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Bony Schachter

SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA NA CHINA: SOBRE AQUILO QUE NÓS PODEMOS APRENDER COM OS CHINESES EM TERMOS DE METODOLOGIA DE HISTÓRIA
Prof. Dnt. Bony Schachter
Fudan University

Neste ensaio eu irei compartilhar com o leitor minha experiência pessoal enquanto estudante de história na China. Observando o presente texto a partir de tal perspectiva, cumpre enfatizar que não se trata este de um artigo científico, mas sim de observações que mesclam minha experiência de vida enquanto doutorando na China com meus conhecimentos específicos de historiografia, tanto ocidental quanto chinesa.
Na China, história sempre foi e continuará sendo por bastante tempo um assunto bastante sensível. A historiografia tradicional chinesa pré-moderna era um empreendimento intelectual e cultural bastante diferente daquilo que nós entendemos por história enquanto disciplina acadêmica moderna. Em termos bastante amplos, a historiografia chinesa tradicional entendia a história como uma narrativa ao mesmo tempo factual e moral. Factual, pois a história como tal não era vista pelos chineses como literatura ou ficção. Há a ideia de correspondência entre a narrativa e o que é narrado. Obviamente, tal ideia não se confunde perfeitamente com aquilo que nós entendemos por fato, mas não é possível negar que a China tradicional tinha como importante a correspondência entre narrativa e objeto narrado. Moral, pois o objetivo da escrita da história não era simplesmente o de colecionar narrativas acerca do passado, mas sim exaltar ou condenar as figuras históricas pelos seus atos e pelo legado que deixaram para a posteridade. Assim sendo, a historiografia chinesa possui um interesse maior pela verdade moral que pela verdade, vamos dizer, científica da narrativa. Isto é, importa mais a lição a tirar dos fatos do que os fatos em si. Como consequência, figuras históricas de peso sobrevivem no registro histórico não apenas em uma, mas em várias versões. História, na China pré-moderna, sempre foi uma questão de construir e manter autoridade. Por esta razão, história moderna é um assunto extremamente sensível: você não vai ter a chance de ir para a China para estudar o massacre da Praça da Paz Celestial em 1989, por exemplo.
Se na China pré-moderna discurso moral e histórico não se dissociavam, a situação na China contemporânea tende a não ser muito diferente. Na China contemporânea, a ideia de história continua tendo um peso significativo na tentativa das lideranças políticas do país de manterem a própria autoridade, bem como um senso coletivo de distinção e superioridade cultural chinesas. Como ocorre em todas as outras áreas de Ciências Humanas, o estudo e o ensino de história são relativamente controlados pelos ditames ideológicos do Partido Comunista. Engana-se quem pensa, no entanto, que a produção acadêmica chinesa, em termos de historiografia, é uma repetição de ideologia de partido. Há, sim, muitos livros de história – especialmente os livros de ensino fundamental e médio – que contam a história da China com base em ideologia de partido. No entanto, também há pesquisa séria ocorrendo nas universidades chinesas, especialmente Qinghua, Beida e Fudan. Em tais universidades de elite, os alunos chineses entram em contato com metodologias de história nos padrões ocidentais. No entanto, não é isto que torna uma boa pesquisa chinesa boa.
