portanto,foi uma expressão que encontrei pra me referir a essas igrejas.

    Pablo Henrique Costa Santos

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  15. Prezado Pablo, obrigado pela continuação dos debates. Você conhece o texto abaixo?

    BELLOTTI, Karina Kosicki. Pluralismo Protestante na América Latina. In. In. SILVA, Eliane Moura da; BELLOTTI, Karina Kosicki; CAMPOS, Leonildo Silveira (Org.). Religião e Sociedade na América Latina. São Bernardo do Campo: Editora Umesp, 2010. p. 55 – 71.

    Ele trabalha muito bem a questão que estamos dialogando. Vamos debatendo.

    Prof. Carlos André Moura

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    1. Não conheço. Vou ler sim, obrigado.

      Pablo Henrique

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  16. Caro Professor Carlos Moura,

    Grato por nos brindar com seu texto: claro e didático, sobretudo para estudantes que pretendem enveredar por estudos ancorados neste eixo temático. Farei as indicações hoje a meus orientandos! Preocupo-me, em particular, com a forma como o judaísmo e o cristianismo são apresentados nos livros didáticos, especialmente, no tocante à análise documental de excertos do cânone bíblico. Em geral, os manuais didáticos atendem a vertentes interpretativas consensuais, ou seja, aceitas e reconhecidas pela maioria das pessoas, no entanto tais abordagens estão na contramão das pesquisas acadêmicas, como sabemos. Em tempos de 'escola sem partido', desnaturalizar práticas religiosas, soa como uma espécie de ofensa a muitos estudantes, inclusive universitários (por incrível que pareça!).

    Quando demonstro, por exemplo, as relações de narrativas veterotestamentárias com outras práticas discursivas da Mesopotâmia para compreendermos o ambiente cultural que possibilitaram determinadas metáforas ou estratégias discursivas, muitos estudantes se retiram da sala de aula! Tenho percebido tal postura com mais frequência na universidade!

    Para estes grupos, tais narrativas são produto de revelações divinas, trazem valores e princípios éticos absolutos e universais e ponto!! O diferente é inferior e ponto!

    Perceba que, na prática, deparamo-nos com obstáculos enormes. Desconstruir e historicizar tais discursos torna-se um desafio muitas vezes mal-interpretado.

    Como você concebe tais impasses ou enfrentamentos na educação básica, levando em consideração o fato de que os livros didáticos estão na contramão dos desdobramentos acadêmicos em torno da história das religiões ? (isso porque quer gostem ou não, fazemos isso no ensino superior, mas nossas condições de trabalho na academia divergem dos docentes da educação básica, é preciso lembrar! Os meus alunos sempre se perguntam como construir uma situação de aprendizagem questionadora de textos 'sagrados' na educação fundamental, no interior do Piauí, constituído por comunidades profundamente católicas e evangélicas)

    Prof. José Petrúcio

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    1. Prezado José Petrúcio,

      estudo uma igreja chamada Igreja Apostólica (da Santa Vó Rosa), fundada em São Paulo, por volta de 1954.Essa doutrina é afirmada como revelações divinas que sugerem trazer, como vc diz, valores e princípios éticos e morais absolutos. Cria-se um imaginário próprio e preso aos princípios conservadores anteriores ao movimento de contracultura no Brasil, no caso da igreja. Pra mim está sendo um dilema pesquisá-la,pois não sei se faço uma análise fenomenológica ou histórico crítica. Confesso que a análise crítica me seduz mais devido, creio eu, ao impacto maior que pode causar. Mas creio que o estado de crença naqueles ensinamentos doutrinários seja tão forte que a minha proposta crítica seja em vão. Acredito que para que o aluno/fiel reconheça "o diferente" seria necessário uma abertura de si mesmo para absorver o que é diferente. Não há uma receita de como fazer isso, há tentativas, sejam radicais ou não, de intervir. Enfim, nós nunca saberemos a reação que despertará no outro. Mas confesso que sempre uso a crítica histórica na sala de aula, devido a grande frequência de defesas, pelos alunos, de suas verdades como únicas.

      Pablo Henrique

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  17. Prezado professor Carlos André,

    Seu texto é instigante e relevante em nosso cotidiano escolar, mas infelizmente vejo que existe no momento outros direcionamentos no que tange o Ensino de História e Religião. Como professor de História já vive momentos de ter que apartar debates calorosos no campo da religião, pois uma das partes sempre direcionava sua fala no campo da fé e de uma única certeza. Assim, estamos preparados para adentar nessa seara?

