QUADRINHOS NO ENSINO DA HISTÓRIA ANTIGA: GUERRA GÁLICA ATRAVÉS DE ASTÉRIX O PAPIRO DE CÉSAR
Allef de Lima Laurindo Fraemann Matos
Graduando em História pela UPE
José Pedro Lopes Neto
Graduando em História pela UPE
O reconhecimento das Histórias em Quadrinhos como uma maneira de auxiliar nas práticas pedagógicas só ocorreu oficialmente no Brasil no final de 1996 quando foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Assim as HQs passaram a ser instrumentos de educação, e estas abrem um amplo leque de possibilidades e de temas a serem abordados com auxílio delas em sala de aula.
A utilização de quadrinhos no ensino proporciona uma série de vantagens, pois é mais fácil incentivar os estudantes a lê-los, já que fazem partes do seu cotidiano e assim ir criar uma identificação com o que está sendo lido. Podemos através das HQs abordar diversas temáticas sobre variadas áreas como, por exemplo, a inclusão de pessoas com deficiência através da personagem Oráculo, uma cadeirante, que auxilia o Batman; ou preconceito e segregação racial, assuntos constantes nas histórias dos X-Men.
Paiva ressalta outro ponto positivo da utilização dos quadrinhos no processo de aprendizagem até nos primeiros anos da vida escolar: “ler uma HQs pode acontecer mesmo antes da alfabetização, uma vez que os desenhos conduzem a ‘leitura’, seja feita até em um idioma diferente, estimulando a criatividade, a imaginação e comunicação.” (PAIVA,2012, p.67).
“As HQs, contribuem na prática de leitura, pois um leitor, por desenvolver o gosto por esse hábito terá muito mais chances de se tornar alguém que leia outros gêneros textuais, como jornais, livros e revista.” (PAIVA, 2012, p.64 apud VERGUEIRO 2006) As histórias em quadrinhos ainda podem acrescentar um valor visual aos elementos verbais.
Para aulas de História as muitas narrativas podem ser utilizadas: Muas, que aborda o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, As histórias de Magneto, um dos principais vilões do Universo Marvel, que é conhecido por seu ódio contra a humanidade devido aos maus trados sofridos, durante sua estadia em um campo de concentração alemão; as primeiras aventuras do Capitão América, mostrando como o eixo era retratado durante a segunda guerra mundial, a corrida espacial, através das aventuras do Quarteto Fantástico durante a Guerra Fria, Adeus, chamigo brasileiro, história ambientada na Guerra do Paraguai, Chibata! , sobre a Revolta da Chibata, acontecida em 1910, quando marinheiros negros amotinaram-se no Rio de Janeiro para forçar o governo a abolir os castigos físicos.
Através dessa perspectiva, pretendemos aqui estabelecer um suporte metodológico para utilização de HQs no ensino de História Antiga, fazendo uma relação entre Os Comentários da Guerra Gálica, escritos por Júlio César e a revista de história em quadrinhos Astérix – O papiro de César. Astérix – O papiro de Césarhistoricamente se passa durante o período republicano romano (509 a.C a 27 a.C), período que Roma era governada pelo Senado. As histórias de Astérix também vão apresentar os aspectos do processo da conquista da Gália, pelo general Júlio César.
Já Os Comentários sobre a Guerra Gálica, César relata suas incursões na região da Gália. O texto foi produzido com objetivo de informar o Senado sobre as ações tomadas na área. Além disso, podemos destacar que o texto possuía a finalidade de exaltar a sua imagem perante a sociedade romana. Tendo em vista que grande parte dos comentários foram lidos no Senado ou em praça pública, esta autopromoção tinha como objetivo a continuidade do financiamento das expedições pelo Senado.
