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Ary Albuquerque; Ítalo Nelli

ENSINANDO ENTRE TELAS: AS MULHERES NA HISTÓRIA E SUAS POSSIBILIDADES DE ABORDAGEM EM SALA DE AULA ATRAVÉS DO CINEMA
Ary Albuquerque Cavalcanti Junior
Prof. Dnt. História UFGD
Ítalo Nelli Borges
Prof. Dnt. História UFU


Nos últimos anos, a História vem passando por inúmeras problematizações e renovações metodológicas no Brasil e no mundo. Em nosso país, ainda que a disciplina esteja sendo deixada de lado dentro do currículo fundamental e opção de escolha no médio, tal fato não nos desanima enquanto professores/pesquisadores que se debruçam sobre o par ensino/história, o qual pretendemos discuti-los nesse breve texto a partir do cinema e das representações de gênero.
De antemão, é importante ressaltarmos os excelentes estudos apresentados por Circe Bittencourt, Marcos Napolitano, Kátia Abud, Leandro Brunelo etc, que trouxeram discussões acerca do saber histórico na sala de aula, nos influenciando diretamente, sendo nossos principais aportes teóricos. Assim, a utilização da literatura, da televisão, da música, do cinema dentre outros, passaram a ser observadas de diferentes maneiras e inovadoras possibilidades de aplicabilidade em sala de aula (BRUNELO, 2016).
No âmbito da historiografia, assim como o ensino, a história passou por um longo e importante debate na academia entorno da participação e da importância da mulher na história. Nessa perspectiva, ressaltamos estudos como os de Natalie Zemom Davis e Michelle Perrot como importantes contribuições não apenas no trato dos acontecidos históricos, mas na própria construção e criação de mitos em torno da justificativa da onipresença feminina, sendo considerados por nós como autoras de suma significância para aqueles que se interessam pela temática. Assim, ao propormos discutir a presença da mulher na história devemos estar cientes que:
Incorporar a história das mulheres na produção do conhecimento his­tórico é um empreendimento relativamente novo e revelador de uma profunda transformação: está vinculado estreitamente à concepção de que as mulheres têm uma história e não são apenas destinadas à reprodução, que elas são agen­tes históricos e possuem uma historicidade das relações entre os sexos, relativa às ações cotidianas (LOSANDRO TEDESCHI, 2012, p. 107).
Dessa forma, entendemos que a inserção do filme como ferramenta para análise histórica, além de sua representação passou a ganhar espaço nos debates acadêmicos, principalmente contemporâneos, sendo observados por nós como excelente ferramenta de discussão em sala por parte do professor (CARLA PINSKY, 2006).
Nessa conjuntura, ao relacionar obras cinematográficas e a representação da mulher, podemos perceber o crescimento de produções que passaram a trazer o sexo feminino como ente ativo. Em 2015, por exemplo, sob a direção de Sara Gravhon e roteiro de Abi Morgan, além da presença da atriz Merlin Strip foi lançado o filme “As sufragistas”, que traz uma representação do movimento feminino inglês. Importante ressaltar que esta obra cinematográfica teve pouquíssimo apelo midiático em comparação a outros títulos, inviabilizando o conhecimento de seu lançamento por parte de muitas pessoas (CAVALCANTI JUNIOR & BORGES, 2016). De toda forma, o professor pode utilizar tal obra, onde possui apenas mulheres como protagonistas, com o intuito de atentar aos discentes a Inglaterra de outrora, observando as mulheres como ativas no processo de discussões de direito trabalhista e desconstruindo ações estritamente domésticas.