Os chineses contam com uma tradição historiográfica bastante longa. Não é realista esperar dos mesmos que eles se ocidentalizem do dia para a noite, como que num passe de mágica. Na verdade, desde o século XVIII, na China se desenvolveu uma tradição filológica bastante útil como ferramente para o estudo da história. É neste ponto que eu entro no tema principal deste breve ensaio: aquilo que temos a aprender com os chineses em termos historiográficos.
Enquanto aluno do curso de História da Arte da UERJ, posso dizer que tive uma excelente formação teórica em termos de historiografia. No Brasil, eu fui exposto a um estudo rigoroso da formação da história da arte enquanto uma maneira de pensar e escrever a história de objetos artísticos. Na China, eu me voltei para o tema da religião e, portanto, tive que me dedicar a fontes escritas, como fazem historiadores que não trabalham principalmente com cultura visual e material.
Minha percepção inicial ao ler os trabalhos de história dos chineses é que eles são bastante pobres em termos conceituais e historiográficos. No entanto, em algumas áreas de pesquisa, notei também que os chineses possuem certas habilidades investigativas que seus colegas ocidentais não possuem. Tais habilidades investigativas correspondem ao domínio chinês da filologia. A filologia é uma ferramenta extremamente útil para qualquer pessoa interessada em estudar a história da China. O que chamo aqui de filologia na verdade é o uso conjunto de várias metodologias para o estudo textual da civilização chinesa. Tais metodologias incluem o estudo de edições de textos, o estudo de catálogos de livros antigos, a identificação de caracteres proibidos em determinado período histórico, a identificação de períodos históricos pelo uso de determinados caracteres etc. O objetivo de tais metodologias é, principalmente, a datação da evidência escrita com o fim de arranjar a evidência no tempo e no espaço de maneira precisa. Este tipo de discussão é extremamente focado, no sentido de que seu escopo é bastante específico.
A metodologia filológica chinesa pode nos ajudar, por exemplo, a identificar o período em que um texto foi escrito, ou então determinar se a autoria de um determinado texto antigo é confiável ou não. Tal metodologia permite determinar não apenas a existência de um texto enquanto edição presente, mas também a circulação do texto em períodos anteriores. Em outras palavras, é apenas por meio da filologia que o historiador é capaz de organizar as fontes com as quais deseja trabalhar de modo a construir a sua própria narrativa histórica. A filologia permite ao historiador que trabalha com a China submeter as fontes com as quais deseja dialogar a um estudo sério de sua origem, data, distribuição geográfica etc. Não raro, os melhores trabalhos chineses de história são, na verdade, trabalhos de filologia. Esta disciplina, dado o seu apreço pelo acúmulo de dados com o objetivo de apresentar evidência indiscutível acerca de um determinado assunto específico, não possui grandes ambições teóricas. No ambiente acadêmico chinês, altamente pressionado pelas pressões ideológicas da política do dia, a filologia se sobressai pelo seu apreço a evidências e empiricismo, de modo que discussões teóricas e filosóficas não são de grande interesse para quem estuda a China do ponto de vista da descoberta de novos materiais e evidência empírica.
O aluno brasileiro que desejar estudar a China certamente irá se beneficiar enormemente se puder aprender este tipo de metodologia filológica. Aliada à já excelente formação historiográfica proporcionada em universidades brasileiras, a formação filológica se revela um elemento fundamental na formação do historiador cujo tema é a China. Apenas com as ferramente proporcionadas pela filologia o historiador ocidental pode entender a China em sua especificidade.