Que, se o povo romano fizesse com helvécios paz e amizade, haviam os helvécios de ir para onde, e permanecer aonde quisesse César; mas se persistisse em guerreá-los, tivesse em lembrança o antigo desastre do povo romano e o valor dos helvécios. (CÉSAR, Júlio. LIVRO I. CAP. XIII, p.25)
A exaltação à imagem de César está presente nas primeiras páginas do quadrinho, quando Promocionus, o conselheiro de César diz a seguinte frase “Para o senado seu livro seria a prova que toda Gália foi conquistada, assim continuariam financiando suas novas expedições.” Outro elemento que podemos perceber trata-se da semelhança física de Júlio César apresentado nos quadrinhos [ver figura 1], com suas estatuas e bustos feitos em sua homenagem.
Outro aspecto que podemos destacar é o mapa introdutório presente em todas ou quase todas as histórias de Asterix [ver figura 2], que citado faz uma alusão à divisão geografia da Gália durante o processo de conquista romana, no qual o general Júlio César vai dividir a região em três partes, das quais habitam os belgas, os aquitânios e os celtas
A Gália está toda dividida em três partes, das quais uma é habitada pelos belgas, a outra pelos aquitânios, a terceira pelos que usa língua deles se chamam celtas [...] aparte ocupada pelos gauleses tem principio no rio Ródano; limite, no Garona, no Oceano, e nas fronteiras dos belgas; toca também no Rim pelo lado dos sequeanos e dos helvécios, os belgas começam na extrema fronteira da Gália. (CÉSAR, Júlio. LIVRO I. CAP. I, p.17)
É importante ressaltar que caso o professor tiver pretensão de utilizar o mapa presente no quadrinho ele deverá antes apresentar a divisão da Gália, caracterizando os aspectos físicos das três regiões e processo expansionista de Roma na área, permitindo com isso uma melhor compressão pelo alunato e evitando uma assimilação errônea ou fictícia pelo mesmo.
Dentre de alguns povos apresentados nas histórias de Asterix estão os gauleses, que são representados com elementos bastante similares à sua cultura, como costume de consumir carne javalis e tradição oral [ver figura 3], e os romanos que raramente são retratados como maus, mesmo com a tentativa de conquistar as aldeias gaulesas. Vale salientar que os gauleses nas histórias de Asterix não odeiam os romanos, pelo contrário, eles só querem preservar sua cultura: exemplo disso é que mesmo eles possuindo uma porção [ver figura 4] que concede uma força sobrenatural, os gauleses a usam somente para fins de defesa contra o imperialismo romano. De acordo com Vilela,
Trata-se de uma crítica a toda forma de expansionismo militar. Outra razão para os romanos, apesar de adversários dos gauleses, serem na sua maioria personagens simpáticos é que Goscinny e Uderzo jamais poderiam negar ou desprezar a herança cultural deixada por Roma. (Idem)
Outrossim, lembremos que a Gália foi a província do Império Romano que mais assimilou elementos da cultura romana e exemplo disto é o próprio idioma, pois “a atual língua francesa surgiu do latim, a língua falada pelos antigos romanos, e que também deu origem ao italiano, ao português, ao espanhol e ao romeno (falado na Romênia).” (Idem).
“Toda a Gália foi ocupada pelos romanos.... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor.” Através desta passagem retirada do HQ, temos que analisar a veracidade presente na informação. Se considerarmos que incialmente algumas tribos gaulesas conseguiram resistir à conquista, mas acabaram sendo subjugadas, assim o trecho referido possui todo sentido histórico. Exemplo desta resistência é o chefe gaulês Vercingetorix, que conseguiu unir algumas tribos da Gália com intuído de combate a expansão romana. César nos Comentários a Guerra Gálica, faz menção a Vercingetorix, no seguinte trecho:
mui poderoso, cujo pai foi o primeiro em toda a Galia, e, por aspirar a realeza, tinha sido morto por sua cidade, reunidos os seus clientes, facilmente os inflama. Conhecido o seu plano, correse às armas. Contrariado, e expulso de Gergovia por Gobanicião, tio seu paterno, e outros principais, que entendiam não se dever correr o risco de semelhante empresa, persiste nada menos no seu propósito, e faz nos campos um alistamento de pobretões e homens perdidos. (CÉSAR, Júlio. LIVRO VII. CAP. IV, p 137)
O quadrinho também vai abortar elementos da estrutura social nas aldeias gaulesas, de acordo com Júlio César a Gália socialmente, divide-se em dois grupos de homens, os cavaleiros e os druidas, que são responsáveis “por decidem de quase todas as contendas públicas e particulares; e se comete crime, ou perpetra morte, se se disputa sobre herança ou limites, julgam e estabelece recompensas e castigos.” (CÉSAR, Júlio. LIVRO VI. CAP. XIII, p 120). Nos quadrinhos o druida é representado por Panoramix que exerce a autoridade na aldeia gaulesa, sendo venerados pelos habitantes e responsável pela criação da poção mágica, que concerte força a quem toma.