Vale ressaltar que as discussões de gênero apresentadas por Joan Scott (1990), Judith Butler (2003), Andréa Gonçalves (2015), Tedeschi & Colling (2015) além das excelentes reflexões apresentadas por Michel Foucault (1992), são de grande importância no intuito de dar um norte teórico sobre as discussões de gênero e o “lugar” da mulher na sociedade. Assim, aqui entendemos gênero não como algo específico à mulher, como há muito tempo se pensou, mas como aquele conceito que especificamente "rejeita a validade interpretativa da ideia das esferas separadas e defende que estudar as mulheres de forma separada perpetua o mito de que uma esfera, a experiência de um sexo, tem muito pouco ou nada a ver com o outro sexo" (SCOTT, 1995, p. 7). Logo, sua utilização neste breve ensaio reverbera a relação entre os sexos.
Outra possibilidade de utilização em sala de aula no âmbito do Brasil é a obra cinematográfica Zuzu Angel. Perpassada no período ditatorial brasileiro, a personagem luta para saber noticias e encontrar o paradeiro do seu filho Stuart Angel Jones envolvido diretamente com ações contrárias ao Estado. Durante a obra, a imagem da mulher traz uma representação de forte e aguerrida, contudo, ainda ligada à questão maternal e as diferenciações e subjetivações que as diminuíam nos debates políticos, e que o autor traz uma excelente amostra (CAVALCANTI JUNIOR & BORGES, 2016).
Por outro lado, o professor precisa compreender que o cinema é mais que o filme. O cinema é produto sociocultural advindo da complexidade da sociedade, pois reúne em si elementos econômicos, artísticos, simbólicos, políticos, etc. Isto faz com que seja necessária uma abordagem do contexto de produção do filme a ser exibido em sala de aula; sua corrente estética, bilheteria, crítica, se gerou produtos a serem consumidos a parte de si como é muito comum em filmes da Disneye franquias de super-heróis, por exemplo. Toda esta miscelânea dá historicidade a obra fazendo com que o estudante tenha um olhar mais amplificado em relação a ela.
Outra abordagem, a nosso ver, essencial é o prévio conhecimento da linguagem cinematográfica por parte do docente. Este tipo de conhecimento contribui fortemente para a eficácia da atividade uma vez que qualquer análise fílmica competente estará atenta a elementos da linguagem tais como questões audiovisuais, narrativas e de estrutura fílmicas. Esta, porém, não é uma abordagem de fácil acesso aos professores de História visto que não têm em sua formação, via de regra, um currículo voltado para estes tipos de conhecimento. Isto faz com que incialmente a exibição de filmes em sala de aula não seja uma atividade cômoda, entretanto, uma vez que o professor conheça basicamente a linguagem fílmica, estará em um interessante caminho metodológico para usar o filme como recurso pedagógico. Alguns autores que escrevem sobre cinema e imagem podem ajudar nesta questão como Jacques Aumont (1995), Gerardo Yoel (2015), Ismail Xavier (2014), Gilles Deleuze (1990). Cada um, a seu modo e com suas peculiaridades, destinará um modo de pensar às imagens. A pluralidade intelectual deste tema garantirá ao professor a amplitude necessária de conhecimento sobre como é composta a imagem fílmica.
Dessa forma e, preferencialmente, utilizando fragmentos fílmicos em decorrência do comumente insuficiente tempo de aula para exibir o filme inteiro, o docente terá um leque de possibilidade maior de utilização do cinema em sala de aula. Tendo, como afirmamos acima, amplitude de conhecimento tanto do cinema como fenômeno sociocultural quanto da linguagem do filme, a estratégia de trazer o filme para a sala de aula terá plenas condições de consistir numa atividade profícua para a produção e análise de conhecimento histórico.
Assim, é preciso que o professor ao realizar uma abordagem temática, como gênero, utilizando do cinema como principal mediador, fique atento as linguagens que específicas da cinematografia, além, de um domínio prévio do que se pretende discutir. Logo, o crescimento metodológico de ensino histórico vem contribuindo de forma sistemática para o alcance do senso crítico dos estudantes.