44 comentários:

  1. Caro Bony,
    Muito interessante a sua exposição.
    Aceito a observação sobre o apego dos acadêmicos brasileiros ao referencial teórico.
    Gostaria de perguntar como seria possível uma análise filológica, sem uma abordagem política? Penso em Foucault, De Certeau, Chartier e em Raymond Williams, que propoem uma análise do significado das palavras num determinado contexto e nos ensinam a questionar a politica que move o autor.
    Elaine P. Rocha

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    1. Cara Elaine, obrigado pelo seu comentário. A análise filológica em si, por causa da natureza das questões que ela faz (datação de documento, verificação de local de publicação, autoria etc) não necessariamente se relaciona com questões políticas. Ao mesmo tempo, a análise filológica em si não é pesquisa histórica. Na minha opinião, é uma ferramenta cujo objetivo é enriquecer o trabalho do historiador. No caso da China, é uma ferramenta indispensável, dada a quantidade e a variedade de documentos disponíveis pra estudo. Em outras palavras, eu não penso que o historiador possa se esquivar da questão políticas, apenas estou afirmando que a filologia fornece ferramentas pra lidar com questões básicas, textuais, pouco interpretativas e mais factuais.

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  2. 1: no terceiro parágrafo você fala sobre a forte influência do partido comunista no ensino das ciências humanas. As grandes dúvida que eu tenho sobre o ensino na China é a seguinte:
    a) lá há divisão entre escola pública e particular (seja ensino básico ou superior) e dependendo da sua primeira resposta, como é a qualidade dos serviços educacionais público e particular?
    b) é verdade que o Partido Comunista Chinês se utiliza dos melhores universitários para a vida política? Isto é, para fazer parte do PCC é necessário ser universitário com alto grau de aproveitamento acadêmico?
    c) se o PCC tem tanta influência no ensino de história, há a possiblidade de existir pesquisa historiográfica que não seja controlada pela ideologia do partido (como você afirmou no 3º parágrafo “Engana-se quem pensa, no entanto, que a produção acadêmica chinesa, em termos de historiografia, é uma repetição de ideologia de partido”?
    Everton Aparecido Moreira de Souza

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    1. Oi Everton, obrigado pelo seu comentário.
      Respondendo suas dúvidas:
      (a) Independente do ensino ser público ou privado, ele sempre é pago. O governo chinês, no entanto, disponibiliza bolsas de mestrado e doutorado para estudantes estrangeiros que, então, não precisam pagar suas taxas escolares.
      (b) Não sou um especialista em China moderna ou PCC, mas não é verdade que para fazer parte do PCC é preciso alto grau de instrução. Veja, a filiação ao PCC não supõe a participação na vida política chinesa de modo ativo. Muitas pessoas entram para o partido pelo simples fato de isto facilitar as coisas para elas. Já vi colegas meus fazendo isso. Agora, não sei como funciona para quem quer ter uma participação ativa na vida política chinesa.
      (c) Sim, há muita pesquisa na China que não é diretamente controlada pela ideologia de partido. Principalmente nas grandes universidades (Beida, Fudan, Qinghua etc), exige-se dos alunos que eles façam a pesquisa histórica em diálogo com pesquisa européia, americana,japonesa etc. Pelo menos na minha área (religião chinesa), eu vi muita coisa boa e que não tem nada a ver com ideologia de partido.

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  3. Achei bem interessante a experiência que você relatou, gostaria de saber como funciona nas escolas chinesas o estudo da história?Porque você cita que"o estudo e o ensino de história são relativamente controlados pelos ditames ideológicos do Partido Comunista?"Gostaria de saber a sua opinião como você ver,considera o ensino de história na China,comparando com o Brasil o que você acha?

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    1. Oi Beatriz, obrigado pelo seu comentário. No nível do ensino fundamental e médio, os livros didáticos de história são certamente completamente controlados pela censura ideológica. No nível superior, os alunos são expostos a todo tipo de leitura, inclusive pesquisa internacional. O ensino de história na China, pelo menos em nível acadêmico, é muito diferente do brasileiro pois nele o aluno é exposto não apenas às metodologias européias como, também, tem que lidar com tradições historiográficas chinesas.

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  4. Prezado Bony,

    Experiência interessante, gostaria de saber se existe alguma ala dissidente de historiadores na China que tentam quebrar a narrativa ideológica do Partido Comunista?

    Atenciosamente,
    Alberto Ferreira e Souza.

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    1. Oi Alberto, obrigado pelo seu comentário. Não conheço ninguém tentando quebrar a narrativa ideológica do Partido, pelo menos não na China. Eu acredito que você vai encontrar esse tipo de historiador em áreas como Taiwan e Hong Kong.

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  5. Muito interessante seu relato. Mas como funciona na China o estudo da história? E a ideologia comunista permite uma discussão critica da realidade? Como esta realidade especifica e tão divergente, pode ajudar a compreender a nossa?
    Sandra Márcia Giaretta

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    1. Oi Sandra, obrigado pelo seu comentário. É difícil resumir tudo em um post. (1) Sobre o estudo da história, só posso me referir ao ensino superior. No âmbito universitário, o estudo da história inclui não apenas autores internacionais como, também, o estudo de disciplinas filológicas chinesas. (2) Permite. (3) Não acho que o estudo da China seja uma ferramenta para entender nossa própria realidade, mas sim uma ferramenta para entender a realidade chinesa.

