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Adriano Rodrigues

ENSINO E APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA: ASPECTOS COGNITIVOS E CULTURAIS
Adriano José Dias Rodrigues
Mestrando em História pela UFG


Introdução
Observa-se atualmente que, apesar das transformações curriculares, o ensino formal de História continua intimamente ligado a construção da identidade e a transmissão da memória coletiva. Em especial, os contemporâneos têm vivenciado esta permanência, após uma época de grandes mudanças estruturais para a história da humanidade.
Em diferentes culturas e sociedades vemos aparecer apelações identitárias, que tentam urdir as suas reivindicações na semente, sempre nutriente, da história. No âmbito de um processo de globalização que põe em permanente conexão cultural, social, econômica e política aos diversos setores mundiais, as comunidades demonstraram diversas maneiras de adaptar-se aos novos desafios desta atualidade globalizada. Mas a apelação à identidade histórica como fonte de legitimidade frente as certas tendências homogeneizadoras do mundo global reforçou e demandou uma aproximação mais profunda sobre seu significado.
O ensino de História tem como objetivo fundamental que os estudantes adquirem os conhecimentos e as atitudes necessários para compreender a realidade do mundo onde vivem, as experiências coletivas passadas e presentes, assim como o espaço no qual desenvolve-se a vida em sociedade. Mas além da transmissão da memória coletiva e o patrimônio cultural, tempos, espaço e sociedade devem ser articulados nas representações mentais dos estudantes para compreender o presente no qual vivem, para interpreta-lo criticamente. Ao longo das últimas décadas o papel moralizante e instrutivo no ensino da História não o deixou ao reconhecimento da sua importante função na formação de cidadãos críticos e autônomos (ROMERO, 2004).
Desde esta nova concepção, o ensino da História não se vértebra já em torno dos personagens, as datas e os acontecimentos significativos do passado. Se pretende que os estudantes compreendam os processos de mudança no tempo histórico e a sua influência ao momento presente, ou seja, que aprendem a pensar historicamente. Se trata de uma importante dimensão que enfatiza os aspectos cognitivos e disciplinares do ensino da História. Da mesma maneira que de outras matérias da Educação Secundária, as Ciências Sociais em geral, e a História em especial, tem um importante papel na formação de capacidades de pensamento e a promoção das capacidades de aprender a aprender dos estudantes. Mas quais competências intelectuais podem ser consideradas características da aprendizagem da História? Quais dificuldades provocam o seu ensino? Quais recursos didáticos podem ser empregados para ensinar e pensar historicamente?
Pensar historicamente provoca múltiplas habilidades, que vem sendo estudadas na literatura, como avaliar provas e interpretações, analisar a mudança ao longo do tempo, raciocinar causalmente, entre outras habilidades de caráter intelectual. Desta forma, importante se faz as duas capacidades fundamentais: a capacidade de compreender o tempo histórico e raciocinar causalmente, por um lado; e a capacidade de avaliar e interpretar criticamente as fontes de informação histórica, por outro lado.
O conhecimento histórico se fundamenta em relatos, mas também em interpretação explicativa dos fenômenos históricos, as suas causas e as suas relações com acontecimentos posteriores.  Frequentemente estas relações não podem ser reduzidas a relações simples entre uma causa e uma consequência. Os fatos do passado são frequentemente intérpretes no âmbito de uma complexa rede de relações causais e motivacionais. Alguns eventos ou condições podem ser explicados em forma aditiva, enquanto outros serão explicados por um critério de simultaneidade (ou vice-versa). Entre outras ocasiões, os fatos históricos se interpretam sucessivamente como sequência à uma série de fatos precedentes e como causa de outros posteriores. Além disso, os ingredientes dos fenômenos históricos não se circunscrevem aos acontecimentos mais sobressalientes ou as ações dos seus personagens. Para compreendê-los é necessário contextualizar estes elementos nas condições estruturais da época, de tipo socioeconômico, político, cultural, entre outros.
Tudo isso explica as dificuldades que os estudantes de diferentes níveis educativos encontram para raciocinar com conteúdos históricos de caráter multicausal. Sabe-se, por exemplo, que os estudantes tendem a simplificar as explicações causais sobre os fenômenos históricos. Esta simplificação pode produzir-se por uma expressão de cercania, ou seja, para atribuir mais importância às causas temporariamente mais próximas que à as mais afastadas, ou por uma tendência narrativa, que destaca os fatores que fazem parte da principal linha de mudança, em prejuízo de outros que tornam mais complexos ou tiram coerência ao relato. Por outro lado, os eventos históricos estão frequentemente protagonizados por indivíduos e grupos humanos cujos valores e motivações desempenharam um papel crucial. A sua interpretação pode provocar diversas dificuldades.
Pode, por conseguinte, ser traduzido na tendência a pensar que um evento, semelhante à outro que em certas circunstâncias produza um determinado efeito, produziria também uma consequência semelhante em outro tempo e contexto.
Finalmente, muitos adolescentes tendem também “a personificar a História” (GONÇALVES, 2006, p. 13), ou seja, atribuem da excessiva relevância às ações ou as intenções dos indivíduos, e encontram mais dificuldades para compreender a influência destas condições estruturais. Esta última expressão causal não se reduz simplesmente superestimar a influência de conhecidos personagens históricos. Se manifesta também quando se atribui motivações ou sentimentos a grupos sociais, instituições e mesmo condições situacionais (ROMERO, 2004).
Outro importante conjunto de habilidades intimamente relacionadas com a aprendizagem significativa da História se relaciona com que é chamado geralmente como pensamento crítico. Dado que a História é construída sobre os valores ideológicos e as visões subjetivas (não há “fatos puros”), é importante aprender a questionar as próprias versões e evidências históricas.
Pensar historicamente supõe, por conseguinte, muito mais que acumular uma informação sobre os fatos que se sobressaíram no passado. Requer também a capacidade de avaliar criticamente as fontes de informação, primárias ou secundárias, e as interpretações ideológicas que inevitavelmente realizamos dos eventos históricos.
Com efeito, “alguns estudos demonstraram que os estudantes têm muitas dificuldades para compreender a natureza interpretativa e subjetiva das explicações históricas” (BITTENCOURT, 2008, p. 45). A este respeito (que poderíamos chamar de objetivação) provém, em parte, de limitações cognitivas dos adolescentes, mas também dos métodos de ensino e a linguagem utilizada nos próprios livros didáticos. É notório que os livros escolares não expõem geralmente dúvidas ou interpretações divergentes sobre um mesmo fenômeno histórico, mas tendem a apresentar os conteúdos de maneira fechada e com tratamento de certezas.
Neste contexto, ensinar a raciocinar e a pensar criticamente se revela como um objetivo complexo, que não se deveria esperar atingir sem um tratamento explícito no currículo escolar e em sala de aula. “Desde certas posições “logicistas” pensava-se que um estudo sistemático e aplicado da lógica formal (através de exercícios de validação de silogismos, por exemplo) poderia reforçar a “competência raciocinadora” dos estudantes” (BITTENCOURT, 2008, p. 24).
Contudo, hoje se tende melhor a importância de formar o raciocínio e a crítica com conteúdo específicos. Raciocinamos melhor quando desenvolvemos estratégias e “esquemas retóricos próprios da disciplina” que permitem-nos conferir um raciocínio a uma estrutura mais clara e mais ordenada), e quando praticamos o debate sobre estes conteúdos específicos. Entre outras, se consegue ajudando os estudantes que descubram o conteúdo ideológico ou os prejuízos implícitos num texto; quem analisem as carências ou as inconsistências na informação, ou os pontos de vista conflituosos que são expostos em várias fontes; quem critiquem a argumentação que sustenta certo autor ou teoria, busquem contra-argumentos e debatem explicitamente em sala de aula.