Vemos, portanto, com o exemplo de O papiro de César que a arte sequencial é uma rica ferramenta a ser utilizada no Ensino de História, pois “indiscutivelmente, as revistas de HQ, por fazerem parte importante do universo de crianças e jovens, podem ser igualmente utilizadas como ferramenta pedagógica criativa e eficiente.” (FUNARI, 2004, p.152 apud NETO, 2016, p. 135).
Referências Bibliográficas
CÉSAR, Júlio. Os comentários das Guerras Galicas. Rio de Janeiro. Ediouro, 1975.
GOSCINNY, René. O papiro de César / texto Jean-Yves Ferri; ilustração Didier Conrad; tradução Gilson Dimenstein Koatz. Rio de Janeiro: Record, 2015.
NETO, José Maria. ENSINO DA HISTÓRIA ANTIGA E ARTE SEQUENCIAL: ESBOÇOS INTRODUTÓRIOS. In.: BUENO, André; ESTACHESKI, Dulceli; CREMA, Everton [orgs.] Para um novo amanhã: visões sobre aprendizagem histórica. Rio de Janeiro/União da Vitória: Edição LAPHIS/Sobre Ontens, 2016.
OLIVIERI, Filippo Lourenço. O papel dos druidas na sociedade célticas na Gália nos séculos II e I A.C. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História. 2008. 324 f. Universidade Federal Fluminense, Centro de Estudos Gerais, Programa de Pós-Graduação em História. Niterói. 2008
PAIVA, Fábio da Silva. Educação e violência nas histórias em quadrinhos de Batman. – a percepção dos leitores de Batman. 2011. 107 f. Dissertação apresentada ao curso de mestrado em educação. Universidade Federal de Pernambuco – Centro de Educação Programa de Pós-Graduação em Educação. Recife. 2011
VERGUERIO, Waldomiro. Santos. R. E. História em quadrinhos no processo de aprendizado: da teoria à prática. Eccos – Rev. Cienti. São Paulo, n. 27, p. 81-95, jan. /abr. 2012.
VILELA, Túlio M. R. A utilização dos quadrinhos no em ensino de história: Avanços, desafios e limites. 2012. 319 f. Dissertação do curso de mestrado em educação. Universidade Metodista de São Paulo, Faculdade de Humanidade e Direito. São Bernardo do Campo.2012
Quais cuidados os professores de História tem de tomar ao utilizar histórias em quadrinhos em suas aulas?
ResponderExcluirEnviada por Francisco José Mota Alexandre
Francisco, obrigado pela pergunta. É importante que o professor conheça o período histórico abordado nas histórias em quadrinhos e ressalte para os alunos que as HQs são obras de ficção, não tendo responsabilidade de ser fidedignos aos acontecimentos históricos por ele abordados, evitando, assim, que o aluno tome a obra utilizada como algo condizente com a realidade. Att, Allef de Lima e José Pedro Lopes
ExcluirExcelente texto discorrendo sobre HQs. Como também apreciador do gênero sei bem como os quadrinhos conseguem adentrar em questões relacionadas a cultura, história e direitos humanos e como pode ser uma ponte profícua para ser trabalhados em sala de aula. Contudo, como leitor e professor sinto uma carência relacionada a quadrinhos que tratem da história brasileira, assim visto o conhecimento de vocês minha pergunta seria: vocês tem conhecimentos sobre HQs nacionais que tratem um pouco da nossa história? Poderiam indicar tais HQs para que possamos também trabalhar a história nacional em sala de aula?