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  6. Marcos Vinicius R. Lopes3 de abril de 2017 às 14:20

    Caro Bony,
    No decorrer do texto você afirma que a historiografia chinesa está associada a valores morais e, portanto, a narrativa histórica está mais interessada na "verdade moral" do que na "verdade científica da narrativa". Em outro momento você afirma que não se deve esperar que a historiografia chinesa "se ocidentalize do dia para a noite" e, algumas linhas acima, afirma que não são os padrões ocientais que tornam a pesquisa histórica chinesa boa. Minha pergunta é a seguinte: É possível falar em método científico, ou, ainda, em rigor científico na produção histórica chinesa? Quais são os padrões ociedentais que ela apresenta? E, por último, é possível pensar a produção histórica chinesa como ciência dissassociada dos padrões ocidentais, ou seja, a produção chinesa em história pode ser pensanda como alternativa à produção ociental em igual valor científico?
    Marcos Vinicius R. Lopes

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    1. Oi Marcos, obrigado pelo seu comentário. Primeiramente, ao dizer que não acho que a historiografia chinesa possa se ocidentalizar do dia para a noite, não estou afirmando que ela deveria fazê-lo. Muito pelo contrário. Em termos de produção historiográfica chinesa atual, é possível falar em metodologia e valor científico pois os chineses incorporaram tais conceitos oriundos do Ocidente à sua própria prática historiográfica, que deixou de ser apenas uma narrativa nacional e moral. Esse assunto dá o que escrever e pensar.

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  7. A produção historiográfica chinesa tem sido traduzida para outras línguas? Até que ponto existem trabalhos voltados para o estudo dessa produção em outros países?

    Att.
    Rodrigo Conçole Lage

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  8. Oi Rodrigo, obrigado pelo seu comentário. O termo produção historiográfica chinesa é bem amplo. Acho que ele pode abarcar tanto a produção antiga quanto a moderna. Em ambos os casos, há apenas uma pequena parcela de textos traduzidos. O estudo da historiografia chinesa também ainda está nos seus inícios. Não vale muito a pena investir em traduções. Para estudar a historiografia chinesa, o único caminho é aprendendo chinês.

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  9. Caro Bony... Em sua fala apresenta a perspectiva histórica da China com base na Moral. Adiante se refere as universidades de elite, no qual "os alunos chineses entram em contato com metodologias de história nos padrões ocidentais". O que pressupõe a negação desta base moral na pesquisa ocidental. Posteriormente você faz o seguinte comentário: "Os chineses contam com uma tradição historiográfica bastante longa. Não é realista esperar dos mesmos que eles se ocidentalizem do dia para a noite, como que num passe de mágica." Este seu comentário me parece, um julgamento moral, eurocêntrico e etnocêntrico. Neste caso, eu perguntaria sobre a capacidade crítica destas universidades elitistas em relação aos resultados da política do Partido comunista nos último 30 anos, para falar de alguns exemplos, citaria apenas, o controle da inflação na casa dos 4,5%, criação de 50 milhões de empregos urbanos, 36 milhões de casas populares para população de baixa renda, além do crescente subsídio à agricultura, que está injetando U$300 bilhões de dólares? Será que estas universidades preparam seus alunos apenas para a crítica anticomunista como é maioria entre os ocidentais elitistas ou são capazes de realizar críticas ao capitalismo que nunca conseguiu fugir do seu destino, aumentar a pobreza?

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    1. Oi Silvana, obrigado pelo seu comentário. (1) A perspectiva histórica chinesa tradicional tende a ser moralista. O discurso histórico chinês tradicional é uma narrativa baseada em pressupostos rituais, religiosos, morais e éticos muito específicos da cultura chinesa. A pesquisa ocidental em história obviamente não é informada pelos mesmos pressupostos. (2) Eu não espero dos chineses que eles se ocidentalizem. Não criei as universidades chinesas modernas nem implantei currículos modernizados que dão aos alunos chineses acesso à literatura e metodologia históricas ocidentais. A vontade de se ocidentalizar e de se modernizar parte dos próprios chineses que, ao mesmo tempo, não tem como fugir da questão da construção da identidade chinesa e nacional. Enfim, não sou eu quem deseja que os chineses se ocidentalizem ou se modernizem. Meu comentário não tem como ser eurocêntrico ou etnocêntrico pois não me vejo como europeu nem como representate da Europa. (3) As universidades chinesas não preparam os alunos para a crítica anticomunista.Muito pelo contrário, toda universidade tem um centro de estudos de marxismo, o que em si implica a manutenção de centros para a formação do assim chamado socialismo com características chinesas.