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    1. Prezado José Humberto, a sala de aula é um espaço de intensos debates. Um local onde se devem compartilhar informações, questionar verdades, dialogar sobre as novas propostas e combater conceitos preconcebidos. Como formadores de opinião, mas, sobretudo, como profissionais preocupados com a formação de cidadãos devemos sim está preparado para a “seara” que se impõe. Concordo que em muitas ocasiões a sala de aula não é o espaço mais fácil de organizar um discurso libertador, mas precisamos iniciar estes debates com os jovens que ainda estão em formação. Precisamos modificar a formação dos estudantes ainda nas universidades, para quando assumirem a posição de professores, possam levar tais problemáticas para os debates no ambiente escolar.

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  18. Carlos,a partir do momento que o aluno compreende as religiões como fenômenos culturais, ele passa a ser mais tolerante aceitando a religião do outro?
    Acerca da Escola Italiana de História das Religiões, poderia me sugerir algum autor?
    Luciano Andrade- UPE

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    1. Prezado Luciano, a compreensão das religiões como representações culturais contribui no entendimento da diversidade religiosa. É importante apresentarmos a diversidade histórica, sociais e a formação cultural particular de cada prática religiosa. É necessário compreender as religiões no plural, para que possam compreender que cada grupo tem a sua maneira de se expressar, as suas práticas, propostas e forma de culto. Com isso, podemos chegar a um respeito ao outro.
      Ainda temos poucos textos consistentes sobre a Escola Italiana traduzidos para o português. No entanto, este livro é um bom apanhado sobre as discussões.

      AGNOLIN, Adone. História das Religiões: perspectiva histórico-comparativa. São Paulo: Paulinas, 2003.

      Vamos debater mais!!

      Prof. Carlos André Moura

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  19. Profº Carlos, boa tarde como vai?
    De grande valia foi este material para mim!
    A respeito de religião, o respeito deve reinar sempre.
    Tenho interesse numa linha de pesquisa de hinários de religiões, conseguiria me indicar algum material para estudo e aprimoramento?
    Obrigado
    Jônatas Fernandes Pereira

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    1. Prezado Jônatas Fernandes Pereira, especificamente sobre qual tema que a indicação. Sobre os hinários ou sobre os estudos na área das religiões. Sugiro consultar o banco de teses e dissertações da CAPES, assim como, o domínio público para que possa verificar sobre material produzido neste tema.

      Fico à disposição para dialogarmos mais.


      Prof. Carlos André Moura

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  20. professor carlos boa tarde. a religiao estara presente e sempre na vida de cada cidadao, isso e inevitavel, porem ao tocarmos neste assunto dentro das salas de aulas, infelizmente podera acontecer atritos, devido essas religioes derem diversificadas em suas interpretacoes, professor como devemos agir nesse ensino e qual deve ser nossa extrema cautela para nao ofendermos nem lado a nem lado b?

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    1. Prezado William Emanuel, o principal ponto que não podemos perder de vista é trabalhar as religiões em sala de aula de modo científico e não devocional. Na disciplina de história as religiões devem ser abordadas a partir das suas questões culturais, sociais, políticas e históricas, sem o favorecimento de uma prática ou juízo de valor. Enfatizo que as religiões devem ser analisadas em pé de igualdade, sem uma hierarquia de práticas, além de ser compreendidas como questões culturais e históricas. Tais propostas devem ser inseridas no conteúdo programático da disciplina, como um debate fundamental para a compreensão de vários eventos históricos.

      Vamos debater mais!!

      Prof. Carlos André Moura

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  21. Prof° Carlos, bom dia! Espero que o senhor esteja bem.

    Esse seu trabalho vai ser bem útil na minha vida acadêmica, estou no segundo período de licenciatura em história e esse assunto é um pouco difícil de ser discutido na minha universidade.

    Estava semestre passado estudando sobre o oriente médio e no atual estudo história da África, gostaria de saber como introduzir as religiões desses povos de forma didática e quais recomendações o professor poderia me recomendar além das citadas no texto.

    Obrigado e tenha um ótimo final de semana
    Rodrigo Almeida Carvalho

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  22. Prezado Rodrigo Carvalho, todos os grupos sociais citados por você possuem a sua historicidade e práticas religiosas particulares. As religiões não podem ser compreendidas de modo separado da História de um lugar, ela faz parte desta formação social, ela e integrante da historicidade. Não temos como realizar uma análise sobre as religiões separadas dos outros aspectos que formam a história de um lugar.

    Sobre as indicações: quais especificamente você precisa?

    Vamos debater mais!!

    Prof. Carlos André Moura

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