Referências
AUMONT, Jacques. et al. A Estética do Filme. São Paulo. Papirus. 1995
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: Feminismo subversão da identidade. Trad: Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003
BITTENCOURT, Circe Maria (Org). O saber histórico na sala de aula. 11ª ed. São Paulo: Contexto, 2008
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Prefácio, Jacques Le Goff; Apresentação à edição brasileira, Lilia Moritz Schwarcz; tradução, André Telles –  Rio de Janeiro: Zahar, 2001
COLLING, Ana Maria. Tempos diferentes, discursos iguais: a construção do corpo feminino na história. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2014
CAVALCANTI JUNIOR, Ary Albuquerque. BORGES, Ítalo Nelli. “Quem é essa mulher?”: a ditadura civil-militar brasileira através do filme Zuzu Angel (2006) – reflexões de gênero e militância. Revista Hominum. Edição nº 19, Outubro/ 2016.
DELEUZE. Gillies. A Imagem Tempo. São Paulo. Brasiliense. 1990.
GONÇALVES, Andréa. História e gênero. História e Reflexões. Ed. Autentica, Belo Horizonte, 2015
MATOS, Maria Izilda S.de. Por uma história da mulher. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2000
PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Trad: Viviane Ribeiro. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2005
SILVA, Juliana. Ensino de história e questões de gênero nos livros didáticos. Anais eletrônicos do VI encontro estadual de história, ANPUH/BA, 2013
SOIHET, Rachel; PEDRO, Joana. A emergência da pesquisa da história das mulheres e das relações de gênero. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 27, nº 54, p. 281-300 – 2007
SCOTT, Joan. Gênero; uma categoria útil para análise histórica. Trad. Christine Rufino Dabat e Maria Betânia Ávila. Do original Gender: An useful category of hystorical analyses. Recife: S.O.S. Corpo, 1991.
PINSKY, Carla (orgs.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2006
TEDESCHI, Losandro Antônio. As mulheres e a história: uma introdução teórico metodológica. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2012. p. 107
XAVIER, Ismail. O Discurso Cinematográfico: opacidade e transparência. 6ª Edição. São Paulo. Paz e Terra. 2014.
YOEL. Gerardo. (org.) Pensar o Cinema: imagem, ética e filosofia. São Paulo. Cosac Naify. 2015.


35 comentários:

  1. Ítalo e Ary,
    Que boa iniciativa a de vocês, discutindo o papel da mulher em sala de aula a partir do cinema. Acredito que para estas gerações de hoje, o audiovisual é mais do que uma ferramenta, chega a ser uma necessidade dada a carga de informações que crianças e jovens são acostumadas a receber.
    Trabalho com o cinema em sala de aula, e tenho algumas indicações que não vi em sua bibliografia, e portanto elenco aqui:
    FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de História. Papirus, 2008.
    CARNES, Mark C. (org.). Passado Imperfeito: a História no Cinema. Rio de Janeiro: Record, 1997.
    OLIVEIRA, Carla Mary; MARIANO, Serioja (orgs). Cultura Histórica e ensino de História. João Pessoa: UFPB, 2014.
    ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes, os filmes na história. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
    SILVA, Francisco C. T. da et alli (org.). O cinema vai à guerra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
    E uma pequena correção: o nome de Meryl Streep saiu grafado erradamente (Merlin Strip), algo que deve ter passado na correção.
    Bom trabalho!

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    1. Obrigado pelas indicações José, algumas preferimos não inserir devido as normas textuais. Mas contribuirão em muito para os leitores do nosso texto. abraço

      Ary Albuquerque

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    2. Obrigado José. Indicações sempre bem vindas, todo trabalho pressupõe um certe recorte bibliográfico, te asseguro que foste bem feliz nas indicações. Corrigiremos este deslize em ocasião adequada.