Conclusão
A análise sobre os aspectos cognitivos e culturais do ensino de História vai além da consciência de implicar o objetivo básico que se esboçou para a construção das identidades. É forçoso que o ensino da História seja voltado para o estudante pensar criticamente. O desenvolvimento deste duplo eixo temático (pensar historicamente e construir identidade) deve abordado, além disso, desde uma visão intercultural e interdisciplinar.
O ensino de História, seja no ensino básico ou no ensino superior, deve ser voltado para o sujeito consciente de seu tempo. De uma consciência histórica que deve ser elucidativa, ou seja, todo fato ou fenômeno pode (e deve) ser historicizado. O ensino de História, portanto, torna-se fundamental no crescimento cognitivo do alunado, pois em tempos ditos pós-modernos, tecnológicos e utilitários, a História torna-se a disciplina mestra das humanidades.
Finalmente, nesta análise, pode-se destacar que o ensino de História não pode repetir os erros dos antigos livros didáticos, os quais os grandes eventos, os heróis e as gestas dos reis são importantes para o estudo. O ensino de História deve ser humanizado e, por conseguinte, dar voz aos atores silenciados na história. Já não se ensina ou aborda fatos e eventos, mas uma abordagem consciente e crítica da natureza das coisas.   

Referências
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
GONÇALVES, Pedro Alves. A Construção da Memória Histórica na Era Global. São Paulo: Coutrix, 2006.
ROMERO, Jair Lopes de Assis. Aprender a Pensar a História. 2. ed. São Paulo: Coutrix, 2004.