ResponderExcluirGlauber Paiva da Silva
Glauber, obrigado pela sua pergunta. Recomendamos utilização das seguintes obras; Adeus, chamigo brasileiro, escrita por André Toral, história ambientada na Guerra do Paraguai; Chibata! Escrita por Olinto Gadelha e Hemeterio , na qual vai abordar Revolta da Chibata, acontecida em 1910, quando marinheiros negros amotinaram-se no Rio de Janeiro para forçar o governo a abolir os castigos físicos; A noiva, produzida por Thony Silas, e tem como temática a Revolução Pernambucana de 1817; Cumbe, produzida por Marcelo D’Salete, que analisa a resistência dos escravos durante o período colonial, na América portuguesa; AfroHq, desenvolvida por Amaro Braga, Daniele Jaimes e Roberta Cirne, está HQ, aborda a cultura e a religiosidade afro-brasileira, através da representação dos deuses.
ExcluirAtt.
Allef de Lima L. F. Matos
José Pedro L. Neto
Qual seria as melhores estratégias para se usar as HQ's em sala de aula, utilizando-as como material principal ou complementar?
ResponderExcluirObrigado pela sua pergunta, Debora. É importante que o professor se planeje para utilizar HQs em sala de aula, fazendo uma exposição sobre o tema trabalhado e que utilizando-as como material complementar. E, desse modo, relacioná-las com textos teóricos, seja o livro didático ou outro material de cunho acadêmico levado à sala de aula pelo professor.
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Allef de Lima L. F. Matos
José Pedro Lopes Neto
Muito instigante a ideia do uso desse tipo de fonte como prática pedagógica. Você poderia indicar mais referências de HQs?
ResponderExcluirConheço dois que são excelentes para trabalhar em ensino médio: Gen e Mais.
ExcluirCleverton, obrigado pela sua pergunta. Deixamos algumas indicações para trabalhar História do Brasil no segundo comentário. As edições 1, 13 e 34 de Capitão América Comics, todas do ano de 1941, podem ser utilizadas para abordar 2ª Guerra Mundial, por exemplo.
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Allef de Lima L.F. Matos
José Pedro Lopes Neto
Ola!!! existe alguma estratégia para equilibrar a relação conflituosa entre a dimensão estética de uma HQs e seus elementos ficcionais e a dimensão da racionalidade da ciência histórica, atinente ao ensino de história?
ResponderExcluirOlá, Éder. Agradecemos sua pergunta. Como dissemos na primeira pergunta, é importante que o professor explique os alunos que as HQs são obras ficcionais. Compete ao docente expor o assunto que terá a HQ como material complementar e salientar ali o que se aproxima da realidade e o que é somente ficção.
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Allef de Lima L.F. Matos
José Pedro Lopes Neto
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá como percebi na leitura de sue artigo, os HQ's são muito enriqueceres no ensino de História. Já havíamos trabalhado em sala de aula na graduação planejamentos de aulas-oficinas com Histórias em Quadrinhos. Mas quando penso em usa-las em sala de aula, penso em Ensino Fundamental II. Queria saber se também é viável esse método em Ensino Médio, pois vejo que muitos alunos do próprio Ensino Médio não tem o hábito de leitura, e vejo que as HQ's seria uma possibilidade de instigar esse hábito.
ResponderExcluirAtt.
Ana Eduarda Bazzo Pupim
Olá, Ana. Agradecemos sua pergunta. Algo importante que devemos fazer antes de utilizarmos qualquer nova mídia ou fonte em sala de aula é fazer uma sondagem com os alunos com o objetivo de se familiarizar com a realidade deles. Uma das grandes vantagens de se utilizar HQs no ensino de História é que geralmente elas fazem parte do cotidiano dos discente. Contudo, se a turma na qual você pretende utilizar esse material não tem o hábito de leitura dessas histórias ou até mesmo não gostam, o uso deve ser evitado, pois o que seria uma possibilidade de aproximar a História com o aluno pode acabar tendo o efeito contrário. Isso se aplica tando ao Ensino Fundamental II quanto ao Ensino Médio.