      Ítalo Nelli Borges

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Boa noite! Gostei muito da sua ideia de se trabalhar História das mulheres em sala de aula através de filmes. Particularmente atuo para uma educação que dê a centralidade merecidas às mulheres, que hoje vem alcançando, não sem muita luta, seu direito à História.
    Não é simples para nós; que fomos historicamente subjugadas e excluídas, de modo que tal exclusão tornou-se natural, levando a comportamentos e posições machistas e sexistas, culturalmente perpetrados, ainda que não sejam intencionais, pois tais comportamentos foram naturalizados; sentirmos poder sobre as decisões que nos afetam diretamente.
    Gostaria de saber qual a sua opinião com relação ao papel da Educação na construção de uma educação que trate os gêneros com equidade, e se você considera que a educação, atualmente, conflui para perpetuar essa educação com bases opressivas para o feminino?
    Att: IÊDA MAYARA DE SANTANA.

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    1. Olá Ieda! Ficamos felizes pela sua recepção a este tema.
      Você tem razão, as mulheres historicamente ocuparam posições injustas sendo oprimidas em várias dimensões da sociedade, inclusive em aspectos educacionais e intelectuais. Isto, aos poucos, vem se modificando e os mais variados trabalhos sobre história das mulheres não me deixam mentir. No entanto, ainda há um longo caminho diante deste sistema de poder estrutural que oprime as mulheres.

      Quanto a sua pergunta, é fundamental a boa discussão relativas a gênero nas escolas com a intenção de estabelecer reflexões em nós, professores, e nos estudantes de maneira a construirmos perspectivas críticas a quaisquer preconceitos.
      Vivemos tempos onde há tentativas de limitar ou mesmo barrar este tipo de abordagem pedagógica, o que torna, aliás, o tema mais adequado do que nunca.

      Ítalo Nelli Borgess

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    2. Boa tarde Ieda. Obrigado pela leitura de nosso trabalho. A educação é a maior propagadora de misognias e rupturas. Acredito que nos últimos anos avançamos bastante na temática, tal a proporção de Gts e trabalhos sobre o tema. Parto do principio que só podemos combater essa cultura machista, desconstruindo-a no dia dia e a educação, enquanto professores, é o lugar certo para tais discussões. Estamos a disposição.

      Ary Albuquerque

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Prezados Albuquerque e Nelli, felicito-lhes pela a escolha do tema do texto. É triste ver que em pleno século XXI vivemos em uma sociedade machista, homofóbica, que não "consegui" respeitar as diferenças. Teço-lhes, ainda, duas criticas. Primeiramente, vocês utilizaram uma bibliografia muito interessante, poderiam ter explorado-las mais. E uma ultima critica é quanto a inexistência de exemplos de filmes, sobre a mulher na história, que poderiam ser trabalhados na sala de aula, então, essa será minha indagação: quais filmes do mercado brasileiro um docente poderia utilizar na sala de aula que tenha como tema "A Mulher na História"?

    Josielia Moura Soares

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    1. Oi Josielia, obrigado pelas felicitações!
      Realmente, é triste ver que século XXI guarde aspectos que já deveriam ser extintos há muito tempo como os que mencionaste.
      O espaço é curto pra explorar profundamente as bibliografias, ainda mais as de teor bastante complexo e profícuo que utilizamos, mas sinta-se a vontade para levantar discussões sobre elas, faremos com o maior prazer.

      Com relação a filmes sobre mulheres que podem ser utilizados em sala de aula, citarei alguns exemplos:
      "Que Bom te ver viva" de Lucia Murat.
      "Zuzu Angel" de Sergio Rezende.
      "Germinal" de Claude Berri.
      "Tudo Sobre Minha Mãe" de Pedro Almodovar.
      Ou também pode fazer abordagens sobre mulheres na direção de filmes, seria, inclusive, uma boa perspectiva da participação das mulheres na história do cinema.

      Ítalo Nelli Borges.

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    2. Olá Jisielia, obrigado por contribuir conosco. Como o Ítalo mencionou acima, o espaço é reduzido para outras referencias, então privilegiamos as que mais nos aproximávamos. Com relação aos filmes, o prof Ítalo já passou uma lista bem legal. Tem alguns clichês como Olga que também podem trazer contribuições legais.