20 comentários:

  1. QUAL A IMPORTÂNCIA DESSA METODOLOGIA NO ENSINO-APRENDIZAGEM E SUAS APLICABILIDADES NA EDUCAÇÃO?


    JÁYSON FELLYPE RIBEIRO PRADO

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    1. Pelo que compreendi da leitura, a importância se dar pelo conhecimento adquirido com as transformações do espaço e do tempo histórico de cada acontecimento.

      MARCELO DIAS BEZERRA

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  2. - Concordo com o autor quando ele afirma que “(...) o ensino de História não pode repetir os erros dos antigos livros didáticos (...)”, porém me ocorre uma questão: como promover uma discussão em sala de aula com os alunos se nos depararmos com livros didáticos ou apostilas (comumente nas escolas particulares) que tratam os fenômenos históricos de maneira “(...) fechada e com tratamento de certezas”?

    GUILHERME CYRINO CARVALHO

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    1. Boa noite, anônimo. Identificar essa forma 'fechada de tratamento das certezas' e problematizá-las seria um importante passo para promover um pensamento das subjetividades. Ou seja, é importante a postura libertadora e crítica do professor para poder levar esta abordagem crítica até mesmo do livro. Leandro Karnal no livro "Conversas com um Jovem Professor" defende este tipo de atitude crítica. Segundo este autor, mesmo nesta história das certezas, é possível tirar proveito debatendo sobre o enfoque do livro didático.

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  3. Inicialmente, Adriano, parabéns pela publicação! Um excelente texto, ao meu ver e que traz questões que sempre nos fazemos.
    Desta forma, percebo o ensino de História como uma ferramenta de pensar, coletar dados, conhecer a sociedade atual (suas expectativas e vivências) e contrastar, assim, com o passado. Creio ser isto que devemos de "pensar historicamente".
    E assim, já me apropriando do grifo de Guilherme “(...) o ensino de História não pode repetir os erros dos antigos livros didáticos (...)”, nós historiadores fazemos o papel de construtores dessa História Nova nas salas de aula, desconstruindo antigos conceitos e remodelando a forma de pensar o passado através de instrumentos que nos permitam conhecer mais aquilo que nos propomos a estudar.

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    1. Olá, Jefferson. Precisamos, sim, conhecer mais aquilo que nos propomos a estudar. Este também é um problema da academia; penso que é preciso colocar mais vida, mais vivências e sensibilidades (que nos cerca) em nossas pesquisas. Nosso ofício não deve estar no academicismo deste neo-historicismo-de-releituras-dos-fatos. Talvez nos falta desprendermos um pouco do método que estabeleceu (certificado ocidental) do que é o saber. Penso que isso pode ser mudado na academia, propondo um enfoque que se comunique com as pessoas da rua, da casa, do trabalho; enfim, que seja menos historicista e mais dinâmico-sensível ao que nos cerca.

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  4. Assim como é questionado no texto sobre "(...) Quais recursos didáticos podem ser empregados para ensinar e pensar historicamente?" também questiono sobre quais os recursos didáticos são mais qualificados para o professor fazer uso em sala de aula, além do livro didático, que proporcione ao aluno a capacidade de pensar criticamente os acontecimentos históricos que envolvem a sociedade onde vive?

    ELÂNY RIBEIRO DE OLIVEIRA.

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    1. Olá, Elâny. O próprio livro didático pode ser um ótimo recurso para ser usado de forma diferente. Levar o aluno a pensar sobre os porquês de tais acontecimentos estarem presentes no livro em detrimento de outros. Com tanta tecnologia e opções, parece que temos que escolher entre tantas e isso nos deixa mais inseguros. É muito relativo, mas o uso de fotografias, trechos de filmes, áudios diversos são bem-vindos. Mas o mais importante não é apenas levar a tecnologia apenas para a sala de aula, mas fazer com que esta tecnologia tenha um ganho cognitivo. Este é o nosso desafio.

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  5. Qual é a maior dificuldade do historiador em relacionar a história dos livros didáticos, com a história do dia a dia? e como podemos sair de uma história eurocêntrica dos livros didáticos para uma historia mais perto do real?