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Allef de Lima L. F. Matos
José Pedro Lopes Neto
Caros Allef e José. Primeiramente, parabéns pela proposta! Asterix é um expoente exemplar da escola-franco belga dos quadrinhos. Suas histórias são cheias de aventuras, humor e referências ao mundo histórico. Nelas, os personagens percorrem várias lugares da Antiguidade, apresentando ao leitor uma pluralidade de povos e costumes. Uma fonte valiosíssima, como deixaram bem claro em seu texto. No entanto, embora tenham defendido com muita propriedade o uso das HQs em sala de aula, não fica muito clara a metodologia. De que forma vocês pensaram em utilizar Asterix? Que atividades podem ser pensadas a partir dessa HQ (O Papiro de César)?
ResponderExcluirLúcio, obrigado pela sua pergunta. Agradecemos o elogio. A metodologia pensada foi a seguinte: Num primeiro momento seria realizado uma aula expositiva, apresentando o processo de expansão romana e os acontecimentos que culminaram nas Guerras Gálicas. Ao término da aula, será passada a leitura da HQ, Asterix – O papiro de César. Num segundo momento, ocorrerá uma análise historiográfica do quadrinho, com intuito de promover uma discussão sobre a representação da sociedade gaulesa e do processo de expansão romana. A última etapa, seria uma atividade avaliativa: a sala seria dividida grupos, e cada equipe teria que discutir entre os componentes, quais daqueles relatos trazidos na HQ são ficcionais e quais se aproximam do relatado por César; depois da discussão no grupos, seria feito um debate por todos os grupos, tendo o professor o papel de mediador e, ao final, também faria os devidos esclarecimentos.
ExcluirAtt,
Allef de Lima L.F. Matos
José Pedro Lopes Neto
Muito bacana! Acho que é possível pensar em uma representação teatral, também. Um grupo de alunos pode interpretar os romanos, e outro os gauleses. Por meio do teatro, os alunos podem ir apresentando o conteúdo proposto. Enfim, as possibilidades são infinitas! Parabéns mais uma vez!
ExcluirDiante da proposta apresentada de se trabalhar com HQs em sala de aula, e tendo em vista que carga horária de História não ocupa grande espaço na grade escolar, qual a melhor maneira de otimizar o tempo da aula? Deveríamos utilizar apenas HQs,ou relacionar com outros textos?
ResponderExcluirAtt;
Cléia Tenório Vieira
Obrigado pela sua pergunta, Cléia. É importante que o professor se planeje para utilizar HQs em sala de aula, fazendo uma exposição sobre o tema trabalhado e que utilizando-as como material complementar. E, desse modo, relacioná-las com textos teóricos, seja o livro didático ou outro material de cunho acadêmico levado à sala de aula pelo professor.
ExcluirAtt,
Allef de Lima L. F. Matos
José Pedro Lopes Neto
Achei muito bom o texto e acredito sim que mixar cultura pop com estudos historicos, socias e outros é muito valido, pois o jovem se sente muito mais ligado e de certa forma desperta interece, a um tempo atras desenvolvi algumas palestras sobre o RPG de mesa e a formação da criança nos dias atuais e entendo bem o que querem aplicar, como ja li tambem Asterix e Obelix é muito legal ver que existe estudo sobre e que esse tipo de material pode servir para o ensino. Gostaria de saber se vocês acham que outros estilos alternativos como por exemplo o RPG de mesa ou outros tipos de midia podem ser utilizadas em sala de aula para ensinar e que impacto isso tem em contrate com o modelo conservador de ensino que temos atualmente.