      Ary Albuquerque

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  6. Amanda M. Olegário3 de abril de 2017 às 18:04

    Olá, adorei a abordagem do seu texto, é difícil encontrar livros didáticos que trabalhem sobre a questão da mulher como ser histórico. Mas minha pergunta é a seguinte: que outros recursos pedagógicos podemos utilizar para trabalhar essa discussão em sala de aula? Porque há escolas que não possuem datashow ou TV ou às vezes acaba falhando.
    Atenciosamente, Amanda Martins Olegário

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    1. Olá Amanda, muito obrigado pelo feedback!
      No caso de haver dificuldades pra trabalhar com o audiovisual em sala de aula, pode-se trabalhar com imagens, músicas (levando em consideração que é mais simples reproduzir do que filmes), literatura, relato de mulheres que possam, de alguma maneira, acrescentar algo aos temas das aulas. Enfim, não existe limite para a criatividade contanto que seja feita com competência.

      Ítalo Nelli Borgesm

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    2. Olá Amanda. O que o professor Ítalo trouxe é muito interessante. Outras forma talvez seria pedir para que fizessem uma pesquisa de quantos nomes de ruas, escolas e ambientes públicos recebem nome de mulher. É uma atividade de reflexão e ao mesmo tempo com problemáticas historicamente interessantes.

      Ary Albuquerque

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  7. Boa noite!
    Obrigada pela ideia de incorporar a história das mulheres via cinema.
    Mas, tenho uma pergunta:
    Qual seria a possível metodologia aplicável para se usar o cinema em sala, Considerando que a nossa sociedade está cada vez mais massificada e com espaços de semi analfabetismo?
    Abraço Ary e Ítalo.

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    1. Oi Celimara, nós é que agradecemos pelo interesse em nossa mesa!
      Existem várias formas de utilizar cinema em sala de aula, pessoalmente prefiro uma abordagem que utilize fragmentos fílmicos importantes para o conteúdo programado para a aula. Porém, não sem antes haver um preparo introdutório aos alunos para que a atividade seja produtiva já que quase sempre o tempo de duração do filme ultrapassa o da aula.
      Não é uma atividade simples, exige bastante do professor e é preciso, evidentemente, ter apreço pelo cinema.
      Concordo que nossa sociedade é massificado e os espaços de reflexão estejam cada vez mais rarefeitos, mas não temos outra saída a não ser experimentar de formas mais variadas possíveis o que, eventualmente, pode melhorar a relação ensino-aprendizagem.

      Ítalo Nelli Borges.

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  8. Olá, parabéns pela reflexão. A pergunta que gostaria de fazer está mais relacionada a subjetividade dos pesquisadores: o que levou vocês a pesquisar/trabalhar com a temática do protagonismo feminino na História?

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    1. Olá Jeane. Então, eu e o professor Ítalo nos conhecemos no mestrado, ele se voltando para pesquisas relacionadas ao cinema e eu as relações de gênero. Dessa forma, juntamos algumas ideias e escrevemos alguns textos. Apesar de minha veia pulsar pelo tema do protagonismo feminino, o professor Ítalo também trouxe reflexões importantíssimas. Caso tenha interesse, segue o link de um artigo que escrevemos recentemente. http://www.revistahominum.net/ojs/index.php/revista/article/view/11



      Ary Albuquerque

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    2. Exatamente, ainda que com abordagens diferentes, eu e Professor Ary trabalhamos com o período da Dtiadura Civil-Militar no Brasil. Este é mais um dos frutos de nossas parceria.

      Ítalo Nelli Borges.

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  9. Olá, parabéns pela reflexão. A pergunta que gostaria de fazer está mais relacionada a subjetividade dos pesquisadores: o que levou vocês a pesquisar/trabalhar com a temática do protagonismo feminino na História?