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. Caro Prof. Bony,

    Marilena Chaui em seu livro “Mito Fundador e Sociedade Autoritária”, deixa transparecer de que os verdadeiros assassinos foram aqueles que escreveram a história do Brasil (do ponto de vista de cada um). Diante desta situação, a China ao adotar a postura de construção historiográfica tradicional pré-moderna como empreendimento intelectual e cultural acertou ao condenar ou exaltar seus atores históricos a partir dos legados deixados para novas gerações?

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    1. Oi Ubiraci, obrigado pela sua resposta. Meu teclado esta sem portugues, por isto a falta de pontuacao. Acho que nao seria uma questao de determinar se a China acertou ou errou, mas sim de tentar entender os pressupostos teoricos, culturais etc orientando a historiografia chinesa tanto no periodo pre-moderno quanto no periodo atual. A discussao sobre a China sempre exige muita especificidade.

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  12. Muito interessante e a sua experiência e relato com outro tipo de educação, com certeza bem diferente da nossa aqui do Brasil. A minha dúvida refere-se a educação escolar na China. Como ela é feita? Como é abordada? E quais métodos pedagógicos utilizam para o ensino da história? Desde já, muito obrigada, abraços!
    Daniela Carine Dohs Macahdo

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    1. Oi Daniela, obrigado pela sua resposta. Meu teclado esta sem portugues, por isto a falta de pontuacao. Infelizmente, minha area de pesquisa eh China imperial, nao educacao chinesa moderna. Desta forma, nao tenho muito a dizer sobre o assunto. De qualquer maneira, com o pouco que sei sobre o tema, posso dizer que a educacao chinesa eh baseada em acumulo de informacao, memorizacao e resultados objetivos em prova. Os chineses possuem uma cultura de prova que remonta ao tempo da China imperial, quando foram instituidos os concursos para cargos publicos. Dessa maneira, a educacao chinesa de um modo geral eh mais voltada para a memorizacao de informacao (com o objetivo de se sair bem em exames escritos) do que ideias como compreensao, analise critica etc.

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  13. Olá.
    Algum conhecimento que pudesse compartilhar sobre o ensino de História na educação básica chinesa? E como os alunos percebem o aprendizado em História?

    Ronaldo Francisco Rodrigo Martins, Porto Alegre, RS

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    1. Oi Ronaldo, obrigado pela sua resposta. Meu teclado esta sem portugues, por isto a falta de pontuacao. Sugiro que de uma olhada no post acima, onde respondo a pergunta da Daniela.

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  14. Boa noite Bony.
    Muito legal a sua experiência acadêmica na China.
    Gostaria de saber se já existem historiadores chineses cujo trabalho acadêmico tenha sido divulgado no Brasil.
    Abraço.
    Celimara Solange da Silva Orlando Curbelo.

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    1. Oi Celimara, obrigado pela sua resposta. Meu teclado esta sem portugues, por isto a falta de pontuacao. Que eu saiba, nao ha trabalhos academicos de historiadores chineses divulgados no Brasil. Caso voce tenha interesse pela historiografia chinesa a nivel academico, o melhor a fazer seria estudar chines. Nao existe a possibilidade de estudar China sem aprender o chines moderno (e o chines classico, caso se queira estudar China antiga).

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  15. Bom dia.
    A ponte filológica é bastante pertinente. De fato esse é um ponto que podemos aprender, temos muita dificuldade em determinar a data de um determinado texto a partir de sua linguagem, sendo assim o método usado será útil em nosso futuro e abertura de pesquisas, um uso assim já podemos ter nos textos de Euclides da Cunha. Minha questão não é sobre o tema do cenário chinês, mas de um método indicado na sua fala. Sobre a China, lembro de uma palestra com um monge, em que ele aponta a evolução da linguagem na China com a chegada do budismo. No caso temos um material assim no Brasil?

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    1. Oi Rodrigo, obrigado pela sua resposta. Meu teclado esta sem portugues, por isto a falta de pontuacao. Nao sei se entendi bem a sua pergunta. Pelo que entendi, voce quer saber se existe algum material no Brasil sobre filologia que possa ajudar a lidar com documentos relacionados a historia do Brasil? Eu sinceramente nao sei, toda a minha formacao nesse aspecto eh voltada para o estudo de documentos chineses, que sao muito especificos. No caso dos documentos nao ha material nenhum em portugues (nem mesmo em ingles), filologia de documentos chineses se aprende ou em chines ou em japones.