ResponderExcluirVictor Corrêa Silva Montagnolli
Olá, Victor. Agradecemos sua pergunta. Cabe o sistema educacional reformular-se, transformando a educação em uma coisa mais dinamizada, para que toda a população possa utilizar ela. E não ser reduzida ao simples "passar de ano", como vem sendo pensada em algumas escolas, quando o conhecimento é visto como produto, sendo enfatizados os resultados da aprendizagem e não do processo. Assim sendo, como afirma Brandão, “não há uma forma única nem único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde acontece e talvez nem seja o melhor não é a sua única pratica e o professor não é seu único praticante”. (BRANDÃO. p. 09 . 1981)
ExcluirCaros, uma dica como pesquisador de quadrinhos: Não utilizem a fonte que escolheram apenas como ilustração. Pelo que li e compreendi do texto de vocês Asterix foi utilizado como uma "ilustração" do passado e não propriamente como uma construção de sentidos. Tentem fugir do uso meramente ilustrativo desses objetos culturais. Utilizar os quadrinhos e qualquer outro desses objetos tão-somente como suporte de informações é limitar bastante seu potencial como prática cultural, construtora de significados, e sua capacidade de interferir no mundo social.
ResponderExcluirOutra coisa: se os quadrinhos são uma série de imagens justapostas como sequência por qual motivo vocês acabam utilizando quadros isolados da sequência? Isso não descaracteriza a linguagem e serve justamente para ilustrar?
Márcio dos Santos Rodrigues
Márcio, agradecemos sua pergunta. Para submeter esse texto tivemos um limite de caracteres e algumas coisas foram suprimidas.Como dissemos nas respostas anteriores não buscamos aqui incentivar os HQ apenas como ilustração. Concordamos que os quadrinhos são uma sequência de imagens. No entanto, não era possível aqui anexar toda a história de Asterix - O Papiro de César , nesse texto. Logo Utilizamos as imagens aqui para ilustrar, mas o que propomos em nosso texto e nas respostas anteriores não é que a arte sequencial dos HQ seja utilizada apenas para ilustrar as aulas de História.
ExcluirAs histórias em quadrinhos proporcionam um bom atrativo para as aulas de história, além de explorar a narrativa a arte torna-se um forte aliado para o desenvolvimento da aprendizagem, trabalhei recentemente com o personagem Capitão América e o evento do ataque as Torres Gêmeas na minha monografia e é incrível trabalhar com este material. A dúvida que tenho é em relação a metodologia aplicada no ensino e aprendizagem, qual o cuidado que devemos de ter na aplicação deste material em sala de aula e fazer com que os alunos entrem nesse processo de aprendizagem onde haja a interação entre professor e aluno com o tema proposto?
ResponderExcluirJoão Cendron Júnior
Agradecemos sua pergunta. A respostas para seus questionamentos já foram respondidas nos comentários anteriores.
ExcluirUtilizar HQs com a temática da aula contribui para a melhor compreensão do conteúdo. Mas e se o foco da aula for a história dos HQs? Como surgiram, a evolução, a linguagem, o que expressam, etc. Também seria provável fazer uma aula interdisciplinar utilizando HQs como base?
ResponderExcluirAtt;
Cléia Tenório Vieira
Olá , Cléia. Agradecemos sua pergunta. A possibilidade de realizar uma aula interdisciplinar com os quadrinhos, de acordo com Santos 2012, além da análise linguísticas as HQ, podem retratar o vestuário, o mobiliário, a decoração das casas e o estilo arquitetônico daquele período no qual os quadrinhos estão sendo baseados. De acordo Vilela, o uso dos quadrinhos pode ser feito de diferentes maneiras: “para ilustrar ou fornece uma ideia de aspectos da vida social de comunidades do passado; como registros da época em que foram produzidos e como ponto de partida de discussões de conceitos da História” (VILELA , 2004)
ExcluirBom dia, Allef e José.
ResponderExcluirConforme vocês pontuaram no texto os benefícios do uso HQs em sala de aula são diversos, desde que utilizados com propriedade. Deste modo, além da necessidade de historicizar o objeto de análise (HQ), devemos reconhecer que ele é uma representação e, como tal, é imprescindível problematizar nossas análises - para não ser apenas uma ilustração ou apêndice do conteúdo da disciplina.
Nesse sentido, gostaria de perguntar que problema vocês levantam na proposta de aula com "Asterix - O papiro de César"?