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  10. Olá! Primeiramente parabéns pela escolha de um tema tão pertinente. Fiquei bastante interessado quando vi o titulo do trabalho pois vai de encontro a algumas pesquisas que venho elaborando na graduação.

    Para trabalhar em sala de aula, vocês acreditam que seria mais interessante abordar filmes que tenham a representatividade feminina como temática principal, ou propor uma reflexão crítica sobre o tema em obras que não necessariamente o tratem diretamente, mas que sejam mais familiares aos alunos?
    Agradeço desde já.

    Rodrigo Galo Quintino

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    1. Olá Rodrigo, primeiro, obrigado pela leitura e segundo pelas pesquisas. Quanto a trabalhar em sala, depende muito da turma. Talvez turmas com ideias mais maduras, você pode usar filmes que já trazem a representatividade feminina no centro dos debates. Mas é uma questão de observar a sala, pois até um desenho, você pode pedir para que observem como a menina x agia etc, entende? Qualquer coisa estamos às ordens.

      Ary Albuquerque

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    2. Oi Rodrigo! Então, como Prof Ary afirmou, se atentar para as especificidades da turma é importante. Eu ainda sugiro usar o filme em sala de aula sem medo, contanto que faça um trabalho prévio de preparação tanto da turma, quanto do próprio docente.
      É possível perceber muitas questões relativas ao gênero em filmes famosos ainda que eles não foquem fortemente desta temática. Tudo é uma questão de percepção!

      Ítalo Nelli Borges

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  11. Primeiramente, gostaria de parabenizar pela escolha do tema e a importância da sua abordagem em sala de aula, visto que, ainda vivemos uma era em que o machismo predomina em algumas áreas e que a luta pela igualdade de gênero se faz necessária. O meu questionamento refere-se a forma de trabalhar com o cinema. Vocês relatam que é necessário ter um prévio conhecimento sobre cinema, mas senti a necessidade de aprofundar as possibilidades de utilização em sala de aula. Como o cinema poderia ser utilizado? Possibilidades concretas?
    Abraços!
    Daniela Carine Dohs Machado

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    1. Olá Daniela.Então, quando salientamos o conhecimento prévio se remete a forma como o filme tenta passar uma ideia a partir de seus focos, jogo de câmeras e o próprio roteiro. Acreditamos que precisamos estar atentos a esses pontos também, para não cairmos nas armadilhas do filme, já cai em várias. Quanto ao trabalho concreto, penso por exemplo que poderia nas séries iniciais trazer desenhos animados e tentar aguçar a turma com os modelos das princesas, envolvendo não apenas gênero, mas outros pontos. Em obras mais adultas como As Sufragistas ou Zuzu Angel, pode trabalhar os preconceitos que as mulheres de distintos períodos históricos viviam e tentar fazer uma relação com o presente. Espero ter respondido.


      Ary Albuquerque

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    2. É bom também sempre trazer a realidade de que o cinema é mais que um filme. O cinema é também condições de produção, financiamentos, atender a demandas institucionais (como os filmes pertencente a grandes estúdios, por exemplo), recepção da crítica, bilheteria, etc. Ou seja, o filme não está descolado de nossa realidade material e fazer com que o estudante perceba este processo já é interessante pra se trabalhar o cinema em sala de aula.
      Em se tratando em uso de filmes em sala de aula, eu sempre recomendo trabalhar com fragmentos fílmicos previamente selecionados pelo docente que atendam o conteúdo da aula já que os filmes normalmente ultrapassam o tempo de aula no ensino básico. Antes disso, preparar o aluno pra o filme, impulsionar nele gatilhos de percepção do tema, etc.

      Claro, isto é apenas recomendação, inclusive, se o estudante se sentir instigado pela exibição e análise dos fragmentos fílmicos relacionados com o tema da aula, ele pode em outro momento assistir ao filme inteiro fazendo com que a experiência seja mais plena.