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  16. Caro Bony

    Muito enriquecedor esse seu relato. Parabéns!
    Os métodos filológicos contribuem bastante para o trabalho do historiador. Faço pesquisa em um acervo organizado e pesquisado por filólogos e, sem dúvida, o trabalho deles é muito importante para o meu trabalho. Inclusive, acredito que esses métodos deveriam ser ensinados nos cursos de História.
    Fiquei curioso sobre o seu objeto de pesquisa no doutoramento e como a filologia chinesa contribui para ela.

    Grato

    Fernando Santana de Oliveira Santos

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  17. Oi Fernando, obrigado pela sua resposta. Meu teclado esta sem portugues, por isto a falta de pontuacao. No caso da China, a filologia eh uma ferramenta de trabalho indispensavel. Ela inclusive pode ajudar a separar a pesquisa boa da pesquisa ruim. Pesquiso uma escritura daoista. Todo o modo de pensar da minha pesquisa eh relacionado com a filologia, pois eu trato a escritura nao como texto apenas, mas como objeto material inscrito no tempo e no espaco por meio da publicacao de edicoes.

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  18. Você carrega na bagagem intelectual um modelo muito diferente de ensino de história hoje. É possível aplicar este modelo aos seus alunos?

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  19. Murilo Luiz Gentil de Oliveira5 de abril de 2017 às 10:21

    Boa tarde!
    Preciso refazer o post devido certificação.
    Você carrega na bagagem intelectual um modelo muito diferente de ensino de história hoje devido à sua experiência asiática. É possível aplicar este modelo aos seus alunos?

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    1. Olá Murilo, obrigado pelo seu comentário. Este modelo pode ser aplicado a qualquer aluno que esteja disposto a se esforçar muito para ganhar as habilidades, principalmente linguísticas, para usá-lo.

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  20. Oi, Bony! Parabéns pelo seu relato e por trazer um pouco da sua experiência em China para nós. Achei, no geral, muito interessante os dados que trouxe a respeito da escrita da história no país. Ao que me parece, os modelos teóricos e metodológicos são muito diferentes daqueles usados pelos meios acadêmicos ocidentais. Fiquei curiosa sobre como devem ser realizadas e escritas as pesquisas históricas. A filologia, ao que me pareceu, é o método principal e - me corrija se estiver errada - aquele que você deve utilizar em sua pesquisa. Porém, como historiadores e historiadoras da arte (não sei se esse é a nomenclatura correta), não deveria haver ênfase em outros métodos que auxiliassem na análise das imagens? Acredito que eles existam, mas quais seriam?
    Além disso, tendo em vista a ingerência do Partido Comunista, como se dá o diálogo entre a historiografia pré-moderna e uma historiografia mais progressista, que busque romper como o modelo narrativo de "história: mestra da vida"?
    Obrigada e sorte nas suas pesquisas.

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  21. Olá Livia, obrigado pelo seu comentário. Filologia deveria ser o método principal, mas na China ela não está tão em voga nos departamentos de história. Na verdade, ela é mais ensinada e praticada nos departamentos de livros antigos, ou seja, filologia. A razão pela qual o método não é muito popular é simples: não é fácil de usar, pois exige que o historiador ou filólogo vá para os arquivos históricos em busca de novos materiais para discussão. A ideia de historiografia progressista, crítica etc são parâmetros ocidentais. Na China há dois tipos de pesquisa: a boa e a ruim. A pesquisa ruim é aquela que usa os materiais que todo mundo já conhece. A pesquisa boa é aquela baseada em arquivos e que, portanto, levanta dados até então literalmente desconhecidos. O paradigma da boa pesquisa de história na China não é teórico, é informativo.

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    1. Oi, Bony! Muito obrigada pela sua resposta!
      Sobre o paradigma chinês para uma boa pesquisa historiográfica, seria, então, ela trazer sempre elementos inéditos, em todos os níveis de graduação?