Abraços,
Danielle da Costa
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ExcluirDanielle, obrigado pela sua pergunta. No primeiro momento a nossa intensão é analisar historicamente Os comentários da Guerra Gálica, escritor por Júlio César e o quadrinho Astérix -O papiro de César, que vai retratar os motivos da a criação da obra dessa obra de César e a sua repercussão na aldeia de Astérix . Além disso, poderia ser feita uma análise da sociedade gaulesesa representa na obra de César e na HQ. Assim, poderíamos problematizar a representação dos romanos e dos gauleses em ambas as obras.
ExcluirAtt,
Allef de Lima L. F. Matos
José Pedro Lopes Neto
Bom dia!
ResponderExcluirCara, vocês estão de parabéns pelo texto, também sou graduando e ficou aí uma boa dica para ser trabalhada nas aulas de estágio.
Asterix sempre foi um dos meus desenhos animados favoritos, infelizmente tive pouco contato com os HQs, mas as temáticas utilizada por diferentes títulos geram inúmeras possibilidades para serem trabalhadas em sala de aula.
Vocês já tiveram a experiência de aplicar essa metodologia em sala?
Obrigado por compartilhar.
José Eduardo Rabelo Coité Junior
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirJosé, obrigado pela sua pergunta. Agradecemos o elogio. Infelizmente não tivemos oportunidade desenvolver essa temática na sala de aula.
ExcluirAtt,
Allef de Lima L. F. Matos
José Pedro Lopes Neto
Olá Allef e José qual a melhor metodologia para análise das histórias em quadrinhos? Análise de discurso ou analise de imagem?
ResponderExcluirMaycon André Zanin
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAllef e José, quais os cuidados que um professor deve tomar ao utilizar as HQs em sua aula? E como não deixar que acabe sendo apenas ilustrativa a utilização dessas, mas criar um sentido para o aluno?
ResponderExcluirSuelem Cristina de Abreu
Olá, Suelem. Agradecemos sua pergunta. Como dissemos na primeira pergunta, é importante que o professor explique os alunos que as HQs são obras ficcionais. Compete ao docente expor o assunto que terá a HQ como material complementar e salientar ali o que se aproxima da realidade e o que é somente ficção.
ExcluirAtt,
Allef de Lima L.F. Matos
José Pedro Lopes Neto
linguagem dos quadrinhos é instigante e atual um bom metdodo aplicavel genial!
ResponderExcluirjanyce soares de oliveira
Trabalhar com História em Quadrinhos na sala é algo fascinante. Tive algumas experiencias que gostaria de compartilhar com vocês:
ResponderExcluirNa faculdade, o professor de historiografia evidenciou o desafio de trabalhar com HQ's em sala de aula e nós topamos. Um seminário foi apresentado sobre o tema. Na época, justamente sobre as possibilidades de trabalhar as histórias de Asterix e Obelix na sala de aula. Teve um episódio que os personagens montavam uma pedreira e vendiam pedras. Optamos por abordar o capitalismo.
Em outro momento, já como professor, solicitei que os próprios alunos construíssem suas HQ's. Foi gratificante ver a dedicação, interação, o momento da pesquisa para construir o narrativa.
Gostaria de acrescentar que nós não podemos esquecer o que é que é fonte para o historiador: o documento, o depoimento, a obra de arte.As HQ's são excelentes materiais complementares para a prática do ensino da História.
Por fim, pensei em uma questão: essa temática resultaria em excelentes trabalhos de Mestrado, alguém sabe quais Universidades estariam interessadas em desenvolver a temática?
Prof. Airton Fernandes de Matos Filho.
Seria possível o aluno construir as suas próprias histórias com o conteúdo que o professor disponibilizar em suas aulas ?
ResponderExcluirE como poderia ser feito isso ?
Rosane Crema Sousa
Olá Rosane. Agradecemos a sua pergunta. Há possibilidade de os alunos desenvolveres as suas próprias HQs. Como exemplo de metodologia aplicada para essa construção, o professor pode retirar os textos dos balões e solicitar aos estudantes que elaborem novos diálogos. Outro exercí¬cio, que pode ser conduzido em conjuntos, com professores de outras disciplinas, solicitando a criação de histórias em quadrinhos pelos próprios alunos sobre determinado tema, utilizando papeis A4, cartolina ou outro material.