      Ítalo Nelli Borges

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  12. Parabéns pelo texto! Achei muito interessante o tema de vocês. Gosto muito da ideia de envolver filmes como uma das principais formas de ensinar e aprender a história. Afinal, história é algo que não conseguimos tocar, mas conseguimos reproduzi-la através da imaginação, arte etc. Sobre a questão de gênero, este final de semana eu assisti Hidden Figures, mais uma excelente contribuição cinematográfica para o assunto, não apenas na questão de gênero como também nas pautas raciais e na luta de mulheres negras dentro de um período tenebroso da história dos EUA, a segregação racial do século XX. Esse filme, assim como vários, vem contribuindo muito para a luta feminista no combate ao patriarcado. É importante levar essas obras fílmicas (filmes baseados em fatos reais e fantásticos também) para dentro das escolas e fortalecer um ensino de história que construa junto com os alunos uma nova cidadania sem dominação e violência contra a mulher.

    Tatiana de Carvalho Castro

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    1. Obrigado Tatiana pela leitura de nosso texto e contribuição, vou ver o filme, obrigado pela indicação.

      Ary Albuquerque

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    2. Oi Taciana! Hidden Figures é um belo filme! Aliás, uma ótima sugestão pra se trabalhar em sala de aula.

      Ítalo Nelli Borges.

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  13. Boa tarde! Interessante ressaltar a relevância de se trabalhar a luta das mulheres em busca de igualdade de direitos, de forma visual o cinema nos ajuda a transcender as diversas formas de resistência feminina, e contribui na concepção de nossos alunos de que os papéis sociais públicos e privados sem de direito e igualdade na luta dos gêneros.

    Lidiane Álvares Mendes

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  14. Obrigado Lidiane. Realmente o cinema e as artes tem essa possibilidade de transcender as possibilidades de recepção por parte do visual. Obrigado pela reflexão.

    Ary Albuquerque

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  15. Olá, parabéns pelo texto e pelo tema. Como professor, tenho algumas angústias em relação ao cinema em sala. Em Zuzu Angel, por exemplo, apesar de eu considerar um bom filme, vejo algumas romantizações e um tom "holywoodiano", como em manifestações tratadas como fatos épicos e heroicos, lutos tratados com romantismo dramático e agressões físicas abrandadas pelas técnicas cênicas. Um exemplo é a cena do desfile em NY que denuncia a morte de Stuart. No youtube tem o vídeo original do fato e é bastante diferente e não-romantizado. É óbvio que o cinema não é a verdade absoluta, e sim uma interpretação, mas minha angústia é: como lidar com isso em sala, de forma que não forme nos alunos imagens irreais e/ou idealizadas de um fato histórico?
    Abraço
    Paulo Henrique Tôrres Valgas

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    1. Olá Paulo. Obrigado pela leitura. Então, como sabemos, o filme é apenas uma representação e se torna importante no final ou início da apresentação expor isso aos estudantes, até mesmo para aguçar o senso crítico e reflexivo. Encontramos essa mesma dificuldade quando encontramos imagens nos livros didáticos, algo que caberia outra longa discussão. Abraço


      Ary Albuquerque

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  16. Bom dia Ary e Ítalo
    Agradeço pela contribuição ao exporem o trabalho e parabéns pelo texto!
    Gostaria de saber como vocês acreditam que a disciplina História poderia trabalhar filmes com cineastas/roteiristas mulheres e não somente com personagens mulheres? Qual a percepção de vocês sobre essa diferença entre obras fílmicas produzidas por homens ou mulheres?
    Eduarda Borges da Silva.

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    1. Olá Eduarda. Obrigado pela leitura e pela indagação. Acho muito boa a ideia de se trabalhar com cineastas muulheres, tem o documentário Que bom te ver viva da Lucia Murat retrata as mulheres na ditadura, lá percebemos a diferença numa abordagem tão específica. Porém, importante ressalvarmos que a abordagem depende muito do roteirista e cineasta quanto ao que pensa sobre determinados temas. abraço


      Ary Albuquerque

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