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    2. Oi Livia, obrigado pelo seu comentário. Em princípio, a boa pesquisa deveria ser baseada na descoberta de novos materiais. A pesquisa chinesa é mais informativa e descritiva, sendo menos analítica e conceitual. Na realidade o que acontece é que muito poucos conseguem realizar pesquisa inovadora, já que muito poucos estão interessados de verdade em trabalhar com edições, arquivos etc. Na verdade, mesmo nas universidades de elite, muitas pessoas estudam história pra conseguir um diploma e depois ir trabalhar no banco, por exemplo. Obviamente, isto que estou falando é baseado na minha experiência pessoal de convívio com alguns colegas. Pesquisa séria, quando ocorre, é no nível do doutorado. Geralmente o aluno que chegou no doutorado é o aluno que tem mais seriedade em fazer uma carreira acadêmica.

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    3. Acredito que essa seja uma realidade compartilhada também no Brasil. Muitos colegas acabam desistindo da profissão, acredito mais por conta das dificuldades enfrentadas no contexto educacional brasileiro. Talvez seja o mesmo que ocorre na China? De qualquer maneira, muito obrigada pelos seus esclarecimentos.

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  22. Boa noite Bony,
    Em parte do seu relato você destacou como a China lida com a História, principalmente nos ambientes não acadêmicos, como a escola. Minha pergunta é: Como os chineses analisam/interpretam o nosso entendimento (ocidentalizado) da História nos espaços fora das universidades da elite?

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  23. Oi Alex, obrigado pelo seu comentário. Fora das universidades de elite, os chineses em sua maioria não devem estar preocupados com o nosso entendimento (ocidentalizado) da História. Não vejo razão para estarem preocupados com isso.

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  24. Caro Bony, excelente relato e gostaria de um contato para poder acompanhar mais seus trabalhos.

    Minha pergunta é como podemos usar esse método chinês​ como ferramenta de auxílio no ensino fundamental. Outra pergunta é quais textos você pode recomendar para começar a praticar esse método.

    Ass.Rodrigo Almeida Carvalho - Manaus/AM

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  25. Oi Rodrigo, obrigado pelo seu comentario. Estou sem portugues neste teclado, dai a falta de acentos. Na minha opiniao, este metodo nao tem como ser usado no ensino fundamental pois para usa-lo seria necessario superar a barreira linguistica. Isto seria dificil mesmo para alunos de graduacao. Em relacao aos textos de metodologia filologica, eles se encontram em chines e japones. Acho que alunos nao-chineses (e que cuja lingua materna nao seria o chines) so tem como usar ferramentas oriundas da filologia chinesa depois de muito tempo de estudo do chines classico e moderno, o que significa que o aluno provavelmente so estara preparado pra isto durante a pos-graduacao. Se o aluno quiser estudar o periodo pre-Han e Han, entao, complica mais ainda, pois alem do chines moderno e classico, tambem teria que estudar a gramatica e a caligrafia particulares do periodo que esta interessado! Nao seria nada facil aplicar isto no ensino fundamental.

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  26. Boa tarde, professor Bony Schachter.

    Gostaria que comentasse esse trecho de sua conferência:

    "No ambiente acadêmico chinês, altamente pressionado pelas pressões ideológicas da política do dia, a filologia se sobressai pelo seu apreço a evidências e empiricismo, de modo que discussões teóricas e filosóficas não são de grande interesse para quem estuda a China do ponto de vista da descoberta de novos materiais e evidência empírica".

    A Filologia seria um campo neutro?

    Como essa ciência poderia contribuir com a produção do conhecimento histórico no Brasil?



    É impressão minha ou estou enganada quando seu texto deixa entrever um certo relativismo em relação à produção da história no contexto da China quando Senhor afirmou: "(...) história moderna é um assunto extremamente sensível: você não vai ter a chance de ir para a China para estudar o massacre da Praça da Paz Celestial em 1989, por exemplo."


    Obrigada.

    Paz e bem.

    Francisca Márcia Costa de Souza

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  27. Julio Junior Moresco7 de abril de 2017 às 12:56

    Olá!

    O modo como os chineses encaram a História realmente se difere pela sua estrutura cultural.
    Mas o que me inquieta como professor de História na Educação Básica é: quais os condicionantes que fazem os livros didáticos trabalharem de maneira tão discreta a História de um povo de tamanha grandeza e extensão?


    Julio Junior Moresco

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