ExcluirAtt,
Allef de Lima L.F. Matos
José Pedro Lopes Neto
Gostei do trabalho de vocês, principalmente por me identificar com esse universo, e ter a oportunidade de usar esse prazer em meu favor e proporcionar aos alunos novas descobertas de forma bastante prazerosa e inovadora. Meus questionamentos residem numa questão mais prática. Em seus estudos vocês levaram as teorias para o campo prático? Foram utilizados HQs em turmas de ensino fundamental ou médio? Qual a reação desses alunos?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAlexandre,obrigado pela sua pergunta. Ficamos feliz que você tenha gostado. Infelizmente não tivemos oportunidade desenvolver essa temática na sala de aula.
ExcluirAtt,
Allef de Lima L. F. Matos
José Pedro Lopes Neto
Entendo, Pedro. Então fica uma dica para que vocês futuramente possam usar a temática na prática. Também pretendo fazer isso em minhas turmas.
ExcluirAbraço.
Parabéns pelo trabalho. Já conhecia algumas formas de trabalhar com HQs em sala de aula, mas após a leitura do texto consegui observar novas perspectivas e métodos que poderão me auxiliar no desenvolver das atividades a serem realizadas com esse tipo de material. Os exemplos utilizados são muito interessantes e nos mostra a variedade de temas que podemos trabalhar utilizando os HQs.
ResponderExcluirAtt,
Heloisa dos Santos Santana.
Olá Allef e José. Parabéns pela pesquisa. Gostaria de saber se as traduções influenciam nas produções pesquisadas e também se influenciam na interpretação das fontes?
ResponderExcluirAna Paula Bührer Gonçalves
Como ávido leitor de quadrinhos, não poderia discordar do potencial pedagógico dos mesmos.
ResponderExcluirDeste modo, gostaria de saber a opinião dos autores em relação ao uso de maneira recorrente de HQ's e Graphic Novel's na educação, pegando como exemplo as obras de Alan Moore Watchmen - que tem grande destaque ao retratar ainda que com traços de ficção o período da Guerra Fria - e V de Vingança - com um ótimo exemplo de anarquismo em seu protagonista e uma boa retratação de governo autoritário. Seria a utilização de obras como estas e outras benéficas para o ensino de história se fosse feita a delimitação entre a ficção e a realidade pelo docente? Ou seria um método de ensino disperso demais?
Sem mais, parabéns pelo excelente texto.
Aguardo ansiosamente a resposta. Atenciosamente,
Josuá Ventura Nobre de Araújo - Graduando em Filosofia pela UERJ.
Quais cuidados recomendaria para o uso de HQ's distópicas que criam realidades alternativas como Watchmen e V de Vingança? Seria recomendado utilizá-las apenas no ensino médio?
ResponderExcluirPriscila Matsushita Ferreira
Muito boa materia. Mas fica a duvida: Quais os principais cuidados a fim de não confundir o aluno quando se trabalhar com quadrinhos? Pois algumas histórias envolvem um misto de realidade com ficção.
ResponderExcluirAline Silva de Camargo
ResponderExcluirComo utilizar os quadrinhos em sala de aula, fazendo com que os mesmos sejam parte integrante do conteúdo e não como meras simplificações ou conclusões de conteúdos?
Por que a maioria das escolas preferem que o professor utilizem apenas textos escritos e não os quadrinhos?
ResponderExcluirComo utilizar os quadrinhos em sala de aula, fazendo com que os mesmos sejam parte integrante do conteúdo e não como meras simplificações ou conclusões de conteúdos?
ResponderExcluirBoa noite
ResponderExcluirNos anos 60 do século passado surgiram os primeiros trabalhos acadêmicos que usavam HQs como fonte. No entanto percebo que mesmo nos dias atuais a academia é resistente em aceitar trabalhos do tipo, como romper com esse tradicionalismo?