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  6. Qual é a maior dificuldade do historiador em relacionar a história dos livros didáticos, com a história do dia a dia? e como podemos sair de uma história eurocêntrica dos livros didáticos para uma historia mais perto do real?
    Desculpas eu esqueci de colocar o meu NOME MAX DE M. PATRIOTA - MACEIÓ -AL

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    1. Olá, Max. Realmente este é nosso desafio. Acho que a dificuldade está numa academia metódica e científica. O primeiro passo, penso, seria uma nova postura. Uma atitude com um olhar para as sensibilidades e aparências do cotidiano. Aparência, vivência, representações. A história não é ciência. É subjetiva, construção, e, como diria Durval Muniz, é tessitura. Trazer este livro didático para uma história mais perto do real seria levar aos alunos enxergar o não-dito, o excluído, as intencionalidades, os silêncios e principalmente as relações de poder que constituem a história oficial. Isso requer um dobramento diante de si mesmo e o reconhecimento das nossas deficiências enquanto ofício. Precisamos aprender mais com a vida ao nosso redor.

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    2. concordo na conjuntura atual fica muito difícil para os professores principalmente de história trabalhar com assuntos não relacionados com a grade curricular, que na maioria das vezes é voltada para o ENEM ou outros vestibulares, perdem o na minha opinião um identidade regional e cultural com este modelo proposto de provas na qual impossibilita ao aluno ver a cultura do seu Estado ou da sua região, ficando a merce do professor em dar ou não o conteúdo. Max Patriota.

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  7. Trazendo essa discussão para a realidade do nosso ensino: A forma que o ensino da história está estruturado e organizado no Brasil, está de acordo com a capacidade cognitiva de cada faixa etária? Seria possível ensinar de forma eficiente com o tempo que nos é dado para cada tema?

    JOYCE DE ARAÚJO E SILVA

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  8. Layana Márcia Carvalho Pereira4 de abril de 2017 às 16:51

    O desafio de envolver os alunos com abordagens mais amplas e completas exige também profissionais com excelente formação. Não é tarefa fácil envolver os alunos num processo mais complexo de ensino da história. Mas o desafio é cativante porque é importante envolver os alunos num processo que embora mais complexo, é capaz de desenvolver nos alunos a capacidade de aprofundar as reflexões sobre os fatos históricos.

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  9. observando, a temática abordada me pergunto como posso num processo desconstrução da educação que vem acontecendo e um conjunto de propensões onde a escola terá sua forma integral, onde fica o propósito do aluno e do professor, de trabalhar e estudar com essa precarização do ensino e da profissão?.

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  10. Parabéns pelo artigo. O pensar crítico passa por empregar e interpretar categorias conceituais, as contradições e a elevação do pensamento a um nível mais teórico. Didáticamente falando, o que você pensa sobre uma reflexão feita por Braudel no livro Gramática das civilizações, onde o autor afirmava que o ensino de história deveria partir das narrativas (na educação Fundamental) e terminar com análises mais complexas (no Ensino Médio)? Como seria um ensino de História crítico para crianças do terceiro ciclo, por exemplo (nível do concreto)?

    Anderson Romário Pereira Corrêa

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  11. 1ª Pergunta: (Marcelo Dias Bezerra).
    Com a nova concepção do ensino de história em torno dos personagens, as datas e os acontecimentos significativos do passado. Pretende-se que os estudantes compreendam os processos de mudança no tempo histórico e a sua influência ao momento presente. O que seria pensar historicamente? Seria no sentido de compreender as transformações no tempo ou a ação do homem no tempo?

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  12. 2ª Pergunta: (Marcelo Dias Bezerra).
    Citando uma parte do texto que diz “o conhecimento histórico se fundamenta em relatos, mas também em interpretação explicativa dos fenômenos históricos, as suas causas e as suas relações com acontecimentos posteriores”. Partindo do ponto que todo historiador é um pesquisador, me gerou duvida questão do texto que enfatiza a fundamentação do conhecimento histórico em relatos, na minha compreensão, claro respeitando a do autor, essa fundamentação teria que ser mais aprofundado, levando em consideração a analise dos vestígios e fatos que seriam os objetos de estudos, servindo como base para essa fundamentação, quando o autor cita relados já estar abrangendo a questão da pesquisa e investigação dos vestígios é dos fatos para tal conhecimento histórico?

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  13. Olá, sou graduanda do curso de História e nas poucas experiências que tive em sala de aula notei um profundo desinteresse de boa parte dos alunos por essa disciplina e para mim isso foi muito preocupante, gostaria de perguntar como fazer com que os alunos realmente se interessem pelo conteúdo de História, que é muitas vezes tido como algo sem importância prática para a vida do alunado (sobretudo os estudantes do ensino básico) ?
    Ass: Ana Maria Oliveira Silva

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  14. Gelsi Elisabete Moresco7 de abril de 2017 às 19:26

    Oi

    Quais seriam as medidas que poderiam ser adotadas para que a criança dos anos iniciais se interessassem mais para os conteúdos de História?

    Gelsi Elisabete Moresco

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